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24 Hours of LeMons: os melhores e mais bizarros carros de 2017

“Brasileiro tem inveja de americano”, costumam dizer. Não acho que temos tantos motivos assim para invejar o pessoal lá de cima, mas sei de um muito bom: as 24 Horas de LeMons, campeonato automobilístico amador que percorre diversos circuitos americanos e conta com a participação de todo tipo de gente e todo tipo de carro, com uma única condição: o orçamento da equipe com o “bólido” não pode passar de US$ 500 (uns R$ 1.600, de acordo com a cotação atual). Isso aí: uma corrida de 24 horas com carros de R$ 1.600.

Claro, a gente também gosta de automobilismo sério, mas há algo irresistível na ideia de transformar o carro mais barato possível em algo capaz de correr por horas a fio e, quem sabe, vencer uma corrida. O que manda, na real, é se divertir construindo e preparando uma máquina única, bizarra, esquisita que, ao mesmo tempo, aguente o tranco. Até porque, nos Estados Unidos, lemon é como são chamados os carros que só revelam seus defeitos depois que já foram comprados — algo parecido com aquilo que chamamos de “bombas” por aqui.

Como contamos neste post, todos os anos são realizadossão cerca de vinte eventos. Eles duram, em média, 14 horas, divididas entre o sábado e o domingo em baterias que duram de seis a dez horas. Contudo, ao menos  uma vez por temporada acontece uma corrida de 24 horas de verdade.

Sendo uma competição para pilotos de fim de semana, acessível e com regulamento bastante liberal, cada corrida conta com centenas de escritos, e não é raro que mais de 100 carros estejam alinhados no grid esperando pela largada. É incrível, considerando que muitas vezes comprar um carro que esteja rodando sem pagar mais de US$ 500 é um desafio por si só. No entanto, a maior parte da graça está mesmo em deixar o seu carro do jeito que quiser sem estourar o orçamento, e os caras dão duro para se destacar na multidão de jabiracas. Não duvide da capacidade do ser humano de amplificar sua criatividade quando os recursos são escassos.

O pessoal do Roadkill, que acompanha as 24 Horas de LeMons desde o início, em 2006, separou alguns dos carros mais legais da temporada de 2017, e nós selecionamos alguns deles neste post. Um aviso: não são carros normais. Na verdade, “normal” é quase uma palavra proibida nesta competição. Duvida? Então onde mais você vai ver uma Kombi que parece tombada de lado, um Corvette com motor seis-em-linha BMW ou uma minivan com motor central-traseiro transformada em picape? Exato.

 

A Kombi tombada de lado

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Você provavelmente lembra do Chevrolet Camaro de cabeça para baixo que já apareceu aqui. Não lembra? Então aqui vai um refresco:

Neste ano, criada pelo mesmo cara que imaginou o Camaro de cabeça para baixo (um gênio maluco que atende por “Speedycop”), a Kombi tombada foi o centro das atenções.

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Quer dizer, não é bem uma Kombi, e sim um VW Golf Cabrio Mk1 com uma carroceria de Kombi tombada encaixada sobre ele.

Telas na dianteira, no teto e no assoalho permitem que se veja de dentro para fora, mas não de fora para dentro, tornando a ilusão mais convincente.

 

O Corvette com motor seis-em-linha BMW

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Normalmente o que a gente vê são pessoas colocando o motor V8 da Chevrolet em qualquer carro – o small block da série LS é o motor AP dos americanos. Só que estes caras fizeram o oposto: retiraram o V8 de um Chevrolet Corvette C3 e colocaram em seu lugar… um seis-em-linha M50 da BMW, do mesmo tipo usado pelo Série 3 E36.

Muita gente duvidou que o carro tivesse mesmo custado US$ 500, mas a verdade é que o Corvette foi encontrado no meio do mato, sem motor, sem assoalho, com suspensão de picape e pneus de 33 polegadas. Os donos da propriedade precisavam limpar o local e concordaram em doar o carro. Já o motor foi comprado junto com um Série 5 E34, que custou exatos US$ 500. Para não estourar o orçamento, a equipe fez todo o resto por conta própria, incluindo a recuperação do assoalho, o swap e a pintura nas cores Motorsport. Uma das abordagens favoritas de quem compete em LeMons é o sacrilégio, e estes caras conseguiram com louvor.

 

Toyota Previa pick-up

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Colocar uma Toyota Prrevia para correr por horas e horas seguidas lhe parece uma ideia estúpida? É porque você só a está enxergando como uma minivan. O que você talvez tenha esquecido é que a Toyota Previa é uma minivan com motor central-dianteiro, câmbio manual, tração nas quatro rodas e motor supercharged… em algumas versões. É praticamente um supercarro com lugar para sete pessoas mais bagagem. Só que não – o motor 2.4 com supercharger oferecido em 1990 não passava dos 160 cv.

 

 

Chevrolet S10 Mad Max

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Quem duvida do potencial de uma Chevrolet S10 na pista esquece que ela tem versões com câmbio manual e tração traseira – sabendo levar, dá até para escorregar as rodas de trás nas curvas. Não satisfeitos com isto, os Warboys (a equipe por trás desta S10) fez dela uma “réplica” (entre muitas aspas) do caminhão Tatra da Imperator Furiosa em “Mad Max: Estrada da Fúria”.

Os caras chegaram ao ponto de usar roupas “idênticas” (novamente, entre muitas aspas) às dos personagens do filme. E o toque final fica pelos dizeres na lateral da caçamba: “I live, I die, I live again!” Pegaram a referência?

 

Meio Lincoln Continental

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Ou melhor: um Lincoln Continental sem a parte do meio. O Continental dos anos 70 é um legítimo representante da época mais opulenta da indústria automotiva americana, originalmente com quase seis metros de comprimento e mais de três metros de entre-eixos. Estes caras decidiram acabar com a porção traseira da cabine, reduzindo significativamente o tamanho da barca.

Detalhe: os caras colocaram um supercharger vindo direto de um Shelby GT500 no motor do Lincoln… que nem por isso deixou de ser um dos carros mais lentos da temporada.

 

Honda Odyssey com carroceria de Ford Mustang (ou seria um Ford Mustang com mecânica de Honda Odyssey?)

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A Honda Odyssey é uma minivan vendida pela Honda nos EUA desde 1994. É um carro conceitualmente oposto do Mustang: tração dianteira, carroceria ampla e prática, origem japonesa. Só mesmo em LeMons, então, para uma Honda Odyssey ser convertida para motor central-traseiro e ainda ceder seu subchassi dianteiro a um Mustang 1967. Ao menos o motor é um V6 de 3,5 litros e 210 cv – que, na verdade, foi a maior fonte de elogios à Odyssey de segunda geração, comercializada nos Estados Unidos entre 1998 e 2004.

 

Um Chevette com motor V6 de S10 – você já não viu isto em algum lugar?

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Nos Estados Unidos, o Chevrolet Chevette não tem a mesma reputação que no Brasil: por lá ele só foi vendido como hatchback, com duas ou quatro portas, e tinha fama de carro para derrotados – às vezes, temos a impressão de que os americanos não sabem curtir a vida. Só que, pelo bem e pelo mal, o Chevette dos States continua sendo um carro pequeno e leve com tração traseira.

Por isso, não nos surpreendemos com a escolha do Chevette para se tornar um bólido de LeMons. E este aqui até foi equipado com um V6 Vortec de 4,3 litros cedido por uma sucata de S10 – uma receita bem brasileira, diga-se. Só isto já vale sua inclusão nesta lista.

 

Uma barraquinha de cachorro-quente (quer dizer, um Suzuki X-90 disfarçado de barraquinha de cachorro-quente)

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Outra criação de Speedycop é esta… barraquinha de cachorro quente? O Suzuki X-90 é um três-volumes de dois lugares com certo apelo off-road, teto targa e motor de 1,6 litro que já foi considerado um dos piores carros do mundo por sua crise de identidade.

O mais bacana desta criação não é apenas o fato de o X-90 ter terminado uma de suas corridas na 48ª posição em um grid com mais de 120 carros, mas também o fato de Speedycop ter usado a barraquinha de cachorro-quente para fazer cachorros-quentes nos intervalos entre as baterias.