É fato incontestável que o nome da Porsche é sinônimo de sucesso no automobilismo. O simples ato de listar todos os Porsche que se deram bem nas pistas é quase como convocar um best of dos carros de corrida – 917, 935, 956 e 962, Porsche 911 GT1, Carrera RS, GT2 RS. Isto sem mencionar a popularidade de seus carros de competição vendidos ao público em campeonatos clubsport e track days.
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No entanto, há uma forma de automobilismo na qual a Porsche jamais teve sorte: as corridas de monopostos. Na Fórmula 1, a Porsche até se arriscou na década de 1960 com os Porsche 718 e 804, mas em duas temporadas só conseguiu uma vitória, no GP da França de 1962, e logo abandonou a categoria.
Depois, na década de 1980, a Porsche foi contratada pelo grupo TAG para desenvolver um motor V6 biturbo que substituísse os V8 Cosworth da McLaren. Os motores TAG-Porsche foram bem-sucedidos, ajudando nos títulos de Lauda (1984) e Prost (1985 e 1986) no campeonato de pilotos, e levando a equipe a dois títulos de construtores (1984 e 1985), mas jamais foram usados em um chassi Porsche. Este Porsche tem um motor V6 turbo de Fórmula 1 no lugar do flat-6 – e é simplesmente insano – FlatOut!.
Anos mais tarde a Porsche também forneceu um V12 naturalmente aspirado à equipe Arrows em 1991 – uma temporada desastrosa para o Arrows A11C, que não conquistou um ponto sequer.
Além da Fórmula 1 a Porsche também tentou ingressar na IndyCar, mas também acabou com uma trajetória curta e marcada por decepções.
A primeira incursão da Porsche na Indy aconteceu em 1980, quando a fabricante quase participou “indiretamente” das 500 Milhas de Indianápolis através da equipe Interscope Racing, que pretendia usar uma versão modificada do flat-six turbinado do Porsche 935. A ideia não foi bem-recebida pelo United States Auto Club (USAC), que se opôs ao uso de sobrealimentação, e o plano foi abandonado.
Foi só em 1987 que a Porsche retornou à IndyCar, desta vez com chassi e motor próprios. O chamado Porsche 2708 tinha um monocoque de alumínio e fibra de vidro, e era movido por um V8 turbo de 2,6 litros e 750 cv desenvolvido por Hans Mezger. Naquele ano a Porsche competiu apenas na etapa de Laguna Seca, com o experiente Al Unser ao volante, e não se deu bem. Apesar das altas expectativas, o 2708 era um carro desequilibrado e lento nas curvas – Unser só conseguiu se classificar na 21 posição (eram 24 carros) e abandonou a prova mais cedo por um problema na bomba d’água. Não demorou muito para que Unser decidisse abandonar a equipe.
A Porsche não hesitou em abandonar o projeto original do 2708, adotando um chassi construído pela March e usado desde 1986. Usando o mesmo motor, o novo carro foi batizado Porsche 88P. Mas as coisas não foram muito melhores: o recém-contratado Teo Fabi só conseguiu a nona colocação na primeira corrida, disputada no circuito oval de Phoenix, Arizona, porque muitos rivais tiveram problemas mecânicos. Ele terminou aquela corrida em sétimo, mas não conseguiu manter seu desempenho constante nas etapas seguintes. Na Indy 500, para se ter uma ideia, ele foi o 28º colocado. Para piorar, o piloto de testes Al Holbert morreu em um acidente aéreo em setembro. Sua experiência em circuitos americanos era crucial para os acertos realizados no carro.
Ainda assim, a Porsche continuou seus esforços no ano seguinte. Agora chamado 89P, o carro recebeu modificações nos elementos aerodinâmicos, mas a mecânica continuava a mesma – e ainda era problemática. Teo Fabi abandonava provas constantemente, embora os resultados fossem melhores quando ele conseguia terminar as corridas. Em Phoenix, por exemplo, ele conseguiu a quarta posição; e ainda chegou em segundo no oval do Michigan e no circuito de Road America. Na Indy 500, porém, ele chegou na triste 30ª posição.
Isto posto, também foi em 1989 que a Porsche conseguiu sua primeira (e única) vitória na Indy – as 200 Milhas de Mid-Ohio –, seguida de um segundo lugar em Road America. Foi o bastante para que a Porsche decidisse colocar dois carros no grid na temporada de 1990, que viria a ser sua última na Fórmula Indy.
Com Teo Fabi e John Andretti como pilotos, a Porsche apresentou o monoposto 90P aos organizadores da prova no início do ano. E foi logo ali que as coisas começaram a desandar: com desenho totalmente novo, o carro foi barrado pelo USAC por ser considerado baixo demais e representar alto risco ao piloto em caso de acidente.
A Porsche foi obrigada a usar o 89P novamente, mas o projeto era claramente obsoleto em relação aos rivais – mesmo o motor tinha desempenho mais fraco se comparado aos Judd, Cosworth e Chevrolet usados pelas outras equipes. A temporada de 1990 foi a mais fraca para a Porsche, que subiu ao pódio uma única vez (com um terceiro lugar de Fabi na etapa de Meadowlands, no meio do ano)… e só. No fim daquele ano, a Porsche decidiu abandonar de vez a Indy, e nunca mais voltou.