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1.275 cv, 3,1 bar no turbo e tração nas quatro rodas… em um Kadett!

O Kadett foi um dos grandes sucessos da Chevrolet no Brasil: era um carro bonito, espaçoso, com mecânica confiável e versões esportivas para agradar aos entusiastas. Hoje ele é um carro acessível e uma boa opção para quem quer um daily driver razoavelmente potente e talvez até bem equipado sem gastar muito. E os esportivos GS e GSi estão cada vez mais perto de se tornarem clássicos de fato.

Mas de tempos em tempos aparece um project car que subverte a nossa visão sobre determinado modelo. Este Kadett – exemplar alemão com emblemas Opel, é verdade – fez exatamente isto. Se você não tivesse lido o título deste post, diria que trata-se de um monstro de arrancada com motor 2.0 turbo de quase 1.300 cv? Pois é: nem nós.

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É claro que se você reparar nos detalhes, vai perceber que há “algo mais” nesse carro: a suspensão é mais assentada; o para-choque é da versão GSi, modificado com um duto de admissão e um intercooler à mostra, os freios são claramente modificados e os pneus tem todo o jeito de slicks riscados. Mas as dimensões da carroceria são as mesmas de fábrica, não há malabarismos aerodinâmicos e o interior é “completo”, com painel de instrumentos do primeiro Astra (o que chamamos de “belga” no Brasil) e revestimentos nas portas. Embora, verdade seja dita, os bancos do carona e dos passageiros de trás possam ser removidos facilmente, como em qualquer carro.

O caso é que, para quem nos acompanha desde o início, a ideia de um Kadett preparado até a tampa com visual quase original vai lhe soar… familiar. Isto porque em julho de 2014 (quando o FlatOut mal tinha completado meio ano de existência) falamos sobre um Kadett sleeper – um projeto da preparadora alemã WKT, com motor 2.0 turbo X20LE de 700 cv. O hatchback era violento e dava canseira em supercarros como a Ferrari 458 Italia, como você pode relembrar no vídeo abaixo:

Pois bem: ao que tudo indica esta é a nova encarnação do carro, que perdeu os para-choques sem pintura e as setas âmbar que o deixavam com uma cara ainda mais mundana mas, por outro lado, agora entrega quase o dobro da potência.

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O que é absurdo, considerando que ainda se trata de um quatro-cilindros de dois litros que, quando original, não era muito diferente do motor 2.0 16v encontrado em modelos da Chevrolet vendidos no Brasil até poucos anos atrás, como o Astra e o Vectra.

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Os caras deram ao motor componentes internos reforçados (virabrequim, pistões e bielas) e retrabalharam o sistema de admissão e injeção com um coletor de melhor fluxo e corpos de borboleta individuais. O motor é gerenciado por um módulo KMS MD35, com programação feita pela WKT. Mas a estrela do conjunto é uma turbina Precision PT7675 operando a insanos 3,1 bar – não é um apezão treskilimei, mas está quase lá.

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Os números do carro impressionam: 0-100 km/h em quatro segundos cravados, de 100 a 200 km/h em 3,7 segundos e de 200 a 300 km/h em 6,7 segundos. Somando tudo de forma bruta, temos um zero a 300 km/h em 14,4 segundos. Talvez você tenha estranhado o 0-100 km/h mais lento do que as retomadas, mas há uma boa razão para isto: a o câmbio manual (que manteve a carcaça original da Getrag F28, transmissão de fábrica do Kadett) recebeu relações mais longas na primeira marcha, como medida para preservar a transmissão.

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Aparentemente o câmbio foi refeito sob medida pela própria WKT, que também adaptou um sistema de tração 4×4 com diferencial Haldex e a suspensão traseira do Opel Calibra Turbo 4×4, que (infelizmente) foi vendido apenas na Europa. Como a preparadora cita o nome 4Motion, supomos que o diferencial tenha vindo de algum modeloda Volkswagen, mas na prática pode ter vindo de qualquer outro carro com diferencial Haldex. O fato é que a tração nas quatro rodas representa uma vantagem e tanto em provas de arrancada pois, no momento da largada, há tração nos quatro pneus em contato com o solo e frações de segundo preciosas são ganhas ao tirar o carro da imobilidade.

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O Kadett também ganhou um novo sistema de escape todo em inox que torna bem sonoro o Família II fuçado – é sempre bom ouvir um quatro-cilindros cantando assim, com um ronco alto, encorpado e rouco.

Os detalhes da receita são mantidos em segredo pela WKT há anos e, honestamente, faríamos a mesma coisa. Até porque obviamente trata-se de um projeto em eterno andamento, do jeito que a gente gosta – estamos ansiosos para ver qual será a próxima fase do Kadett devorador de supercarros. E também estamos pensando na loucura que é acelerar um carro que chega aos 300 km/h em 14 segundos sem qualquer tipo de gaiola, sem bancos concha, sem cintos de competição e sem equipamentos de segurança.