o automovel por definiçao e uma maquina de transporte seu objetivo teoricamente e transportar pessoas e/ou carga de um lugar a outro e assim que a maioria dos fabricantes se define hoje em dia como provedor de soluçoes de transporte mas voce leitor do flatout sabe que nao e so isso o automovel nunca foi somente isso serve sim para o transporte mas livre das amarras do transporte publico com seus itinerarios inflexiveis seu deprimente ambiente de vagao de gado seu cheiro de resignaçao sofrida o automovel e principalmente o provedor supremo de liberdade individual uma incrivel maquina que nos permite irmos a qualquer lugar a qualquer hora na velocidade e da maneira que desejamos sua prontidao o fato de que ele esta nos esperando agora na garagem para nos tirar daqui e nos levar a algum lugar o faz a personificaçao completa das infinitas possibilidades que a vida nos apresenta ele esta la na sua garagem pronto agora esperando que voce decida onde ir o que fazer como fazer nele voce e o capitao de seu proprio navio senhor de seu destino por isso e uma das poucas maquinas que despertam paixoes alegram a alma e elevam nosso espirito ninguem escreve odes a sua geladeira afinal de contas mas estas qualidades estao presentes mesmo no carro mais mediocre ja criado e nos queremos algo mais que isso para o entusiasta o carro precisa transcender a esta nobre mas basica funçao nos queremos algo que esteja totalmente sobre nosso controle algo com reaçoes rapidas seguras previsiveis queremos estar realmente no comando diretamente sem filtros ou computadores no meio queremos algo leve cuja falta de inercia torne o movimento tao facil tao sem esforço aparente que pareça sobrenatural e queremos claro velocidade muita em abundancia a todo lugar e hora e e porque existe gente suficiente no mundo que quer isso que hoje 63 anos apos seu lançamento ainda pode se comprar um lotus seven zero quilometro nao e mais produzido pela lotus e nao pode ser vendido em todo lugar por causa de algumas leis equivocadas mas ainda assim existe o seven e algo sem par no mundo de hoje um carro pequeno feio esquisito baixo sem portas ou teto que a maioria dos nao iniciados ignora e nao entende quase um inseto insano de olhos esbugalhados que andando na altura das rodas da maioria dos carros modernos e impossivelmente baixo impossivelmente perigoso no evento de um acidente impossivelmente veloz agil e barulhento algo puro sem nenhuma concessao ao conforto ao consumo a ruido e vibraçao nao e a toa que so fala alto para os de nosso credo nao o motorista comum preso em seu suv de cinco toneladas a 22 graus de temperatura falando ao telefone e sem nenhuma noçao do que acontece a sua volta nunca vai entender isso na verdade capaz de nem perceber o treco e passar por cima o que força o motorista do seven a dirigir como motociclista sempre atento aos movimentos sonambulos do resto da populaçao ja repeti isso algumas vezes o seven e a expressao maxima do espirito entusiasta algo que carrega a simplicidade e a inteligencia acima da gloria da fama e do status um carro onde todo excesso todo o superfluo e deixado de fora de proposito por um motivo e nao para ganhar um troco que ao contrario de porsches e ferraris nao se importa em ser desconhecido e desprovido de glamour um carro que poe o prazer e a velocidade acima ate daquela que e a funçao basica de todo automovel o transporte de pessoas subvertendo assim a sua propria logica basica provedor de soluçao de transporte tambem mas muito muito mais que isso de onde veio em 1948 anthony colin bruce chapman era um engenheiro ingles recem formado trabalhando na british aluminium company era tambem um entusiasta de mao cheia piloto amador de consideravel talento e aumentava sua renda como comerciante de carros usados para competir nas populares provas de trial uma prova off road em lama num circuito demarcado numa floresta ou campo onde se marca o tempo individual para terminar o percurso cria o seu primeiro carro um austin 7 modificado coloca nele o nome de lotus [caption id= attachment_250045 align= aligncenter width= 999 ] colin chapman e um seven de competiçao nos anos 1960[/caption] como definir o criador dessa marca hoje famosa claro que nao era uma pessoa perfeita alguns dizem que o oportunista vendedor de carros usados de norfolk nunca foi apagado de sua personalidade se nao tivesse morrido subitamente de infarto em 1982 certamente seria preso por seu grande envolvimento no escandalo financeiro da falencia da delorean fazendo aparecer recorrente lenda de que forjara a propria morte e estaria vivo e bem aqui no brasil mas chapman era tambem um genio movido por grande ambiçao e força interior desde cedo com um sonho de ser um fabricante de carros de competiçao e de rua avido estudante da teoria do automovel descobriu as publicaçoes de maurice olley da gm primeiro engenheiro a por no papel um estudo completo sobre suspensao e comportamento veicular com este conhecimento e sua experiencia como piloto fez suas proprias teorias e revolucionou o mundo das competiçoes antes dele a experiencia de mecanicos era o que contava ninguem calculava nada e tentativa e erro era a norma mas nao fez so isso chapman percebeu o erro basico de projeto dos carros de alta performance de entao motores mais potentes necessitavam de componentes de transmissao mais parrudos pesados e maiores a estrutura do carro ficava maior e mais pesada entao para suportar isso freios precisavam aumentar para dissipar o calor dessa massa toda mas para permitir isso rodas e pneus tinham que ficar maiores e mais pesados pneus maiores significam suspensao mais parruda e caixas de roda maiores aumentando de novo o tamanho e peso do carro um classico circulo vicioso que se o cara nao parar em algum ponto o freio que se lasque fica assim nao termina nunca retroalimentando se ad infinitum simplifique e adicione leveza era o lema de chapman calculando cuidadosamente o tamanho de cada componente fez o caminho inverso manteve o motor pequeno e reduziu o carro ao redor dele menos massa freio menor roda menor e assim por diante se parece obvio e porque chapman tornou tal coisa visivel para todos a 70 anos atras sim nao foi o primeiro a fazer isso mas foi o mais radical e inovador e seu enorme sucesso nas pistas provou que estava certo [caption id= attachment_250046 align= aligncenter width= 999 ] lotus 11 o carro que colocou a marca no mapa [/caption] em 1956 a empresa que começara numa garagem emprestada na casa de amigos era um sucesso de publico e critica o lotus 11 como bugatti e porsche chapman numerava seus projetos nomes aparecendo so mais tarde de competiçao era um sucesso de venda tremendo carregando outra inovaçao de chapman com ajuda do genial engenheiro frank costin para tirar mais velocidade de motores pequenos o baixo arraste aerodinamico mas para se concentrar no futuro elite tipo 14 um revolucionario cupe com monobloco em fibra de vidro descontinua o seu maior sucesso em volume de vendas de entao o lotus 6 o 6 era um pequeno roadster com chassi tubular ainda dependente de componentes do austin 7 que podia ser usado nas ruas e em pistas o que era muito importante nos anos 1950 epoca em que raramente um entusiasta podia ter dois carros na garagem mas entao porque descontinuar um sucesso [caption id= attachment_250047 align= aligncenter width= 999 ] o lotus 6 de 1956 inspiraçao [/caption] mais que dinheiro o que movia colin chapman era a necessidade de ser reconhecido nao queria ser mais um fabricante de kits de carros de fundo de quintal algo abundante na inglaterra por isso sempre se movia para frente e para cima com carros cada vez mais sofisticados o que culminou a sua morte no esprit alem disso era um daqueles engenheiros inovadores sempre interessados apenas no proximo projeto essa historia acabaria aqui se nao fosse uma intervençao inusitada por chapman o conceito morreria ali no improvisado 6 mas a sua esposa nao deixou explico em um domingo ao fim de 1956 os chapman recebiam para o almoço em casa gilbert mac mcintosh e sua esposa mac era entao o braço direito de chapman na lotus e seu fiel amigo depois de um daqueles gostosos e preguiçosos almoços de domingo a conversa obviamente fluia a respeito da empresa seus produtos e seu futuro hazel a esposa de chapman reclamava que achava um erro deixar os compradores de lotus 6 sem substituto a companhia segundo ela nasceu e cresceu com esses pilotos de fim de semana e abandona los era uma maldade estava certa claro [caption id= attachment_250031 align= aligncenter width= 999 ] o primeiro lotus seven de 1957 [/caption] chapman que odiava afazeres domesticos mas adorava falar de carro disse de bate pronto querida se voces cuidarem da louça e da cozinha eu e mac vamos ate minha mesa e vemos se conseguimos bolar algo para substituir o 6 assim fizeram e o que começou como brincadeira evoluiu ate tarde da noite em uma ideia completa e promissora na segunda feira os engenheiros da lotus pobres coitados tinham uma pilha de desenhos calculos e diagramas para decifrar e transformar em um automovel assim nascia o lotus seven ironicamente o mais famoso e iconico produto da mente de colin chapman bolado em uma tarde de domingo literalmente o que e e o que criou chapman naquele domingo ingles de 1957 simplesmente o mais ascetico magro atletico e sensacional carro esporte ja criado carro esporte aqui dito com peso na definiçao original de algo apto as pistas e sem nenhuma concessao ao conforto ou qualquer outra coisa que nao seja velocidade e prazer ao volante criado pelo mais minimalista e preciso dos engenheiros automotivos da historia e um carro absolutamente ideal teoricamente para esta funçao [caption id= attachment_250037 align= aligncenter width= 850 ] o spaceframe do seven simplicidade baixo peso e rigidez [/caption] basicamente o carro e um spaceframe de pequenos tubos de aço soldados formando um bloco extremamente rigido e leve pesando menos de 20kg chapas de aluminio dobradas e rebitadas revestem minimamente este spaceframe e as unicas peças de superficie complexa sao o nariz e os paralamas os farois sao no estilo pre guerra expostos ao vento como olhos de inseto os pneus marcam as quatro extremidades do veiculo e portanto o carro inteiro e nao apenas o motor esta entre eixos imediatamente atras do eixo dianteiro esta o motor e o assento dos dois ocupantes imediatamente a frente do eixo traseiro o carro e extremamente baixo o mais baixo possivel e o motorista senta de pernas esticadas com a busanfa a milimetros do chao normalmente sentado no banco do motorista consegue se espalmar a mao no asfalto as suspensoes nasceram como duplo a na frente e eixo rigido controlado por cinco links na traseira com direçao por pinhao e cremalheira os freios inicialmente eram tambores minusculos lembrem falamos dos anos 1950 mas a partir de 1962 passou a discos nas quatro rodas simples mas genial em concepçao teorica e um carro extremamente leve os primeiros pesando apenas 420kg em ordem de marcha mas um adulto grande nao consegue entrar num carro desses chapman era baixinho afinal de contas e portanto durante os anos veio crescendo um pouco mas ainda hoje a maioria dos caterham seven nao passa de 550kg o caterham seven chapman como sempre esqueceu do seven assim que o lançou e o desenvolvimento ficou a cargo de alguns engenheiros dedicados na empresa um sem fim de motores foi instalado no seven durante sua vida na lotus todos de quatro cilindros em linha inicialmente era um ford 1 1 litro de valvula laterais e apenas 28cv e culminando a partir e 1969 com o motor lotus twin cam derivado do bloco ford de 1 6 litros mas com duplo comando no cabeçote dois webers duplos saindo pelo capo e 125cv [caption id= attachment_250032 align= aligncenter width= 999 ] lotus super seven twin cam ss serie 3 1969 [/caption] este ultimo lotus seven tradicional o serie 3 twin cam ss fazia o 0 100 km/h na casa dos seis segundos desempenho de ferrari e porsche na epoca e numa pista fechada nem haveria chance o seven era o mais rapido carro de quatro rodas perdendo apenas para monopostos de formula mas e claro que a velocidade final era relativamente baixa; a eficiencia aerodinamica nunca foi parte do conceito do seven e mesmo os mais potentes caterham modernos com motores acima de 300cv tem dificuldade de passar de 210 km/h como todo lotus ate os anos 1970 o seven podia ser comprado em kit para ser montado em casa e assim escapar das taxas de carro zero km na inglaterra podia ser montado na fabrica a um preço e imposto bem maior claro mas poucos escolhiam esta opçao obviamente a maioria das vendas era em kit os entusiastas somando o prazer de dirigir o carrinho com o prazer de monta lo com suas proprias maos [caption id= attachment_250040 align= aligncenter width= 999 ] o kit do atual caterham 160 para montar em casa [/caption] apesar de todo o sucesso do seven como sabemos ele estava fora dos planos de chapman que quando entra nos anos 1970 quer para si a mesma gloria e reconhecimento de um enzo ferrari a quem ja derrotara repetidas vezes na formula 1 para isso queria se distanciar de carros como o seven com sua imagem de kit car sem sofisticaçao para chegar no que seria o esprit um supercarro de motor central traseiro com motor lotus os engenheiros responsaveis pelo seven na lotus criam entao a sua revelia uma nova evoluçao do carrinho que seria lançado com o nome de seven serie 4 apesar do relativo sucesso em sua epoca este novo seven que se pretendia mais civilizado com carroceria em plastico reforçado com fibra de vidro e algum cuidado com conforto se mostrou um beco sem saida e e hoje ignorado pelos fas [caption id= attachment_250034 align= aligncenter width= 999 ] o super seven serie 4 de 1970 estilo moderno nao agradou [/caption] ao mesmo tempo em que isso ocorria na sede da lotus em hethel ali perto em caterham no condado de surrey graham nearn ganhava sua vida como um concessionario lotus especializado no seven praticamente todo seu faturamento vinha da venda de kits e da contrataçao de montagem deles e do mercado de sevens usados os carros montados pela sua caterham cars eram mais valiosos no mercado de usados por sua qualidade e carinho na montagem percebendo que sua fonte de renda secaria em breve resolve ir ate a lotus e conversar com chapman o resultado sabemos chapman vende todos os ferramentais e os direitos sobre o projeto para a caterham cars de graham nearn em 1973 este esperto e conhecedor do modelo imediatamente abandona o feio serie 4 reverte o desenho para o mais tradicional da serie 3 e começa a produzir o caterham seven nao uma replica como alguns imaginam mas a continuaçao oficial do projeto original hoje 47 anos depois a empresa continua a faze lo [caption id= attachment_250042 align= aligncenter width= 999 ] fera o atual caterham super seven 620r 310cv ford 2 litros com compressor rootes [/caption] claro que um seven atual nao tem uma peça sequer em comum com o lotus de 1957 mas ao contrario da porsche por exemplo que mantem apenas uma vaga ideia do que era o 911 de 1964 no atual o seven e apenas uma atualizaçao do conceito original para a tecnologia atual o spaceframe e mais rigido maior mais bem feito mas ainda e leve e minusculo as suspensoes hoje sao mais acertadas e a traseira tem varios desenhos disponiveis mas permanece o comportamento perfeito os motores continuam sendo 4 em linha comprados de fabricantes de massa somo a ford mas agora sao modernas unidades com ate 310cv e seguindo a tradiçao de menos e mais do carro recentemente apareceu uma versao basica e barata chamada 160 potencia por tonelada com motor suzuki de 3 cilindros 80cv e rodas aro 13 uma verdadeira volta ao passado uma reediçao moderna do lotus de 1957 num mundo onde tudo se move para cima em preço e complicaçao nao e genial [caption id= attachment_250041 align= aligncenter width= 999 ] simples e genial o atual caterham super seven 160 [/caption] nesse mundo que cada vez distancia mais da direçao humana o seven continua sem assistencia de direçao ou freios como sempre acelerador e por cabo abs e controle de estabilidade e traçao claro que nao hoje como em 1957 sair de um carro normal para um seven e como sair da obesidade morbida e de repente ser capaz de vencer uma prova de triatlo o caterham seven e como uma brisa de ar fresco um atleta em meio a elefantes um simbolo vivo do entusiasmo humano pela direçao um simbolo de uma era que parece desaparecer aos poucos mas que sua propria existencia prova ainda estar viva fique ligado nos proximos dias teremos a segunda parte com os 10 melhores seven da historia onde detalhamos as principais versoes do modelo
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