Na semana passada, mostramos aqui no FlatOut um VW Golf Mk4 que trazia um V10 Lamborghini — capaz de entregar 1.500 cv — atrás dos bancos dianteiros. Era um projeto bem bacana, mas talvez fosse meio extremo demais levando tudo em consideração. Hoje, vamos revisitar esta ideia — desta vez, porém, com um apelo mais próximo da realidade: um Golf Mk1 com um V8 Audi central-traseiro!
Bem, dissemos que é mais próximo da realidade, mas isto não significa que não seja incrível! Aliás, se a gente tem certeza de que um Golf Mk1 já é o sonho de muitos entusiastas que estão lendo isto aqui (afinal, os fãs dos modelos mais antigos da Volks são bem numerosos no mundo todo), só podemos imaginar que um V8 movendo as rodas de trás torna este clássico ainda mais desejável. Estamos errados?
O Golf é obra da preparadora canadense DM Motorsport, especializada, veja só, em carros da VW e da Audi. Sendo assim, eles foram a escolha certa para Frederic Calve, o dono do carro, que decidiu colocar um V8 Audi de 4,2 litros em seu Golf Mk1 depois de ouvir o ronco do motor em um S4 que passou por ele na rua. É, certas decisões são tomadas assim, de repente.
O motor V8 é encontrado nas gerações B6 e B7 do S4, fabricadas entre 2003 e 2008. Com 4,2 litros de deslocamento, bloco e cabeçote de alumínio e comandos duplos (variável nas válvulas de admissão), o motor entrega respeitáveis 344 cv a 7.000 rpm e 41,8 mkgf de torque a 3.500 rpm. A transmissão podia ser manual ou automática, ambas de seis marchas. No Audi S4, o conjunto era capaz de levar o carro até os 100 km/h na casa dos cinco segundos, com máxima limitada eletronicamente a 250 km/h.
Imagine, então, de que o motor seria capaz em um carro menor e mais leve como o Golf Mk1! Aliás, não precisa ficar só imaginando. Olha só:
Depois de conseguir um V8 Audi, a DM Motorsport fabricou um subchassi traseiro que, além de melhorar a rigidez estrutural da região, fornece todos os pontos de suporte para o V8 Audi — além de permitir acesso fácil a todo o conjunto mecânico apenas desapertando alguns parafusos. O subchassi é integrado a uma gaiola de proteção completa, construída seguindo os padrões da FIA.
O negócio era fazer um carro funcional, capaz de colocar toda a potência no chão sem necessidade de dezenas de ajustes finos. Assim, além de manter o motor e o câmbio totalmente originais (salvo a alavanca de engate rápido para a transmissão), a DM Motorsport decidiu transplantar para o Golf toda a suspensão de um Porsche 911 GT2 da geração 996 — molas, amortecedores e braços de controle vieram do esportivo de Stuttgart.
Da Porsche também vieram boa parte dos componentes do interior — que, sendo este um carro aliviado, nem são tantos assim: bancos, painel e quadro de instrumentos vieram de diferentes gerações do 911, mas tudo combinou surpreendentemente bem com o lado de dentro do compacto alemão.
Como não poderia deixar de ser, freios, rodas e pneus também passaram por um belo upgrade: as rodas são BBS de 17 polegadas calçadas com pneus Toyo Proxes R1R de medidas 245/35 — e são tão largas que exigiram enormes alargadores (feitos de metal!) nos para-lamas. Sob elas, discos de freio maiores com pinças Porsche. O stance do Mk1 lembra aqueles compactos que sobem montanhas na Europa, não é?
Apesar da quantidade de borracha, Frederic diz que o carro ainda não está totalmente apto a colocar toda sua força no chão. Claro, o tanque de combustível selado na dianteira ajuda a colocar um pouco de equilíbrio no conjunto, mas ainda faltam alguns ajustes para que o Mk1 deixe de ser uma máquina de fazer fumaça e passe a ser uma máquina de fazer curvas.
É o tipo de projeto que nos faz ficar pensando em alternativas brasileiras. Será que alguém tem colhões para fazer algo parecido em um Gol de primeira geração?
[ Fotos: VW Vortex ]