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Será a volta da placa preta?
Agora que a questionável placa Mercosul está efetivamente adotada em todo o Brasil, o Ministério da Infraestrutura abriu uma consulta pública sobre a revisão do padrão de cores das placas para veículos de coleção. Como você deve saber, com o novo padrão, as categorias de placas agora são diferenciadas pelas cores dos caracteres e não mais pela cor do fundo. Com isso, a antiga placa preta deixou de ser preta para se tornar branca com caracteres prateados, uma combinação que só produz contraste para os leitores OCR usados para identificar placas automaticamente.
A mudança, claro, desagradou os antigomobilistas, uma vez que a placa na cor preta era claramente distinta das placas regulares. Além disso, ela tinha um certo embasamento histórico por ter sido a cor das primeiras placas de automóveis brasileiras — se não propositalmente, ao menos casualmente.
Desde a implementação do novo padrão de placas, grupos de antigomobilistas demandam a alteração da placa de coleção, com propostas de design que combinam o mal-resolvido padrão atual com o fundo preto do padrão anterior, como forma de diferenciação mais evidente. A demanda agora chegou ao Ministério da Infraestrutura, ao qual estão submetidos o Contran e o Denatran, os dois órgãos responsáveis pela normatização, regulamentação e execução da legislação de trânsito.
(Leo Contesini)
Tiguan Allspace deixa de ser oferecido no Brasil
A Volkswagen deixou de oferecer no Brasil o Tiguan Allspace com o motor 2.0 TSI. Apesar dos problemas com o fornecimento de semicondutores há alguns meses, a razão para o fim da venda do modelo no Brasil foi a renovação desta segunda geração, recém-lançada no exterior.
A renovação da linha Volkswagen, agora focada nos SUV (ou SUVW como eles estilizam), certamente terá espaço para o novo modelo, que foi reestilizado com a atual identidade visual da marca, trazendo elementos estéticos semelhantes aos do Taos. O espaço para o Tiguan se deve especialmente pelo fato de ele ser um modelo de sete lugares, um segmento que, pasmem, é razoavelmente concorrido no mercado brasileiro.
Por isso, a Volkswagen nos confirmou que está preparando o lançamento do Tiguan Allspace e que esta é a razão para a interrupção da oferta do modelo atual. Resta saber quais serão as versões oferecidas pela Volkswagen na linha 2022. Isso, porque a Volkswagen não parece decidida a trazer o motor 1.5 TSI para o Brasil — este motor foi um desenvolvimento do 1.4 TSI voltado para o controle de emissões sob a regulamentação europeia.
No México, o Tiguan Allspace 2.0 R-Line custa o equivalente a R$ 200.000, o que indica que o modelo renovado poderá continuar na faixa dos R$ 240.000 como era vendido até então. Por outro lado, a Volkswagen pode ainda trazer o modelo 1.4 TSI com sete lugares para competir com o recém-lançado Jeep Commander e com o Chery Tiggo 8, ambos custando na faixa dos R$ 200.000. (Leo Contesini)
O próximo Mazda Miata ainda será a gasolina
Como sabemos, principalmente na Europa, as restrições aos motores de combustão interna no futuro continuam a aumentar. Some a isto o normalmente longo ciclo de vida de cada geração do Mazda MX-5 Miata, e os entusiastas europeus começavam a pensar se a geração atual seria a última a ser oferecida naquele continente.
Mas, novamente, as notícias desta morte foram de novo exageradas. A próxima geração do roadster preferido de 10 entre 10 entusiastas, chamada agora de “NE”, será lançada ao redor de 2024 com motores a gasolina e câmbio manual, segundo a tradicional publicação inglesa Autocar.
O principal salvador aqui é a tecnologia Skyactiv-X da Mazda, basicamente motores a gasolina com ignição por compressão como os diesel, mas gerenciados por fagulha. A Mazda é pioneira em produção com este tipo de motor, chamados spark-controlled compression ignition (SPCCI). “Esta tecnologia pode permitir que alguns Mazdas movidos a gasolina continuem à venda, mesmo que seus respectivos rivais passam a ser elétricos. O MX-5, em particular, é um candidato provável, dado que seus volumes de vendas relativamente baixos têm um impacto insignificante nas emissões médias de CO2 da frota europeia da Mazda.” – diz a Autocar.
Os motores Skyactiv-X á venda hoje todos tem alta taxa de compressão (ao redor de 16:1) e compressores mecânicos (turbo em alguns casos), o que leva a crer que esta configuração será transferida para o Miata também. Alguns deles combinam um sistema híbrido simples (mild-Hybrid) efetivamente substituindo o motor de arranque e o alternador por um gerador-motor que auxilia e gera energia sempre. No Miata, provavelmente o sistema híbrido estará ausente para economizar o peso das baterias extras, baixo peso sempre sendo prioridade nele. O Skyactiv-X também tende a girar menos que os motores a gasolina de potência similar.
Mesmo assim, são boas notícias: a viabilização de um Miata “NE” à combustão interna viabiliza também um carro esporte de verdade para bem além de 2030. E como prever o futuro sempre dá errado, e muito é cíclico nesse tipo de coisa, quem sabe não encontra mais concorrência, num tempo mais adiante? (MAO)
Marcelo Gandini rejeita conexão com o novo Countach
Ao mesmo tempo que aumenta seu tamanho e seu volume de produção, o volume de vendas batendo recorde atrás de recorde impulsionado pelo SUV Anus Urus, a Lamborghini está ultimamente centrada também em reviver o seu ápice no mundo do supercarro: o Countach.
Dá para entender: o risco de se tornar um fabricante de Audi SUV com cara e roupa italiana deve apavorar a marca, que desesperadamente então resolve reviver sua maior criação, e principalmente lembrar todo mundo de sua existência, para se manter relevante. Depois de lançar um “Countach moderno” (na verdade uma série especial limitada, um Aventador/Sián com toques de Countach na aparência, chamada Lamborghini Countach LPI 800-4), a marca também anunciou que está recriando o carro original, o protótipo LP500 de 1971, que nunca foi vendido.
Mas em algum lugar nessa euforia de Countach, alguém aparentemente deu a entender que o projeto do novo Countach teria sido aprovado pelo criador do carro original, o grande Marcelo Gandini. E este veio a público agora dizer que isso não é verdade.
Numa declaração oficial distribuída á imprensa, sua assessoria de imprensa disse: “Marcello Gandini esclarece que não participou e não aprova o projeto, que não deu sua aprovação. Também gostaria de reafirmar que não teve nenhum papel nesta operação e, como autor e criador do projeto original de 1971, esclarece que esta recriação não reflete seu espírito e sua visão. Um espírito de inovação e de quebra de paradigmas que, para ele, está totalmente ausente neste novo design. […]Repetir um modelo do passado, representa na sua opinião a negação dos princípios fundadores de seu DNA como designer.”
O que aconteceu segundo Gandini: conversou por telefone com Mitja Bokert, chefe do departamento de design da Lamborghini, um ano atrás, e os dois discutiram um modelo em escala. Descrito como o “tributo pessoal ao Maestro Gandini” por Bokert, o projeto aparentemente não foi apresentado a Gandini como um potencial modelo de produção em nenhum momento durante a conversa. E ele não deu seu apoio ou aprovação ao projeto.
E aparentemente, agora, achou necessário reiterar sua rejeição à ele publicamente. Que chato. (MAO)
Novos BMW devem ser “ousados e significativos” diz o diretor de Design da marca
Todo mundo sabe quão controversos são os novos carros da BMW. Ainda que o sejam apenas em suas grades gigantescas e sem proporção, a marca parece imune a críticas, corajosamente indo aonde nenhum dentuço jamais foi. Como contamos semana passada, se forma como uma nova tradição de inovação nessa área, iniciada pela rejeição inicial aos desenhos de Chris Bangle nos anos 2000, seguidos por cópia generalizada dele indústria afora.
Mas agora parece que a coragem fraqueja um pouco; parece que se mostrou necessário que o diretor de Design da companhia se pronunciasse. De acordo com o diretor de design Domagoj Dukec, a BMW está embarcando em uma nova era ousada e, embora alguns dos modelos mais recentes tenham causado polêmica, diz que a marca precisa desses designs inovadores.
Dukec usou o recente conceito i Vision Circular como um exemplo de como os designs da marca “devem ser ousados e significativos”. Disse à revista Autocar: “Você pode ser ousado por meio de muitos truques. Todo mundo sabe como tornar um carro atraente, mas se não for significativo, será algo vazio”.
A ideia parece realmente boa, a de negar apenas a repetição do passado em favor ao futuro. Criar novos ícones, e não repetir o que já foi feito. Disse também Dukec: “Nos últimos anos, tem havido muita discussão sobre nossa grade tradicional, principalmente pelos fãs tradicionais da marca. Os fãs nem sempre são clientes, mas queremos que os clientes se tornem fãs. Você não pode apenas projetar para manter seus ícones vivos: você deve criar novos. Por que o Neue Klasse é icônico? Por que as pessoas amam o Hofmeister kink? Porque eram inovadores.” Difícil de criticar esta lógica. E é de se aplaudir a tentativa da marca de fazer algo novo, e a coragem de insistir na visão em meio a críticas, especialmente hoje em dia.
Mas um desenho brilhante não precisa de explicação; alguns reclamam, mas a maioria abraça-o com vontade. Se você tem que explicar demais o motivo de algo ser bonito, pode ser que simplesmente não seja, para a maioria das pessoas. Falar que vai criar novos ícones, no frigir dos ovos, é fácil; difícil é fazê-los.
Inovação é um caminho corajoso e admirável, mas como sempre nesses casos, também perigoso. Apenas o tempo poderá dizer quem estava certo aqui. Veremos. (MAO)