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As cinco gerações do Toyota Supra se encontram pela primeira vez

Desde agosto de 2002 que o nome “Supra” não é mais visto na linha de produção da Toyota. Doze anos mais tarde, no início de 2014, surgiu um conceito chamado Toyota FT-1: um cupê esportivo com capô longo e traseira curta, com proporções de grand tourer arrematadas com linhas e recortes agressivos. Depois, começaram os boatos de que aquele conceito era uma previsão do novo Supra. Vieram meses de especulações, que se tornaram anos, até que finalmente, em 2018 a Toyota confirmou: a lenda iria voltar. Desde então o novo Supra já apareceu transformado em carro de competição, foi “flagrado” em testes por várias vezes e teve muitas informações a seu respeito reveladas – mas ainda não conhecemos seu visual definitivo, o interior e nem seus dados de desempenho, ainda.

Semana passada, o carro foi “revelado” em Goodwood… com uma pintura que camufla totalmente os seus volumes. Tudo isso é uma estratégia de marketing meio cansativa para os entusiastas, a gente sabe. E até nos questionamos se isso não tira o impacto do lançamento. Mas ao menos a Toyota decidiu dar um pequeno presente aos fãs do Supra: promover um mini-encontro secreto, reunindo todas as cinco gerações de seu esportivo no mesmo recinto pela primeira vez. Como a quinta geração ainda não foi lançada e só existe na forma de protótipo, obviamente, só a própria fabricante mesmo para conseguir tal façanha.

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O evento aconteceu logo após a estreia do Supra no Goodwood Festival of Speed, que aconteceu entre os dias 12 e 15 de julho. O protótipo da quinta geração, de código A90, subiu a colina camuflado, mas independentemente de qualquer coisa esta foi a primeira aparição oficial do novo Toyota Supra em movimento, na qual pode-se ouvir claramente o seis-em-linha de três litros trabalhando. Também é possível notar que o carro não foi levado ao limite na subida – fora o risco desnecessário, participar em ritmo de competição alimentaria especulações precoces sobre o seu desempenho. Por outro lado, acaba ficando algo meio burocrático…

Vale lembrar que o motor do novo Supra será o mesmo já usado pelos BMW 40i, um 3.0 turbinado de 340 cv, com opção de um mais frugal 2.0 turbo de 265 cv e a possibilidade do GRMN com algo próximo a 400 cv. Estas informações (exceto a do GRMN) foram indicadas em um documento da alemã ZF, que fornecerá seu câmbio automático de oito marchas para o Supra. Tanto os motores quanto o câmbio serão compartilhados com o novo BMW Z4, que será a “versão alemã” do Toyota Supra. Por enquanto, nada se fala sobre câmbio manual, mas nada também exclui a possibilidade.

Em todo caso, a melhor parte da festa foi reservada para um seleto grupo de 84 donos e fãs do Toyota Supra, que foram convocados a uma “locação altamente secreta” no Reino Unido para o tal encontro. Segundo a Toyota, 50 exemplares do icônico esportivo foram reunidos. Naturalmente a maioria esmagadora foi de exemplares da quarta geração (código A80), que foi a única a ser importada oficialmente no Reino Unido, mas também entrou do país de forma não-oficial, como aconteceu com outros esportivos japoneses dos anos 1990 como o Mitsubishi 3000GT, o Mazda RX-7 e o Nissan Skyline GT-R.

A maioria destes carros foi modificada – especiamente nos primeiros anos 2000, com alterações inspiradas no tuning de Los Angeles, na Califórnia, e também nos carros de turismo que competiram em capeonatos japoneses como o JGTC (All-Japan Grand Touring Car Chapionship) e o JTCC (Japanese Touring Car Championship). Detalhe: os carros feitos para o mercado britânico tinham motor mais potente, com 320 cv em vez dos 280 cv dos carros vendidos no Japão, e eram equipados exclusivamente com câmbio manual.

Também foram levados para o encontro três exemplares da terceira geração do Supra (A70), quatro exemplares da segunda geração (A60) e um único exemplar da primeira geração – da qual, de acordo com a própria Toyota, só existem duas unidades no Reino Unido.

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Dito isto, a presença mais importante do evento foi a de Tetsuya Tada, engenheiro-chefe por trás do projeto – que também foi responsável pelo Toyota GT86/Subaru BRZ. Ele conversou com os fãs do Supra e fez comentários a respeito da nova geração. E se há alguém que sabe mais do que todo mundo sobre o carro, este alguém é ele.

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De acordo com Tetsuya Tada, o novo Supra traz linhas inspiradas levemente na geração A80 – o bastante para ser reconhecido como um Supra, porém com identidade própria. Ele diz também que, por conta disto, os fãs mais hardcore do ícone poderão ser bastante críticos – algo que aconteceu com o GT86 ao ser recebido por proprietários e admiradores do clássico Toyota Corolla AE86.

Por outro lado, Tada diz ter orgulho do carro que a Toyota está fazendo, e acredita que o novo Supra será “o carro mais divertido de dirigir da categoria”. Questionado se ele pode ser encarado como um irmão maior para o GT86, ele diz o seguinte:

Akio Toyoda sempre disse que, para ele, a companhia deveria ter três irmãos, com o GT86 sendo o irmão do meio e o Supra, o irmão mais velho. Então, tentamos fazer com que o Supra ofereça uma superioridade esmagadora em todos os atributos. Por exemplo, as pessoas ficaram muito felizes com o fato de o GT86 ter um centro de gravidade baixo, mas o Supra tem o centro de gravidade ainda mais baixo. E sua ridigez estrutural é duas vezes maior que a do GT86.

Na verdade é o mesmo nível de rigidez do Lexus LFA, e conseguimos isto sem usar fibra de carbono para manter o preço relativamente acessível. Foi a coisa mais difícil de conseguir, mas estou satisfeito com o resultado. Quando eu estava na fila para subir a colina em Goodwood, estava rodeado por todos aqueles supercarros incríveis e pensando: ‘Este é de longe o carro mais barato da fila, provavelmente dez vezes mais barato, mas nós fomos os mais aplaudidos!’

As bitolas também são mais largas, claro. Mas muitos poderão se surpreender ao saber que o novo Supra tem entre-eixos mais curto que o do GT86. O carro foi desenvolvido com uma relação específica de entre-eixos e bitolas em mente, e acredito que nós conseguimos encontrar o equilíbrio que estávamos procurando.

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A Toyota faz questão de reforçar o fato de que, apesar de ter uma plataforma desenvolvida em conjunto com a BMW, o novo Supra será um carro bem diferente do Z4, com características de design, dinâmica e desempenho próprias, levando em conta a linhagem do emblemático esportivo JDM. Mas, para Tetsuya Tada, o significado do novo Supra é ainda maior.

Olhando para a indústria automotiva ideal, tudo o que se fala é sobre carros autônomos, motores elétricos e inteligência artificial. Isto leva a muitos regulamentos severos, e isto limita nossa capacidade de fazer carros esportivos mais emocionais; está ficando muito mais difícil fazer algo assim. Então eu acho que o novo Supra vai ser um último presente da Toyota para quem aprecia o ronco de um motor a gasolina puro girando alto.