A Toyota Hilux, picape vendida desde 1969, tem fama de indestrutível. E esta é merecida: ela é muito resistente, robusta e capaz de enfrentar condições hostis com valentia. No Brasil, ela começou a ser vendida em 1992, quando estava em sua quinta geração e vinha importada do Japão. Se você nunca andou em uma dessas, provavelmente viu uma dessas – e ela provavelmente estava inteira, e talvez até suja, porque estava sendo usada como se deve usar uma picape.
Mas você sabia que esta mesma picape, com os mesmos motores e praticamente o mesmo visual, foi vendida na Europa… com emblemas da VW e um novo nome? Eis a Volkswagen Taro, a Hilux com sotaque alemão que provavelmente é um dos trabalhos de badge engineering mais simples da história.
As únicas coisas que mudam foram a grade e os emblemas. De resto, é tudo igual: todos os painéis da carroceira, faróis e lanternas, acabamentos e desenho do interior. O único trabalho que da Volks teve, aparentemente, foi pensar em um nome. Tarō, em japonês, é um sufixo que significa, literalmente, “o filho mais velho” ou “primogênito”. Imaginamos que tenha a ver com o fato de a Taro ser a primeira picape média com carroceria sobre chassi da Volkswagen. De certa forma, ela é a antecessora da Amarok – que, ironicamente, é uma das rivais da Toyota Hilux hoje em dia.
No fim de 1988, a Volkswagen e a Toyota entraram em um acordo para vender a Hilux na Europa. Na época, a Volks só tinha a picape compacta Caddy, derivada do VW Golf (assim como a Saveiro era derivada do Gol, porém com entre-eixos e caçamba mais longos), e a versão picape da Kombi, que não era exatamente uma picape média.
Vender uma Hilux rebatizada, portanto, seria uma forma de oferecer uma picape média gastando praticamente nada com seu desenvolvimento, pois ela já estava pronta e era consagrada. Do lado da Toyota, a parceria seria vantajosa para ampliar sua participação no mercado europeu para utilitários de médio porte.
E foi assim que em janeiro de 1989, a Volkswagen Taro começou a ser vendida na Europa. As picapes tinham suas peças fabricadas no Japão e montadas na fábrica da Volkswagen em Hanover, na Alemanha.
De início, o único motor oferecido foi um quatro-cilindros a diesel de 2,4 litros com 83 cv e 16,8 mkgf de torque a 2.400 rpm, acoplado a uma caixa manual de cinco marchas que movia as rodas traseiras. A única versão de carroceria disponível era a simples, cuja caçamba tinha 3,4 metros quadrados de área útil e capacidade de carga de 1.150 kg.
Foi apenas em 1994 que a Volkswagen Taro ganhou novas opções de motor e configuração de carroceria. Foram introduzidos dois motores a gasolina de 1,8 litro e 2,2 litro, ambos com comando no bloco e carburador, o primeiro com 83 cv e o segundo, com 94 cv. Um motor a diesel de 2,4 litros com um novo sistema de injeção, 111 cv e 19 mkgf de torque também passou a ser oferecido.
Além da cabine simples, a Volkswagen Taro ganhou versões com cabine estendida de duas portas e dupla de quatro portas. Em ambos os casos, a tração era integral com reduzida. A suspensão por eixo rígido com feixes de mola longitudinais era mais alta e os pneus, maiores, a fim de aumentar sua capacidade off-road. Nestas versões, a caçamba era menor, com 29 metros quadrados e capacidade de carga de 815 kg. Ambas eram fabricadas pela Toyota em Tahara, no Japão, e exportadas para a Europa já prontas para rodar.
A Taro teve um desempenho apenas razoável nas vendas, visto que havia concorrência interna, formada pela Caddy e pela Kombi, e da própria Hilux, que já era oferecida na Europa. Dito isto, havia quem preferisse uma Hilux com emblemas VW, e uma rápida busca no Youtube mostra que boa parte das Volkswagen Taro segue na ativa, seja atravessando estradas cobertas de neve e percorrendo trilhas difíceis.
A maioria dos registros históricos diz que a Volkswagen Taro foi descontinuada por não atender às expectativas da VW e da Toyota nas vendas. Ainda assim, ela foi vendida por nove anos, de 1989 a 1997. De qualquer forma, a Volkswagen só voltou a oferecer uma picape média em 2009, quando foi lançada a Amarok, vendida até hoje e totalmente desenvolvida pela VW — e ironicamente, camuflada como uma… Toyota Hilux!
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