Há alguns dias a BMW nos mostrou o teaser de um conceito em homenagem ao lendário 3.0 CSL, que seria apresentado neste fim de semana no Concorso d’Eleganza Villa d’Este. Sendo um dos esportivos mais icônicos da marca bávara e da história do automóvel, é lógico que todos os fãs do clássico ficaram super animados com a possibilidade de ver uma versão moderna do “Batmóvel”.
Então, o fim de semana chegou, o evento começou e eles revelaram o carro:
Ops, foto errada.
Agora sim.
Certo. Você esperava algo menos agressivo e mais harmonioso como o belíssimo BMW Zagato Coupe, apresentado no mesmo evento em 2012, não é? Algo que remetesse ao 3.0 CSL logo de cara. Bem… não foi exatamente essa nossa primeira impressão.
Mas foi a segunda. Deixando a brincadeira de lado, quando você dá uma volta pelo carro e começa a ver os outros ângulos do carro, o negócio começa a ficar mais interessante. Veja só:
Melhor, não? Olhando o perfil do 3.0 Hommage, a homenagem fica mais evidente. O capô alongado e com a borda pronunciada, formando a frente “bicuda” como no 3.0 CSL original, está lá. O defletor de ar da parte traseira do teto também, assim como a asa que rendeu ao carro o apelido de Batmóvel, que é esculpida a partir dos para-lamas alargados que remetem ao 3.0 CSL de corrida dos anos 1970 — a inspiração, aliás, parece ter vindo dele, e não do modelo de rua como a BMW sugere em uma das fotos de divulgação. Fica ainda mais evidente se você considerar as saídas de escape na lateral, logo antes das rodas traseiras. Por falar nelas, a BMW deu ao carro rodas enormes, de 21 polegadas.
Na dianteira, as barbatanas das laterais do capô também estão lá, e também nascem dos para-lamas alargados como a asa traseira. A BMW explicou a dianteira meio… exagerada, digamos: a grade dupla é alta como referência à grade do clássico. Até aí ok. Mas a justificativa para ela ser tão larga é “simbolizar a potência do ‘poderoso seis-em-linha’ com eBoost” — o que indica que trata-se de um híbrido. Curiosamente, os dados de potência e torque não foram divulgados. Vá entender. Os faróis com elementos duplos, outra marca registrada da BMW, usam matriz de laser e LEDs, e se você reparar verá um X dentro de cada elemento. Segundo a BMW trata-se de uma referência às fitas coladas nos faróis dos antigos carros de corrida.
Indo para a outra ponta do carro, a traseira traz lanternas integradas à asa e revela uma passagem aerodinâmica na junção dessa peça com o para-lamas. Assim como a dianteira, a borda da tampa traseira também é mais pronunciada que a parte inferior. A placa agora está no para-choques, logo acima do difusor — que é feito de fibra de carbono como o splitter frontal e as saias laterais.
Por dentro o carro é ainda mais conceitual, feito totalmente de fibra de carbono e com volante tipo “manche”. O painel de instrumentos é uma tela digital minimalista, trazendo informações de marcha, velocidade, carga, boost elétrico e conta-giros. Ela é posicionada sobre uma espécie de túnel com as saídas do ar-condicionado integradas. A faixa de madeira é uma referência direta ao interior do modelo original.
O 3.0 CSL original
Caso você não lembre (ou não conheça), o BMW 3.0 CSL foi uma versão aliviada do cupê “New Six” (E9), ancestral direto da atual Série 6. O modelo tinha versões com motores 2.5, 2.8 e 3.0 e, junto com o 2002tii e 2002 turbo, foi um dos primeiros BMW a conquistar o sucesso nas pistas no fim dos anos 1960.
A história do CSL começou justamente nas pistas, quando a Alpina disputava os campeonatos europeus de turismo e de subida de montanha com o 2.8CS e o 3.0CS. Em 1971, eles precisavam de um carro mais leve para se manterem competitivos e, precisando de uma produção mínima para homologação, recorreram à BMW. A fabricante respondeu com o 3.0 CSL, cuja sigla descreve precisamente o carro: Coupé, Sport, Leicht, ou cupê, esportivo e leve. Ele tinha 200 kg a menos que o 3.0 CS, chegando a 1.310 kg, uma redução obtida pela remoção de todos os acabamentos internos e isolamento acústico, e pela adição de portas, capô, tampa do porta-malas e para-lamas dianteiros de alumínio. Os vidros laterais também foram substituídos por Perspex, bem mais leves.
O carro foi homologado em julho de 1973 e ganhou um pacote aerodinâmico que incluiu para-choques maiores, para-lamas alargados, barbatanas nas laterais do capô, um defletor de ar na “saída” do capô e uma enorme asa traseira. Curiosamente, a versão de rua não tinha a asa traseira completa — apenas os suportes laterais — pois o acessório aerodinâmico era proibido na Alemanha naquela época. Foi esse kit aerodinâmico que deu origem ao apelido “Batmóvel”. Nem precisamos explicar por quê.
O alívio de peso deu certo: a Alpina faturou o Campeonato de Turismo Europeu com Derek Bell, Harald Ertl, Niki Lauda e Brian Muir ao volante. Além do título Lauda, a preparadora (hoje fabricante) também estabeleceu o recorde de voltas nas seis horas de Nürburgring com o CSL. A BMW também passou a usar o carro e conquistou o GT Championship da IMSA (nos EUA) em 1975 com Sam Posey, Brian Redman e Ronnie Peterson.