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A volta do BMW CSL
Se você nos acompanha há algum tempo, certamente já me viu criticar a mudança do nome M3 para M4 feita pela BMW só por que ela inventou uma regra de pares/ímpares para cupês e sedãs (que ela mesmo quebra quando faz “cupês de quatro portas”, que são sedãs fastback, na verdade). O título desta nota é um dos motivos destas críticas: a “volta do M4 CSL” não existe.
Porque isso não seria volta alguma, se levarmos ao pé da letra e fingirmos que o M4 é um carro e o M3 é outro. Nunca houve um M4 CSL. O carro que este novo M4 está sucedendo é o M3 CSL E46. Pode parecer implicância minha, mas nomes são importantes. Imagine se, a partir de hoje, sua mãe passasse a te chamar de Elymarsantos só porque, depois de tantos anos, ela decidiu que faz mais sentido…
Pois bem, M4 CSL está trazendo de volta a sigla de Coupe Sport Leichtbau depois de quase 20 anos de ausência. O último deles foi o M3 CSL de 2003, que foi produzido em pouco mais de 1.380 unidades e era 110 kg mais leve que o M3 convencional — o que é uma redução de peso insana para um carro com menos de 1.500 kg originalmente.
Nesta nova geração esperamos ver medidas semelhantes às do M3 CSL como a remoção do banco traseiro, dos isolamentos acústicos, do fundo do porta-malas, mais componentes de alumínio na suspensão, rodas mais leves, bancos de fibra de carbono ou algo do tipo e um salto de potência que poderá levá-lo aos 550 cv.
A única coisa que irá jogar contra a redução de peso — e contra o apelo do nome CSL — é que este novo M4 CSL deverá ser equipado com câmbio automático, que não é leve e nem combina muito com a história da sigla. Mas vá lá… é melhor um CSL imperfeito do que nenhum CSL.
Os detalhes serão revelados daqui a exatamente uma semana; a BMW agendou a apresentação do carro para o dia 20 de maio. O borrão da foto de destaque é o “teaser” do carro, divulgado hoje. (Leo Contesini)
Motorista sem multas poderá ter benefícios com novo cadastro
Há anos eu venho dizendo que o motorista que anda na linha não tem compensação alguma além da própria consciência limpa (que é algo muito valioso, claro).
Como a fiscalização foi automatizada e as máquinas de fiscalizar são limitadas demais para o tanto de infrações que podem ser cometidas, a maioria dos motoristas se preocupa apenas com meia-dúzia delas e o restante é mera sugestão que pode ser ignorada de acordo com sua conveniência (ou consciência).
Mas… agora o Conselho Nacional de Trânsito decidiu valorizar os bons motoristas, aqueles que não são multados (ou não são flagrados…) com o Registro Nacional Positivo de Condutores (RNPC), que foi incluído no Código de Trânsito em abril de 2021.
O negócio funciona como o cadastro positivo do CPF: se você não tiver cometido infrações por 12 meses e estiver cadastrado no sistema, poderá receber benefícios fiscais ou tarifários — o que pode resultar em descontos em pedágios, IPVA, seguro ou locação de veículos, embora os benefícios não tenham sido confirmados e certamente irão variar de acordo com o estado, porque são os Departamentos estaduais (Detran) que têm competência sobre as taxas relativas ao trânsito e transportes.
Os detalhes deverão ser resolvidos em até 180 dias, e o motorista poderá optar se quer ou não fazer parte do registro positivo. A adesão é feita pelo aplicativo Carteira Digital de Trânsito ou pelo Portal de Serviços do Senatran, e o motorista precisa estar de acordo com a possibilidade de seu cadastro ser consultado por qualquer pessoa — ele poderá ser consultado pelo nome completo combinado ao CPF.
Contudo, o motorista que for multado, ou que tiver seu direito de dirigir suspenso, ou com a CNH vencida há mais de 30 dias, ou ainda solicitar a exclusão, deixará de constar no registro positivo. (Leo Contesini)
As novas regras para “carros PCD”
(Ok, eu sei que não existe “carro PCD” e sim “carros para PCD”, mas vocês entenderam…)
Você talvez lembre que, em 2021, falamos sobre como deturparam a lei que concede benefícios para pessoas com deficiência na compra de carros, e como a inflação a deixou desatualizada. Pois bem, em dezembro passado a lei foi alterada para se adequar à realidade atual e para incluir pessoas que tenham autismo. Apesar de estar vigente deste 1º de janeiro, sua regulamentação só foi publicada neste mês de maio.
Com as mudanças, a avaliação da deficiência não será mais biomédica, mas biopsicossocial — que inclui fatores psicológicos e sociais na avaliação como forma de evitar os abusos que vinham sendo praticados até então.
A isenção é prevista para pessoas com deficiência auditiva, física, visual, mental (severa ou profunda) e transtorno do espectro autista. A lei também aumentou o limite de preços dos veículos para isenção do IPI de R$140.000 para R$ 200.000. Todos precisam ser nacionais, com motor de até dois litros de deslocamento e com, no mínimo, quatro portas. (Leo Contesini)
Mercedes-Benz vende o carro mais caro da história
Não existe nada mais constante que a mudança; sei perfeitamente que o mundo em que cresci e aprendi meus valores já não existe mais, e os costumes e o jeito de se viver continua, como sempre esteve, em contínuo fluxo de mudança.
Afinal de contas, não faz muito tempo que engenheiros trabalhavam de terno e gravata em cima de pranchetas gigantes; hoje trabalham em casa de roupão a partir de seus computadores pessoais, as vezes sem tomar banho por uma semana inteira. É o, bem… progresso?
Normalmente aceito bem a mudança, e tento não me apegar muito a tradições que ficam ultrapassadas, mesmo que goste delas. Perder faz parte da vida, afinal de contas, e tudo mais. Mas esta notícia de hoje, devo confessar, me abalou: boatos indicam com cada vez mais força que a Mercedes-Benz vendeu o 300SLR “Uhlenhaut coupe”.
É como o Louvre vender a Mona Lisa. Claro, o retorno financeiro é incrível, mas é uma ofensa ao cerne do que faz a existência da empresa algo importante. Mas de qualquer forma, parece ser um novo recorde de valor para um automóvel: o valor da venda é estimado em US$ 142.000.000.
Praticamente dobra o valor do recorde anterior, os US$ 70.000.000 pagos numa Ferrari 250 GTO em venda privada, e é quase três vezes o maior valor registrado publicamente, US$ 48.000.000 em outra GTO num leilão em 2018. Muito dinheiro, claro. Mas realmente necessário para uma empresa como a Mercedes-Benz?
A apuração da notícia é da Hagerty americana, que cita “múltiplas fontes” confirmando a venda. O vendedor, em nome da Mercedes-Benz, apresentou cerca de 10 colecionadores de carros cuidadosamente selecionados que não apenas eram ricos o suficiente, mas também satisfizeram os rigorosos critérios estabelecidos pela montadora alemã.
A empresa queria garantir que qualquer guardião do carro tivesse o mesmo cuidado e atenção que a Mercedes, além de continuar compartilhando o carro em eventos e não vendê-lo a terceiros.
Acredita-se que os potenciais compradores foram recebidos durante o almoço no Museu Mercedes-Benz, em Stuttgart, com os principais colecionadores voando em jatos particulares no dia 6 de maio. O grande local foi fechado naquele dia para “um evento” e deve reabrir em 15 de maio. A Mercedes-Benz se recusou a comentar os rumores da venda.
O carro em questão é um cupê de rua de uso do lendário engenheiro da empresa, Rudolf Uhlenhaut. É o criador da fama moderna de excelência da empresa, um engenheiro numa empresa de engenharia que moldou a marca como a conhecemos hoje.
O carro é baseado no 300SLR roadster de competição, o mesmo carro que venceu a Mille Miglia em 1955 com Stirling Moss e Denis Jenkinson inventando a navegação moderna no processo. Um carro incrivelmente exótico e avançado para 1955, e que continua incrível hoje: oito em linha DOHC sem molas de válvulas (comando desmodrômico), injeção direta mecânica de gasolina, e um chassi spaceframe leve e rígido com suspensões independentes e gigantescos freios a tambor de alumínio aletado inboard.
O carro de Uhlenhaut tinha teto e portas asa de gaivota como o 300 SL de rua.
A Mercedes construiu apenas dois cupês; um destinado a competição, e o outro para uso pessoal do chefe. O carro vendido parece ser o de Uhlenhaut. (MAO)
Clássicos dos anos 1960 desvalorizam na Europa; os dos anos 1990 continuam a valorizar
O mercado de carros clássicos parece ter novamente entrado em um novo ciclo. Segundo a Hagerty, a janela móvel de valorização de carros ao redor de 30 anos de idade parece estar funcionando como um relógio.
Tomemos como exemplo o Jaguar E-type, um carro parece que sempre esteve valorizando constantemente. O E-type foi lançado em 1962, há incríveis 60 anos atrás. A Hagerty mantém tabelas acuradas de valor de carros clássicos, e indica que na Inglaterra, o preço médio de um cupê E-Type S1 3.8 caiu de £ 89.575 para £ 72.250 nos últimos dois anos.
Para o Aston Martin DB6, outro clássico dos anos 1960, a queda foi ainda mais acentuada: caiu de £ 344.000 para £ 190.500. Pegando cinco exemplos deste tipo, a média de desvalorização é de 13%.
John Mayhead, editor do Hagerty UK Price Guide, disse à Autocar inglesa: “As pessoas que tinham uma conexão emocional com esse tipo de carro e que mantinham interesse neles estão, para ser franco, morrendo. A nova geração de compradores não os valoriza tanto.”
Ao mesmo tempo que isso acontece, preços de clássicos dos anos 1980 e 1990 continuam em alta. Dois exemplos recentes: o Renault 5 GT Turbo, cujo preço médio subiu 93% nos últimos dois anos, e o Porsche 911 da geração 964, em 20%.
A coisa boa é que os carros mais antigos podem, com isso, ficar mais acessíveis e atrair gente que sempre gostou deles, mas nunca pode tê-los. Mas também podem realmente ficar mais esquecidos e relegados à museus: quando foi a última vez que você viu um Ford modelo T andando? (MAO)
Audi Sport Quattro 1984 a venda com menos de 3000 km.
O Audi Quattro original, depois de ter revolucionado completamente as competições de rali no início dos anos 1980, chegava a 1984 obsoleto nessas competições, frente aos carros criados pela Lancia, Ford e Peugeot. Mas ao invés de fazer como esses e criar um carro de competição dedicado (com motor central), a Audi resolveu contra-atacar com uma evolução mais simples de seu carro original. Nascia o Audi Sport Quattro.
Era basicamente um Quattro de entre-eixos mais curto (de 2524 mm para 2204 mm), e um motor mais potente. A máxima evolução do Quattro original, é também a máxima evolução da plataforma B1, a mesma do nosso Passat, e base para o Gol “quadrado”. Mas note que o Sport Quattro tinha entre-eixos menor que o do gol, que mede 2360mm.
E nesse carro curtinho, pendurado na frente do eixo dianteiro estava um motor de cinco cilindros em linha, DOHC 4 válvulas por cilindro, de 2133 cm³. Todo em alumínio, media 79,3 × 86,4 mm, e tinha injeção de combustível Bosch LH Jetronic e um turbocompressor KKK K27.
O motor era ligeiramente menor que o do Audi Quattro normal em termos de deslocamento para se qualificar para a classe de motores de 3 litros após o fator de multiplicação de 1,4 aplicado aos motores turboalimentados em competição. Na versão de rua, o motor dava 306 cv a 6.700 rpm e 35 mkgf a 3.700 rpm; em competição até 500 cv eram possíveis.
É um clássico dos anos 1980, raríssimo, e quando um aparece a venda é sempre um evento. Este carro das fotos é um evento desses, ainda mais impressionante: com apenas 2.785 km rodados, será leiloado no próximo dia 14 de maio em Monte Carlo, na Itália, e promete bater recorde de preço para o desejado modelo. Espera-se que seja arrematado por algo em torno de um milhão de Euros.
Se você quer ser dono do mais bravo “Gol quadrado” de fábrica que já existiu, vá até o e se registre para dar um lance. E boa sorte! (MAO)
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