AFun Casino Online

FlatOut!
Image default
Project Cars

A história do meu Del Rey L 2.0 – Project Cars #535

Por Felipe Leonardo da Silva, Project Cars #535

Olá. Meu nome é Felipe, tenho 27 anos e moro em Jaraguá do Sul/SC. Talvez alguns de vocês já “me conheçam” pois já tive outro PC inscrito aqui no site, meu Opala 1982 com câmbio três marchas na coluna.

Lá no PC#481 eu conto mais sobre como teve início o meu interesse pelos carros, mas em resumo o gosto veio somente quando comecei a dirigir aos 18 anos. Meu primeiro carro foi um Chevette 87, depois o Opala 82. Também compartilhei um Corsa 99 com minha então namorada (hoje esposa), depois um Ka 2007, e atualmente um Clio 2014.

Mas o assunto aqui é sobre outro carro: meu Del Rey L 1989 1.8 (atualmente 2.0).

Comprei o Opala em 2015, e em 2018 havia “concluído” a reforma dele. Ele estava como eu queria esteticamente e a mecânica totalmente confiável para usar sem medo.

Nessa época eu me mudei de Guarulhos-SP para Jaraguá do Sul-SC. Posso dizer que passei a dirigir muito mais o Opala aqui do que em Guarulhos. Em Jaraguá consigo ir para o trabalho e para o centro da cidade, sempre consigo estacionar em locais tranquilos, o asfalto e segurança também são bem melhores.

Os passeios em estradas também acabam sendo muito mais recorrentes por haver diversas cidades interessantes aqui na região para passar um fim de semana ou até um bate volta (tanto litoral quanto montanhas). O maior bate volta até o momento foi quando subimos a Serra do Rio do Rastro em Lauro Müller-SC. Saímos 5h e retornamos pelas 23h30, percorrendo 850km com algumas paradas.

E mesmo com esses usos mais frequentes, o Opala não apresentou nenhum problema. Somente manutenções básicas como troca de óleo, limpezas preventivas no carburador, troca de bateria, fusível queimado, etc.).

Confesso que depois de tanto tempo resolvendo “problemas maiores” do carro, tendo que aprender mais sobre mecânica, procurar peças mais difíceis de encontrar e aprendendo sobre a história do carro, passar a “só” curtir os passeios sem precisar resolver grandes questões começou a ficar meio “sem graça”. Sei que essa afirmação parece coisa de maluco, mas certamente muitos de vocês devem se identificar.

Resultado de refletir sobre a situação: Comprar outro carro para “me incomodar” rs

Nessa mesma época eu havia lido “On the Road” do Jack Kerouac, e depois assisti “Two-Lane Blacktop” dirigido por Monte Hellman.

Ambas as obras retratam aquela coisa do “pegar a estrada sem rumo”, “deixar com que as situações nos levem à outras possibilidades”, “desapegar do material”, “sentir mais a vida”… Certamente isso foi determinante para essa nossa fase mais “viajadora” (pousadas, airbnb, acampamentos e bate-voltas).

Nesse filme há dois personagens principais, “The Driver” (interpretado pelo músico James Taylor) e “The Mechanic” (interpretado pelo baterista dos Beach Boys, Dennis Wilson) e os dois andam num Chevy 55 por várias cidades, apostando arrancadas para ganhar uma grana, mas meio sem rumo.

O filme se passa no início da década de 70, e a aparência desse Chevy 55 é de um carro bem “largado”. Funcional, sem confortos, mas com um desempenho surpreendente (tanto pela preparação mecânica quanto alívio de peso).

Fiquei com isso na cabeça. Cogitei procurar um Opala duas portas meio acabado para montar um projeto nessa ideia. Seria legal um com motor seis-cilindros, mas o custo para manter o usar o carro ficaria mais alto. Tenho experiência de que a manutenção de Opala é tranquila mas não necessariamente barata, então preferi escolher outro carro.

No contexto do filme, era um carro velho, modelo comum, manutenção simples e com mecânica de preparação acessível.

Trazendo isso para uma realidade brasileira, acho que os VW com motor AP são a primeira opção. Pensei em Santana ou Voyage (inclusive meu amigo Luiz teve um Voyage Sport que pude dirigir algumas vezes e era realmente legal), mas o visual dos VW quadrados não me agrada muito, e é relativamente comum encontrar rodando por aí esses carros com algum tipo de preparação mecânica.

Então me lembrei da Autolatina. Foram fabricados alguns Ford com motor AP.

Dentre as opções de sedan duas portas optei pelo Del Rey. “Basicamente” um Corcel, peças fáceis de encontrar (visto que a Pampa foi fabricada até 1997), e com o motor AP eu teria facilidade de manutenção e possibilidades de preparação.

Seria um carro para refazer toda a mecânica, aliviar o máximo de peso possível sem muito trabalho e fazer alguma preparação leve no motor. Um carro em que pudesse ir à qualquer lugar que desejasse, e ainda pudesse dirigir com uma tocada mais “entusiasmada” eventualmente.

Procurei pelos modelos com menos opcionais possíveis e encontrei um anunciado em Rio Negrinho-SC por R$ 3.500,00. Me agradou por ser um modelo L (versão mais básica em opcionais e acabamentos), com motor AP 1.8 álcool, e já com rodas de liga leve de época.

Fui ver o carro pessoalmente, dei uma volta e era o que eu queria: um carro bem “judiado”, mas com documentação toda ok, andando, mas com boa estrutura apesar de muitos pontos de ferrugem. Fechei negócio na semana seguinte.

Para trazer o carro de Rio Negrinho para Jaraguá do Sul seria necessário rodar aproximadamente 60 km passando por estrada de serra. Como o carro estava com dois pneus muito gastos, já comprei um par de 185/70R14 e fiz a troca logo após assinar o recibo de compra e venda. Na primeira abastecida também já trocamos o óleo e filtros.

Meu pai me acompanhou na viagem com o carro dele para uma eventual necessidade de socorro (obrigado Pai!), mas deu tudo certo, ou quase…

O carro claramente precisava de uma revisão geral na parte de suspensão e freios, além de uma regulagem no carburador e ignição. Mesmo em retas mais longas, o carro não passava dos 80 km/h. Mas nada que estivesse oferecendo um risco iminente de acidente ou algo do tipo.

Após o trecho mais íngreme de subida da serra, numa passada de marcha o motor acabou baixando o giro e apagou. Com a ventoinha elétrica do radiador ligada, o motor de arranque não girava o suficiente para fazer o motor pegar.

Tive que parar um pouco no acostamento, esperar a ventoinha desligar para tentar fazer pegar o motor novamente. Certamente o carburador sujo também não ajudou, mas consegui.

Seguimos viagem até que meu pai me liga no celular me avisando que um pneu traseiro havia furado (como estava logo atrás, foi bem visível). Achei estranho não ter percebido diferença no volante, mas encostei e troquei pelo estepe. Depois dessa consegui chegar em casa sem mais imprevistos.

Ali se iniciaram as “incomodações” para ir deixando o carro conforme meus planos, mas vou detalhar isso nos próximos textos.

Sei que pode parecer um pouco absurdo conseguir transformar a ideia de um sedan americano com motor V8 num sedan brasileiro com base num carro francês e com motor quatro-cilindros alemão…, mas vamos lá: atualmente o Del Rey não é um carro antigo que chama tanta atenção quanto alguns outros modelos. Muitos ainda são usados por aí como carros de trabalho e é bem difícil encontrar Del Rey com algum “toque a mais” no desempenho.

E por eu ser meio chato quanto a manter o Opala sempre limpo, evitar estradas muito ruins, barro e afins (apensar de já o ter colocado à prova nesses condições algumas vezes), ter o Del Rey sem nenhum tipo de compromisso com estética, originalidade ou aspecto visual me fez realmente querer ter o carro.

O que no início era só uma ideia, se mostrou realmente bem “libertador” quando comecei a usá-lo sem dó, nem remorso.

Já fomos muitas vezes à lugares de difícil acesso para chegar em algum mirante ou camping, até com os cachorros junto. Carregar qualquer coisa no carro sem preocupação se vai sujar, arranhar, riscar ou molhar… É muito bom!

Na próxima parte vou descrever as manutenções e melhorias realizadas, os alívios de peso, tentativa de deixar o Del Rey com visual mais próximo do Chevy 55 do filme, e as dores de cabeça no caminho. Obrigado pela leitura!