Aqui vamos nós com mais uma edição do Best Of Project Cars, onde relembramos os projetos concluídos que passaram pelas páginas do FlatOut. Na edição de hoje, veremos o Citroën C4 VTS do leitor Cesar Leal, um dos raros exemplares que aportaram por estas terras, e que recebeu uma leve preparação para track days.
O início
A história começa em 2004, quando Cesar comprou seu primeiro Citroën, um Xsara 1.8 que acabou preparado com componentes do modelo 2.0 VTS e foi usado em provas de subida de montanha. Depois ele ainda comprou um C4 VTR e um Xsara VTS, até que um dia foi avisado por seus amigos que um dos poucos exemplares do VTS no Brasil estava a venda em Caxias do Sul/RS. Na ocasião ele lia novidades diárias sobre o carro publicadas por seus colegas de fóruns, e tentando não melar o negócio de ninguém, acabou aguardando sua vez de negociar o carro.
Meses depois, quando o C4 VTS já havia sumido do radar, Cesar estava a trabalho em Caxias e, por acaso, passou em frente à loja onde o carro estava anunciado. Meia volta, entrou na loja e pediu para ver o carro. No mesmo dia Cesar levou o carro à oficina de um amigo na região e nem deixou o carro voltar para a loja. Arrematou ali mesmo e levou o esportivo para casa.
Infelizmente o carro não estava 100%, mas seria fácil deixá-lo como ele deveria estar: faltavam os faróis direcionais originais, o sensores de alerta de mudança involuntária de faixa, e os sensores de estacionamento estavam desconectados, bem como o botão do controle de estabilidade. Ah, e a pintura também estava um pouco mal cuidada.
Os primeiros reparos
Para começar a rodar com o carro, Cesar fez uma primeira revisão geral, trocando os discos e pastilhas de freio, correia de sincronização do motor e a correia de acessórios, religou tudo o que estava desconectado. Depois o carro foi abastecido com gasolina pódium e foi enviado à autorizada Citroën, onde o carro passou pelo recall anunciado pela fabricante (troca da manta de isolamento do capô) e fez a atualização da ECU, apagando também dois códigos de erro dos sensores desconectados.
Em seguida começou a busca pelas peças faltantes: os faróis direcionais vieram de um C4 VTR batido na traseira, e os sensores de mudança involuntária de faixa foram encontrados em uma concessionária e também com um amigo de Cesar.
Com o carro pronto, Cesar arriscou um track day para curtir o desempenho do hatch francês, e descobriu que os freios mereciam um upgrade. Por sorte ele tinha um jogo de pinças da Brembo, de quatro pistões, que originalmente seria usado no Xsara, mas por exigir mudanças demais, acabou guardado e foi parar no C4 VTS. O desempenho foi otimizado com um remapeamento da ECU do motor, que ajudou a extrair cerca de 10 cv do 2.0 16v, que chegou aos 190 cv.
Tudo legal, mas Cesar ainda estava intrigado: por que o carro estava sem tantos itens originais? Para descobrir a resposta, ele começou a desmontar o carro em busca de pistas e as encontrou: o carro havia sofrido uma leve colisão. Nada que afetasse a estrutura do carro, mas suficiente para que o proprietário anterior deixasse de lado os componentes originais. Com o carro desmontado e a pintura um pouco maltratada, Cesar decidiu repintar o carro.
A troca de cor
Ao desmontar o caro Cesar percebeu que havia muitas peças gastas nos dez anos de idade do carro, e também que outras peças seriam danificadas no desmonte, em especial grampos e etiquetas. A solução foi pedir antecipadamente para a concessionária, antes mesmo de começar a pintura.
Em seguida o carro foi enviado à oficina de pintura, onde Cesar decidiu mudar a cor do carro. O motivo é que não há muitos VTR brancos no Brasil, e nenhum dos VTS trazidos foi pintado nesta cor. Além disso, era uma preferência pessoal. O processo demorou exatos 85 dias, mas o carro foi repintado completamente como se tivesse saído branco da fábrica.
A remontagem
Antes de montar o carro de novo, Cesar instalou manta asfáltica em todo o carro para otimizar o isolamento termo-acústico do Citroën. Em seguida as forrações de porta e paineis internos foram limpos e os bancos foram revestidos com couro, usando o mesmo padrão original da fabricante francesa. As rodas originais também foram removidas para pintura, e enquanto isso Cesar usou as rodas originais do Citroën DS3.
A preparação e a conclusão
Com o carro remontado Cesar levou o C4 para a oficina que faria a preparação do motor. A primeira etapa envolveu a abertura do motor para limpeza e descarbonização, limpeza dos anéis e pistões, assentamento de válvulas, troca dos retentores de válvula e embreagem nova. Também realizamos a limpeza do cárter e troca das correias.
Com tudo novo, chegou a hora de trocar o par de comandos de válvulas CatCams 4901804 — uma preparação sutil para não descaracterizar um carro raro no Brasil —, além da instalação do filtro de ar BMC e do coletor de ar frio (CAI).
Com os novos comandos instalados bastou fazer a reprogramação da ECU para adequar o sistema ao novo fluxo de ar. Não foi muito fácil, mas o resultado ficou bom: 179 cv nas rodas.
Para deixar o conjunto justo para um desempenho mais esportivo, o câmbio original do VTS foi substituído por um do VTR, com relações mais curtas, visando manter o motor na faixa ideal de rotações nas subidas e descidas de marcha. Por último todo o sistema de escapamento foi refeito mantendo 2 ¼ e o catalisador, porém com o mínimo de emendas.
Assim, depois de 16 meses desde a compra, o C4 VTS estava pronto para encarar os track days.