Perdão, mas o trocadilho era inevitável: de boba, a Boba Motoring não tem nada. A preparadora alemã abraçou a fama que fez com seus Golf Mk1 e Mk2 fuçados ao extremo, sempre com mais de 1.000 cv e capazes de cumprir o quarto-de-milha na casa dos oito segundos, e agora está de volta com mais um de seus monstros. Desta vez é um Golf de primeira geração que, de acordo com seus criadores, é o carro com motor de quatro-cilindros mais rápido da Alemanha no quarto-de-milha. Será mesmo?
É uma pergunta quase retórica, na verdade: mesmo que não seja o fourbanger mais rápido da terra do chucrute, este hot hot hot hot hatch com motor 2.0 16 válvulas turbinado é um dos carros com motor de quatro cilindros mais rápidos do mundo: durante uma competição de velocidade máxima em meia milha (804 metros), o Golf levou 17,853 segundos para chegar a nada menos que 308,359 km/h. É, em termos leigos, rápido pra caramba.
E mais: no resultado impresso, podemos ver que o quarto-de-milha foi cumprido em 12,756 segundos a 251 km/h.
Na verdade, a impressão que fica é que o Golf saiu mal, e que poderia ter sido ainda mais rápido. E poderia mesmo: na descrição do vídeo, o pessoal da Boba Motoring deixa bem claro que aquela foi só a primeira puxada, com o carro acertado para entregar 953 cv – só para o motor “esquentar”. Uma segunda puxada seria feita com o carro em sua capacidade máxima (1.166 cv e 105,9 mkgf de torque) certamente traria este número um pouco mais para baixo. Isto posto, os números das retomadas também são impressionantes: 3,33 segundos no 100-200 km/h, 7,03 segundos no 200-300 km/h.
E por que a nova puxada não foi feita? Porque um dos participantes do evento deixou um rastro de óleo na pista, e a prova precisou ser interrompida.
A esta altura, os caras da Boba Motoring já estabeleceram uma receita meio “padrão”: um quatro-cilindros da família EA827, a mesma do nosso AP, com bloco reforçado, cabeçote de 16 válvulas usinado em CNC de fluxo bem generoso, um enorme turbocompressor Garrett GTX4202 R operando em 4 bar, componentes internos forjados e ECU feita especificamente para o carro pela própria Boba Motoring.
Repare também na flauta de combustível com injetores de alta vazão
O motor é acoplado a uma transmissão DSG de dupla embreagem, que leva a força do motor para as quatro rodas através de um sistema de tração integral 4Motion, também com programação própria. É um conceito simples e eficiente: extrai-se o máximo possível de potência e torque do quatro-cilindros, reforça-se o conjunto de tração e coloca-se tudo sob o controle de uma central eletrônica sem qualquer tipo de restrição.
Bons pneus, bons freios, um bom sistema de arrefecimento e voilà: temos um super Golf. Há um bom motivo para isto: como já dissemos outro dia, em time que está ganhando não se mexe. No caso, o time é um motor com bastante torque em baixa e quatro pneus bastante grudentos para garantir bastante tração no momento da largada.
É claro que a execução é mais complexa, mas ao mesmo tempo o conjunto é tão eficiente que a Boba Motoring fez questão de sequer aliviar peso, deixando no lugar a maioria dos revestimentos internos no lugar, ainda que os mesmos recebam a companhia de uma gaiola de proteção quase superdimensionada. O Golf pesa 960 kg, de qualquer forma – a relação peso/potência é de absurdos 0,83 kg/cv!
Vale lembrar algo importante: ainda que seja bastante parecido, este não é o Golf 16Vampir feito pela preparadora alemã. Repare nos para-lamas mais estreitos e na postura mais contida, no geral. Se você vir este carro na rua, talvez até saque que se trata de um preparado, mas não de um monstro com um quatro-cilindros turbo de 1.166 cv. Já o 16Vampir tem mais “cara” de carro de competição, como podemos constatar neste vídeo de 2014 no qual ele disputa uma arrancada no quarto-de-milha com um Nissan GT-R de 1.300 cv. Recordar é viver:
Já se tornou um clássico
Talvez, talvez, o novo Mk1 da Boba Motoring seja mais do mesmo. Mas, honestamente, e daí? Ver o potencial de um Golf Mk1 com monobloco original ser explorado ao extremo nunca vai deixar de ser legal.