foto duda bairros ha cerca de 15 dias o possivel fim do autodromo internacional de curitiba voltou a repercutir nas redes sociais em um primeiro momento parecia apenas mais um capitulo de uma novela que se estendia desde 2014 quando surgiram os primeiros rumores sobre o fechamento do autodromo e sua demoliçao para a construçao de imoveis desta vez contudo os rumores tinham um embasamento solido a prefeitura de pinhais/pr onde fica o autodromo havia acabado de realizar uma audiencia publica para debater um projeto de operaçao publica consorciada que transformaria a area do autodromo em um bairro planejado em 2015 tudo o que veio ao publico era que havia 12 propostas de compra e uma delas chegou a ser confirmada resultando em um segundo anuncio do encerramento das atividades do aic ao final de 2016 contudo os proprietarios do autodromo voltaram atras e divulgaram que o circuito continuaria ativo por esta razao o anuncio do bairro planejado no lugar do autodromo acabou surpreendendo muita gente nos ultimos anos os eventos continuaram normalmente mas desde 2016 houve algumas situaçoes que davam indicios de que algo estava errado com o aic as portas das garagens por exemplo foram desmontadas e nunca mais foram reinstaladas ou substituidas em outra ocasiao um oficial de justiça apareceu durante uma etapa do campeonato metropolitano de marcas para reter o dinheiro pago pelo aluguel da pista mas descobriu que o dinheiro havia sido depositado com antecedencia em outra conta isso alem dos relatos de renegociaçoes de valores previamente estabelecidos mudanças nas regras de utilizaçao do espaço para eventos entre outros relatos variados na semana passada quando a audiencia publica ainda estava repercutindo e nao havia o anuncio formal do fim das atividades do autodromo publicamos um panorama sobre a situaçao do circuito traçando uma linha do tempo com base nas parcas informaçoes divulgadas — como disse na ocasiao a inepar antiga proprietaria do autodromo e uma entidade privada entao as informaçoes sobre decisoes sao limitadas ao que e divulgado aos acionistas da empresa por isso havia alguns capitulos faltantes nesta historia para completar esta historia e trazer o panorama completo do que esta acontecendo em pinhais conversei com o pessoal da bairru urbanismo que iniciou a negociaçao de compra do aic em 2017 e atualmente e a proprietaria do terreno e administradora do autodromo desde 2019 o começo como expliquei na outra materia o autodromo internacional de curitiba foi criado em 1967 por flavio chagas em uma regiao razoavelmente distante das duas cidades que hoje o abraçam — curitiba e pinhais esta um distrito de piraquara/pr na epoca nos anos 1970 quando ao autodromo começou a ganhar relevancia nacional ele foi adquirido por jauvenal de oms e fortunato guedes inicialmente socios de chagas que mais tarde compraram a totalidade do circuito os dois evidentemente eram grandes entusiastas do automobilismo [gallery type= grid link= file size= medium ids= 299015 299016 299017 ] a familia de jauvenal de oms e fundadora de uma das maiores empresas da historia do parana com ramo de atuaçao diversificado desde o setor de energia ate construçao e comunicaçoes as industrias eletromecanicas do parana que mais tarde se tornaria o grupo inepar a participaçao de jauvenal tambem conhecido por seu apelido peteco se deu por meio da inepar que portanto era proprietaria de 50% do autodromo ao lado de fortunato guedes depois de uma decada de altos e baixos nos anos 1990 o autodromo foi reformado para uma atualizaçao que lhe garantiu a aptidao de receber provas internacionais como a bpr/gt o wtcc a world series e a tc2000 na epoca o grupo inepar investiu o equivalente a r$ 70 000 000 para esta modernizaçao e aqui começou o problema do circuito investimentos dividas e o retorno que nao veio por volta de 2014 o grupo inepar estava com uma divida bilionaria — o jornal o globo mencionou algo na casa dos r$ 2 bilhoes de reais a operaçao do autodromo aparentemente e aqui volto a condicional porque nao ha informaçoes publicas sobre esta operaçao privada nao era deficitaria pois o custo de operaçao era mantido pelo aluguel da pista para os eventos tradicionais do local — caso da famosa arrancada da força livre realizada desde os anos 1990 alem da stock car formula truck e das ja citadas categorias internacionais bem como track days e outros eventos automobilisticos [caption id= attachment_299009 align= aligncenter width= 826 ] trecho do plano de recuperaçao judicial elaborado pelo banco brasil plural[/caption] o problema para o circuito e que a inepar se viu forçada a iniciar um processo de recuperaçao judicial rj e como o autodromo e um ativo da empresa ele foi obrigatoriamente incluido neste processo o processo foi apresentado em 2015 e ja previa na epoca a alienaçao e venda do autodromo para 2016 na epoca o faturamento anual da inepar era de r$ 1 2 bilhao e a geraçao de caixa anual era de apenas r$ 100 000 000 com debitos de r$ 2 bilhoes evidentemente era impossivel quita los sem um processo de rj na epoca o proprio jauvenal de oms declarou a imprensa que o investimento feito em 1995 ainda nao havia trazido o retorno esperado — o que significa que a reforma da pista fazia parte do prejuizo acumulado da empresa as 12 propostas que jauvenal mencionou a imprensa em 2015 realmente foram feitas e todas elas eram do setor imobiliario interessado no potencial do terreno de pouco mais de 560 000 m² em plena conurbaçao da regiao metropolitana de curitiba exatamente onde a capital paranaense encosta na vizinha pinhais pense na situaçao de sao caetano do sul em relaçao a sao paulo sao joao de meriti e rio de janeiro alvorada e porto alegre recife e olinda etc o aic chegou a anunciar o fim das atividades em 2015 depois em 2016 mas ao final de 2016 os planos de encerramento foram adiados devido a melhora da economia — o que soou estranho afinal se a especulaçao imobiliaria tinha interesse na area a melhora da economia seria o golpe final na sobrevida do autodromo o que ocorreu aparentemente foi a valorizaçao imobiliaria da regiao que tornaria o terreno mais rentavel ao grupo inepar o poder publico tambem teve participaçao nesta historia o aic tinha debitos de iptu e ja nao organizava mais tantos eventos devido a questoes de poluiçao sonora — uma antiga reclamaçao dos moradores da regiao foi assim que o aic perdeu as provas de longa duraçao por exemplo pois foi proibido de organizar eventos que se estendessem ou começassem apos as 17 00 tambem foi assim que a stock car precisou cancelar a etapa de 2019 em cima da hora devido a uma multa de r$ 50 000 devido ao nivel de ruido produzido pelos carros a operaçao que nunca foi muito rentavel se tornava ainda mais onerosa a venda do autodromo em 2017 um ano apos a previsao original de venda do autodromo o terreno foi adquirido pela bairru urbanismo com a intençao de criar um bairro planejado no local o projeto foi encomendado ao celebre arquiteto curitibano jaime lerner que idealizou um bairro aberto com vias projetadas para todas as modalidades de transporte — carros inclusive — moradias comercio centros comerciais instalaçoes do poder publico e um parque alem de instalaçoes que visam preservar a historia do autodromo a empresa diz que o projeto preve a manutençao de parte do traçado original nas novas ruas e no parque que sera construido onde hoje e o trecho sinuoso do traçado alem da construçao de um museu/memorial do automobilismo e adaptaçao da torre de controle como ponto de observaçao panoramico segundo a empresa o valor anual do iptu gira em torno de r$ 600 000 e tinha um debito acumulado de tres anos em 2017 — r$ 1 8 milhao portanto e aqui havia um outro problema como o valor venal do imovel usado pela prefeitura como base de calculo do iptu era de cerca de r$ 100 000 000 abaixo do valor real de mercado a desapropriaçao da area nao era uma opçao possivel segundo fontes extra oficiais o aic ja teve outros periodos de acumulo de debitos do iptu que acabaram negociados e pagos de alguma forma a prefeitura portanto a venda do aic seria uma fonte de receita o que tambem explica a falta de açao do poder publico para manter a atividade automobilistica no local sem um autodromo a prefeitura deixaria de ter um devedor para ter milhares de novos pagadores de impostos — em valores superiores aos devidos pelo aic como a area construida sera maior devido aos condominios residenciais e comerciais e havera maior atividade economica no local a previsao de arrecadaçao com o bairro pronto e de cerca de r$ 40 000 000 por ano — mais de 60 vezes o valor pago anualmente pelo aic — alem dos r$ 150 000 000 de impostos previstos durante o periodo de construçao houve ate mesmo uma iniciativa popular que pretendia apresentar um projeto de lei para o tombamento do aic mas esta alternativa infelizmente nao seria viavel — o tombamento de imoveis que nao geram receita com exceçao das igrejas costuma terminar na deterioraçao do imovel se a modernizaçao da pista exigiu um investimento equivalente a r$ 70 000 000 um novo investimento do tipo seria necessario em breve e na atual conjuntura politico economica do brasil e dificil para uma prefeitura justificar tamanho investimento em algo visto como elitista como sao os autodromos sendo realista o custo financeiro para a cidade e o custo politico para os gestores da situaçao sao algo que ninguem esta disposto a pagar em 2018 o grupo inepar finalizou o pagamento de seus credores e concluiu o processo de recuperaçao judicial o fim jauvenal de oms administrou o autodromo ate sua morte em 2019 seu filho manoel de oms assumiu a gestao no mesmo ano mas morreu meses depois os dois eram os unicos membros da familia envolvidos com o automobilismo e por isso eram os gestores do aic com a morte de manoel a gestao do autodromo passou a bairru urbanismo que o manteve ativo em 2020 e 2021 apesar de ser uma outsider no ramo automobilistico com o projeto do bairro planejado concluido e apresentado a prefeitura e sem interesse em continuar atuando como administradora de autodromos — afinal o terreno foi comprado como investimento imobiliario — o aic continuara funcionando somente ate 31 de dezembro deste ano quando fechara seus portoes pela ultima vez em 2023 iniciam se as obras de reurbanizaçao que serao realizadas em duas frentes com previsao para conclusao da primeira parte em 2027 e a conclusao total do bairro em 2031 conhecendo os dois lados da historia contada pelos entusiastas e pelos envolvidos na compra/venda do aic fica claro que o circuito acabou vitimado pelos problemas financeiros administrativos de seus antigos proprietarios a inclusao do circuito como ativo de uma empresa e o posterior endividamento desta empresa foi a sentença de morte do aic um ativo com valor estimado em mais de r$ 100 000 000 incluido em um processo de recuperaçao judicial de r$ 2 bilhoes representa uma parcela significativa da divida infelizmente o aic foi consumido por uma empresa que endividada precisava de uma recuperaçao rapida para manter seus investidores e impedir sua falencia o que sempre traz consequencias indesejaveis para todo o mercado e as pessoas envolvidas direta ou indiretamente com ela
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