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Car Culture

9,8 litros, 1.300 cv e 370 km/h: Big Red Camaro, o muscle car pro-touring mais extremo do planeta

Em 1987, o jovem americano RJ Gottlieb e seu pai Dan decidiram criar o Chevrolet Camaro mais rápido do mundo — um que pudesse vencer qualquer carro em qualquer competição. Nascia ali o Big Red Camaro que, em 27 anos, já morreu, ressuscitou, ficou parado em um museu por anos e retornou triunfante às pistas, onde está até hoje. E acelerando como nunca graças ao motor de quase 10 litros de deslocamento e mais de 1.100 cv — sem indução forçada!

Bem, na verdade o carro que existe hoje é o Big Red II — o original de 1987, dotado de um V8 de 540 pol³ (8,8 litros), foi destruído em um acidente no Novo México no início de 1988, quando já conquistava uma fama razoável. Aconteceu que a dirigibilidade do carro não fazia jus à sua força e, a mais de 320 km/h, ele não era exatamente controlável.

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Por sorte, RJ e seu pai saíram ilesos do acidente — e motivados a construir outro Camaro vermelho, porém ainda mais potente que o anterior e, claro, mais seguro. Se o carro anterior era um Camaro 1969 modificado, a abordagem aqui seria diferente: pai e filho encontraram um chassi tubular de stock car e colocaram a carroceria de um Camaro 1969 sobre ele. Era a melhor maneira de garantir que o carro tivesse manejo à altura da potência planejada. A suspensão foi reposicionada para se adequar à carroceria e o motor foi recuado para melhorar a distribuição de peso.

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O Big Red II nasceu sob algumas condições estabelecidas por seus criadores: não seriam feitas modificações na carroceria — nem mesmo para-lamas alargados —, e a única maneira tolerável de conseguir extrair mais potência seria mais deslocamento, ou seja: nada de turbo ou supercharger. O trabalho no carro novo começou imediatamente após o acidente, e ele recebeu o motor de 540 pol³ de seu antecessor — preparado para produzir 880 cv.

Hoje em dia este tipo de construção é normal, mas na época era revolucionária. E, ao longo das décadas, o Big Red II participou de inúmeros eventos ao longo dos EUA e nunca deixou de evoluir — tornando-se uma das maiores referências em pro-touring na cena americana, tanto que, em termos de chassi, o carro permanece praticamente idêntico ao que era nas décadas de 80 e 90.

Neste vídeo, gravado em 1993, o Big Red II chega aos 370 km/h

Isto significa que ele ainda tem a suspensão dianteira com braços sobrepostos e amortecedores ajustáveis do tipo coilover na dianteira e um setup do tipo 3-link com barra Panhard na traseira — coisa que ninguém fazia em 1989. Os freios são a disco nas quatro rodas (outra revolução na época em que o carro foi feito), com discos de 14 polegadas e pinças de seis pistões na dianteira e quatro pistões na traseira. As rodas BBS Racing  de 18×8” na frente e 18×12” (!) atrás são calçadas por pneus slick Hoosier de medidas 245/40 e 315/40, respectivamente.

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O interior também mudou pouco: bancos de competição, cintos de competição, muito metal exposto e uma grossa gaiola de proteção. O toque de originalidade fica por conta do painel, ainda que este tenha recebido novos instrumentos.

O que impressiona mesmo, porém, é o motor: as 540 pol³ se tornaram 598 pol³ — 9,8 litros! — com um aumento no curso e no diâmetro dos pistões. O bloco da Brodix e os cabeçotes Big Duke são de alumínio, e receberam bielas da Carillo, virabrequim de aço billet e novos pistões, que aumentaram a taxa de compressão para 13.5:1. A lubrificação, claro, é por cárter seco, e a alimentação fica por conta de dois carburadores Brasswell 850fm. São carburadores gigantescos, que exigiram a fabricação de um enorme scoop elevado no capô. RJ e Dan não gostam muito da estética nesta parte, mas sabem que é necessário. O motor é acoplado a uma caixa Liberty, manual de quatro marchas.

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O resultado são impressionantes 1.122 cv a 7.000 rpm e 122 mkgf de torque a 5.500 rpm. Com injeção de óxido nitroso, a potência atinge picos de 1.300 cv! E ele ronca desse jeito:

O carro está em sua fase atual desde 2006, quando voltou para as pistas depois de oito anos parado em um museu — período em que RJ se dedicou a corridas de turismo. E ele voltou com tudo, espalhando sua maldade por todo e qualquer evento de pista e de arrancada em que a dupla de pai e filho pudessem participar.

Em 2012, eles decidiram registrar a história do carro e sua fase atual em um documentário chamado Driving Fast And Taking Chances. O trailer é de maio de 2012, e foi feito com imagens gravadas durante dois anos. Aparentemente o documentário completo ainda não ficou pronto — talvez porque os donos do Camaro ainda estejam ocupados demais deixando todo mundo para trás na pista… ou participando de comparativos com muscle cars modernos, como este, realizado pela revista Hot Rod e que colocou o Big Red frente a frente com o Camaro Z/28:

[ Fotos: Big Red Camaro, Sean Kingelhoefer/Speedhunters, Hot Rod Magazine ]