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Técnica

Água e cocô: no futuro, sua gasolina poderá ser feita desse jeito

Já faz algum tempo que estamos ouvindo alertas preocupantes sobre o possível fim das reservas naturais de petróleo e sobre como isso coloca em risco o futuro dos motores de combustão interna. Segundo as projeções mais recentes, o petróleo ao qual temos acesso hoje, deverá acabar em 53 anos — o que significa que seremos velhinhos sem gasolina… a menos que alguém invente uma forma diferente de fazer combustíveis.

É exatamente isso que vários cientistas em todo o mundo estão fazendo neste exato momento. Em 2009 um grupo de pesquisadores do laboratório LS9 Inc., de São Francisco, Califórnia, descobriu que . Essas bactérias vivem no intestino dos mamíferos e também são conhecidas como “coliformes fecais”.

Os cientistas usaram um tipo de E. coli geneticamente modificado e as alimentaram com açúcar. A excreção das bactérias resultou em uma substância semelhante ao óleo diesel. O único inconveniente é que uma hipotética produção mensal de hidrocarbonetos feitos de cocô equivaleria à produção diária de petróleo na Venezuela. Ainda assim, é mais rápido que os 100 milhões de anos necessários para transformar dinossauros (ou humanos, caso tenhamos o mesmo destino dos répteis gigantes) em gasolina.

Specialist Jelena Kovalkova works to isolate the Escherichia coli (E.coli) bacteria strain in Riga

A descoberta não foi um fato isolado, e mostra que futuramente os derivados de petróleo podem realmente vir do esgoto doméstico — o que seria a solução sustentável ideal. Isso por que no final de setembro deste ano uma equipe de cientistas britânicos e finlandeses encontrou uma  forma de produzir propano — que é um dos derivados do petróleo — usando essa mesma bactéria intestinal. Segundo os participantes da pesquisa, os cientistas do Imperial College London e da Universidade de Turku, na Finlândia, os estudos ainda estão em fase inicial, mas é possível que em cinco ou dez anos será possível começar a desenvolver um método para produzir combustíveis desta forma. Por enquanto o maior obstáculo é desenvolver um método renovável que seja barato e economicamente viável.

Se você achou esse papo meio nojento e imagina carros soltando o aroma do rio Tietê pelo escape, saiba que há uma outra alternativa não tão sustentável e nem muito ecologicamente correta, mas certamente muito mais limpa. É a produção de gasolina a partir de… água! Sim, H2O, o líquido da vida — e que também vai acabar em um futuro próximo segundo os pesquisadores mais pessimistas (ou realistas, vá saber…).

Os cientistas da Sunfire GmbH, de Dresden, na Alemanha, .

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A técnica se baseia no processo de Fischer-Tropsch, desenvolvido em 1925, combinado com um eletrolisador de células de óxido sólido. Eles são usados para converter eletricidade em vapor. O oxigênio (O) é removido deste vapor para produzir hidrogênio (H). Em seguida, o hidrogênio é usado para reduzir o dióxido de carbono em monóxido de carbono, e o H2 e o CO resultantes são sintetizados em combustível de alta pureza por meio do processo e Fischer-Tropsch. O calor resultante do processo é usado para criar mais vapor, garantindo uma eficiência de até 70%.

O problema é que, por enquanto, o sistema só consegue produzir um barril de combustível por dia, e o mecanismo custou uma cifra na casa dos sete dígitos — milhões de dólares, para ser mais direto. E você ainda precisa convencer as pessoas a usar a água de irrigações, chuva ou de onde quer que seja para transformá-la em gasolina.