Dos anos 1970 ao fim dos anos 1990, a indústria tabagista financiou o automobilismo, simples assim. Fumar mata e ninguém deve fazê-lo, mas é fato que o envolvimento as marcas de cigarro com as equipes de corrida foi fundamental para que o o esporte a motor continuasse acontecendo.
Graças ao patrocínio das marcas de cigarro, também surgiram dezenas de pinturas de corrida emblemáticas, lembradas com saudade pelos entusiastas ao longo dos anos. Foi pensando nisso que perguntamos aos leitores: de que marca de cigarro você sente mais falta no automobilismo?
Até a Lancia usou o vermelho e branco da Marlboro, como você pode notar
Nossa sugestão foi a Marlboro, por ser uma das mais conhecidas e por sua participação forte nas campanhas da McLaren e da Ferrari entre 1974 e 2001 (além da Penske, da BRM e de outras equipes no WRC). No entanto, vocês lembraram de muitas outras, e colocamos as melhores sugestões aqui!
Lucky Strike
Sugerido por: Renato Abreu
A Lucky Strike patrocinou a British American Racing, equipe de corrida British American Tobacco, entre 2000 e 2006. Se você já acompanhava a F1 na época, provavelmente vai lembrar dos carros brancos com o círculo vermelho dos “Luckies”, uma das pinturas de corrida mais legais daquela época. A “BAR”, como dizia Galvão Bueno (para não pronunciar o nome da empresa em rede nacional), teve o piloto brasileiro Ricardo Zonta em um de seus carros nas temporadas de 1999 e 2000. O piloto principal foi o canadense Jacques Villeneuve até 2003. Em 2004, Jenson Button assumiu o posto – e foi a revelação do ano, conquistando o segundo lugar no campeonato para a BAR.
Em 2006, a BAR foi comprada pela Honda – que já fornecia motores para a BAR, que contratou Rubens Barrichello e seguiu com Button. Pensando por este lado, o patrocínio da Lucy Strike vinha a calhar: o logo da marca sobre o fundo branco lembrava a bandeira do Japão. Foi o último ano da Lucky Strike como patrocinadora da Honda, visto que as propagandas de cigarros foram banidas mundialmente em 2006.
State Express 555
Sugerido por: Rodrigo Primon Savazzi
A 555 era outra marca da British American Tobacco, e também apareceu de forma proeminente no automobilismo. A categoria, contudo, era outra: o Campeonato Mundial de Rali (WRC), estampando o Subaru Impreza de Colin McRae. Ao volante do Impreza movido por um flat-four turbo que enviava 300 cv para as quatro rodas, o piloto escocês que na dúvida acelerava conquistou três títulos para a Subaru.
A 555 era mais popular do que a Lucky Strike na Ásia, e a cor azul e amarela da caixinha acabou ficando irremediavelmente associada com a Subaru – o look azul-com-rodas-douradas tradicional do Impreza WRX é herança direta desta parceria.
Curiosidade bônus: em 1999, a ideia original da British American Tobacco para a BAR era dar Jacques Villeneuve as cores da Lucky Strike, enquanto Ricardo Zonta ficaria com as cores da 555. A FIA não deixou, estipulando que os dois carros deveriam ser iguais, e com isto a BAR adotou uma pintura dupla: a metade da direita era da 555, e a metade da esquerda, da Lucy Strike.
Na época os fãs não gostaram da combinação, e assim a BAR adotou apenas as cores da Lucy Strike. Dito isto, nas corridas realizadas na Ásia, a BAR usou uma pintura especial com o logo da 555.
John Player Special
Sugerido por: Ricardo Blume
Esta provavelmente está entre as mais icônicas pinturas da Fórmula 1, considerando não apenas as marcas de cigarro, mas todos os patrocinadores. O preto-e-dourado virou sinônimo de Lotus, visto que a equipe britânica foi patrocinada pela John Player Special entre 1968 e 1986, começando com o Lotus 49. É provável que você tenha um carinho especial pelo Lotus 97T que Ayrton Senna pilotou em 1985 e 1986, que conquistou vitórias em Portugal e na Bélgica. No ano seguinte, a Lotus começou a ser patrocinada pela Camel.
A John Player Special também patrocinou a equipe JPS Team BMW, que competia no Campeonato Australiano de Turismo, entre 1981 e 1987. A BMW chegou a vender uma edição especial do 323i com as cores da JPS em 1981 e em 1984.
Mild Seven
Sugerido por: Carlos Eduardo Almeida
A Mild Seven juntou seu azul claro ao verde da Benetton a partir de 1994, ano em que Michael Schumacher conquistou o primeiro de seus sete títulos na Fórmula 1. Em 2000, a Benetton foi comprada pela Renault, mudando seu nome para Renault F1 para a temporada de 2002, mas o patrocínio da Mild Seven continuou. Os dois títulos de Fernando Alonso pela Renault foram conquistados com as cores da Mild Seven.
Hoje em dia a Mild Seven se chama Mevius, e é a terceira marca de cigarros mais fumada do mundo. O nome mudou por questões de legislação: em alguns países, a palavra mild, que pode ser traduzida como “inofensivo”, não pode ser usada para se referir a cigarros. Os Mild Seven tinham este nome porque eram uma versão mais suave dos cigarros Seven Stars.
Winfield
Sugerido por: DartGobbo
Os cigarros Winfield também são fabricados pela British American Tobacco, e também patrocinaram uma equipe de Fórmula 1: a Williams, que até então era decorada com as cores da Rothmans. A decisão foi um tanto controversa, visto que o azul, branco, vermelho e dourado das Williams era extremamente popular entre os fãs, especialmente por causa dos títulos conquistados no início da década de 1990.
Dito isto, o vermelho da Winfield decorou também os Nissan Skyline GT-R que correram no Campeonato Australiano de Turismo entre 1986 e 1992. O GT-R R32 da Gibson Motorsports, equipados com o lendário motor RB26DETT se tornaram ícones ao vencer os 500 Km de Bathurst, no circuito de Mount Panorama, em 1991 e 1992.
Gitanes
Sugerido por: Jek Ykço
Gitanes significa “ciganas” em francês, e também é a marca de cigarros francesa que patrocinou a Ligier por 19 anos, entre 1977 e 1996. No total, a Ligier venceu oito corridas, conquistou 47 pódios e marcou 373 pontos ao longo da parceria com a marca de cigarros, e sua primeira vitória – o GP da Suécia de 1977 – foi a primeira de uma equipe francesa, bancada por franceses, com um piloto francês, em tota a história da Fórmula 1. Jacques Laffite foi o primeiro colocado no Circuito de Anderstorp, ao volante do Ligier-Matra JS7, movido por um V12 de três litros.
A Gitanes também patrocinou protótipos de endurante na década de 1970, sendo que o highlight desta época foi um segundo lugar nas 24 Horas de Le Mans de 1975 com uma versão de competição do Ligier JS2, esportivo de motor central-traseiro equipado com um V8 Cosworth DFV.