Ontem postamos a primeira parte da lista com as melhores cenas automotivas do cinema — feita com a ajuda dos leitores! Mas a sétima arte é muito prolífica e uma parte não foi o suficiente para mostrarmos todas as cenas matadoras que vocês sugeriram. Portanto, recline a cadeira, pegue a pipoca e venha com a gente!
Identidade Bourne (The Bourne Identity, 2002)
“Um Golpe à Italiana” nos ensinou, em 1969, que o Mini Cooper clássico é o carro perfeito para fugir da polícia no meio da cidade graças a seu tamanho diminuto e à configuração de motor dianteiro tranversal e tração dianteira, que o tornam ágil e fácil de manobrar. Sendo assim, “A Identidade Bourne” aprendeu a lição direitinho, como fica claro nesta perseguição protagonizada por Matt Damon pelas ruas de Paris. O filme, baseado no romance homônimo de Robert Ludlum, deu início a uma das melhores trilogias policiais do cinema recente.
À Prova de Morte (Death Proof, 2007)
Já destrinchamos todo o código automotivo de Death Proof em nosso especial sobre Quentin Tarantino (confira aqui!) e, no universo complexo em que se ambientam todas as obras do diretor, o filme estrelado por Kurt Russell é o mais gearhead de todos eles. Sua cena mais icônica — pelo menos para quem curte carros — é, sem dúvida, a perseguição entre o Dodge Charger preto do anti-herói Stuntman Mike e o Challenger branco das garotas (influência de “Corrida Contra o Destino”/Vanishing Point) que, mais tarde, dão um jeito de se livrar cara.
Os Irmãos Cara-de-Pau (The Blues Brothers, 1980)
“Os Irmãos Cara de Pau” são caras descolados, que têm uma banda de rythm and blues, habilidade ao volante e muita, muita sorte para escapar dos policiais em sua viatura velha — o Dodge Monaco 1974 que eles chamam de “Bluesmobile”. E é a capacidade do Bluesmobile de desafiar a física que salva a pele de Jake e Elwood Blues nesta cena épica, onde o carro dá um backflip depois de quase cair da ponte levadiça. E a cena foi filmada em uma ponte real, sobre o rio Calumet na cidade de Chicago.
Corrida contra o destino (Vanishing Point, 1997)
O Vanishing Point original, de 1971, estrelado por Barry Newman, é um clássico absoluto, mas a cena votada por nossos leitores é de seu remake de 1997. Ele traz no papel principal Viggo Mortensen (o Aragorn da trilogia “O Senhor dos Anéis”) e uma perseguição eletrizante entre o Challenger branco do anti-herói e o Charger preto dos azarados policiais — porque “é preciso de um Mopar para pegar outro Mopar”. O filme de 1997 pode ser, segundo a crítica, bem inferior ao original em quase todos os aspectos, mas a perseguição é uma daquelas que fazem valer o filme.
60 segundos (Gone in 60 Seconds, 1974)
A playlist acima traz as três partes da perseguição
O “60 Segundos” original está em uma situação semelhante à de “Corrida Contra o Destino”: hoje em dia, o filme mais encontrado é o remake moderno, lançado em 2000. Contudo, o original de 1974 é um clássico cult, adorado pelos entusiastas graças aos quatro Mustang Mach 1 1971 que fazem o papel de Eleanor. O filme é um projeto independente e foi dirigido, produzido e estrelado por H. B. Halicki, e seu ápice é a perseguição de quase 40 minutos que sucede o roubo da quarta Eleanor. A perseguição não teve script — a única condição era que a polícia não conseguisse capturar o chefe da quadrilha. Na cena improvisada, algumas coisas davam errado mas a equipe continuava filmando — no final, 93 carros foram destruídos. Épico.
Bullitt (1968)
“Bullitt” dispensa comentários, mas nós vamos comentar mesmo assim. A perseguição entre o Mustang verde “Highland Green” do detetive Frank Bullitt (Steve McQueen) e os bandidos em um Dodge Charger preto pelas ruas de São Francisco é tão épica e convincente que a impressão que fica é que todo o resto do filme foi só uma desculpa para que a equipe pudesse filmar a perseguição.
O Mustang só tinha quatro anos de lançado, e o filme ajudou a catapultá-lo ao status de ícone. O carro usado no filme tinha um V8 390 de 330 cv e estética sem firulas, com emblemas e frisos cromados removidos, rodas Torq Thurst, faixa preta na traseira e outras modificações (veja mais sobre a receita do muscle car em nosso post especial sobre ele), e acabou sendo homenageado pela Ford com duas séries especiais do Mustang, uma em 1999 e outra em 2008.
Mad Max (1979)
O primeiro filme da trilogia pós-apocalíptica Mad Max nos apresenta a uma Austrália distópica, onde faltam energia e suprimentos e onde a lei e a ordem são meras lembranças. O membro da Main Force Patrol Max Rockatansky (Mel Gibson) é um dos poucos que se preocupam com a manutenção da paz, perseguindo gangues de motociclistas que atormentam a população do deserto com seu V8 Interceptor, um Ford Falcon XB GT supercharged equipado com uma sirene no painel, kit aerodinâmico e um visual totalmente badass (saiba tudo sobre ele aqui!).
Mas é a cena inicial do segundo filme, Mad Max 2, que nos apresenta o protagonista como um justiceiro solitário em um mundo caótico, ao volante de seu Interceptor (agora todo sujo e destruído), com um fiel escudeiro canino e uma expressão gélida no rosto mesmo em situações extremamente delicadas — característica adquirida depois de tanto tempo de operação. Sem ouvir uma palavra, compreendemos em minutos tudo o que Max se tornou: um verdadeiro guerreiro das estradas. Não foi à toa que o filme acabou posteriormente conhecido como Mad Max 2: The Road Warrior.
Os Gatões (The Dukes of Hazzard, 2005)
The Dukes of Hazzard, o filme, é baseado na série de mesmo nome da década de 80 e traz uma história bem parecida: os primos Bo (Seann William Scott, o eterno Stifler de American Pie) e Luke Duke (Johnny Knoxville, da trupe de Jackass) usam um Dodge Charger 1969 laranja como meio de transporte e de ganhar a vida, contrabandeando bebidas e disputando corridas locais.
“Os Gatões” é um dos poucos filmes onde o Charger não é preto e nem o carro do vilão, e sim uma máquina laranja com a bandeira dos Confederados no teto e totalmente feita para curtição. E eles curtem muito mesmo, como mostra este cena épica de uma volta rápida no meio da floresta, com Bo de olhos vendados, antes de saltar sobre um monte de terra rumo ao infinito.
Perfume de mulher (Scent of a Woman, 1992)
Diferentemente de quase todos os outros filmes desta lista, Scent of a Woman não traz ação, perseguições ou tiroteios. Ele é um drama sobre um jovem estudante, Charlie Simms, que aceita um emprego temporário como assistente de um veterano de guerra cego, Frank Slade — representado brilhantemente por Al Pacino. Em uma das cenas, Simms sugere que Slade faça um test drive em uma Ferrari, mais precisamente uma Ferrari Mondial T cabriolet, com motor V8 de 3,4 litros e 300 cv.
Seguindo as instruções de Simms, Slade consegue dirigir a Ferrari pelas ruas de Nova York e simplemente ama a experiência — ainda que sua empolgação no acelerador acabe atraindo a atenção de alguns policiais que, por sorte, não descobrem que ele não enxerga. A expressão no rosto de Al Pacino é tocante e a cena é um clássico entre os fãs de cinema e Ferrari por isto — mesmo que a Mondial não seja uma das favoritas dos fãs do cavallino rampante.
Loucuras de Verão (American Graffiti, 1973)
Dirigido e escrito por George Lucas, American Graffiti é baseado em suas experiências na juventude e conta a história dos jovens recém saídos da escola Curt Henderson e Steve Bolander, John Milner e Terry “The Toad” Fields, que se aventuram pelo universo teenager de Modesto, Califórnia, no início da década de 60. Nessa transição de adolescentes para adultos, Curt e Steve participam de rachas e cometem pequenos crimes, envolvendo-se com garotas e arriscando suas vidas nas noites californianas.
A cena mais marcante do filme é, sem dúvida, a arrancada na chamada Paradise Road, ao anoitecer. O Ford ’32 “Deuce Coupe” amarelo de Milner vence o Chevy ’55 de Falfa — que acaba escapando da rota, capotando e acabando em chamas. O filme ainda tem duas curiosidades bem interessantes para o universo gearhead: a primeira delas é que dois dos Chevrolet ’55 usados em American Graffiti vieram das gravações de outro clássico do cinema gearhead, Two Lane Blacktop. A outra, é que Steve Bolander, o garoto ruivo do filme, é interpretado por ninguém menos que Ron Howard, o diretor de “Rush – No Limite da Emoção”.