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Afinal, o que é gasolina formulada? Ela causa danos ao motor do meu carro?

Com os recentes aumentos da gasolina e a busca dos motoristas por mais economia, seja na hora de dirigir ou de abastecer, a gasolina formulada voltou a ganhar destaque — e também voltou a causar dúvidas à maioria dos motoristas. Você talvez tenha visto recentemente que a notícia de que a ANP liberou a venda de gasolina formulada e ficou preocupado com isso.

Mas afinal, o que é a gasolina formulada? É seguro abastecer nossos carros com ela? Ela deve ser mais barata que a gasolina não-formulada?

Para começar a responder, precisamos primeiro entender o que está sendo chamado de gasolina formulada. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP) toda gasolina é formulada pois não se trata de uma substância, e sim de uma mistura de vários tipos de hidrocarbonetos de cadeias diferentes que são destilados e que formam o combustível que chamamos de gasolina. Semanticamente isso está correto. Se você usa uma fórmula para compor a mistura, você está fazendo uma formulação. Estes hidrocarbonetos podem obtidos por diferentes processos, seja em refinaria, central petroquímica ou formulador.

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É aqui que entra a “outra” gasolina formulada. Sim, “outra”, porque o que se convencionou chamar popularmente de gasolina formulada é um outro tipo de gasolina cujos hidrocarbonetos não foram obtidos pela destilação do petróleo, e sim pela formulação de substâncias.

Ela ganhou esse nome, formulada, para se diferenciar da gasolina refinada pela destilação. Geralmente ela é feita de nafta craqueada e outros hidrocarbonetos formulados em petroquímicas para formar uma mistura próxima à da gasolina — além de aditivos e, no caso do Brasil, álcool anidro. Quando você ouve falar em gasolina formulada, é a esse tipo de gasolina que as pessoas se referem.

Apesar de a ideia de formulação ser associada à adulteração do combustível, a prática da formulação da gasolina é permitida e regulamentada pela ANP há cerca de dez anos.

 

Mas ela faz mal para meu carro?

Esta é uma questão controversa. Apesar de ter menor poder calorífico, a gasolina formulada teoricamente não causa danos ao motor do carro. Atualmente a ANP exige que toda gasolina (seja formulada ou refinada) esteja adequada às suas regras de octanagem, limites de impurezas e coloração, o que, em tese, garante alguma qualidade do combustível.

Desde 2015 a ANP deixou de exigir um padrão de densidade da gasolina. É aí que mora o problema. Se a gasolina formulada for densa demais, seu carro irá trabalhar com a mistura ar-combustível rica, ou seja, mais combustível do que ar, o que aumentará o desempenho, mas também o consumo. Se a densidade for abaixo da faixa ideal, seu carro irá trabalhar com uma mistura ar-combustível pobre, ou seja, mais ar do que combustível. Isso ocasiona perda de desempenho e poderá causar detonação, e a detonação poderá resultar no superaquecimento do cilindro além da carbonização dos componentes internos, como válvulas injetoras, válvulas e velas.

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Em algumas cidades e estados existem leis que obrigam os postos a informar se a gasolina oferecida é refinada ou formulada, mas na maioria dos mercados não há nenhum tipo de necessidade de informação. Além disso, como a ANP considera que toda gasolina é formulada, as distribuidoras não precisam diferenciar a gasolina formulada da refinada — ela só precisa estar adequada às regras da ANP — então a informação acaba perdida.

Se você não deseja abastecer seu carro com gasolina formulada,  a recomendação é abastecer sempre em postos de confiança e ficar atento a alterações súbitas de consumo ou desempenho. Ou usar etanol.