Dentre os embates do mundo automotivo, um dos mais tradicionais é o que existe entre o BMW Série 7 e o Mercedes-Benz Classe S. Ambos disputam com tapas de luvas de pelica costuradas por virgens suíças sob o luar dos Alpes o título de melhor sedã do mundo. E costuma se sair melhor quem tem a apresentação mais recente, como o BMW, agora, que chega a sua sexta geração . Ele traz inovações que, em alguns anos, devem ser incorporadas a modelos mais baratos. Vamos a todas elas.
A mais importante é o Carbon Core, que é basicamente o uso de elementos de fibra de carbono na estrutura da célula de sobrevivência do sedã. Segundo a BMW, trata-se de uma herança do desenvolvimento dos modelos i, como o i3 e o i8, mas não de algo tão arrojado quanto o que ela emprega nos modelos elétricos.
O que foi feito no Série 7 foi a adoção de algumas peças do material, como as colunas, túnel da transmissão, torres de suspensão e a travessa do teto. Mas não só. Também se usou um bocado de alumínio, como o presente no capô do novo Série 7, e aço de alta resistência. Essa mistura, além de reforçar a resistência à torção da carroceria, também ajudou o peso a ficar 130 kg menor.
A equação incluiu o uso de isolantes térmicos e acústicos mais próximos de suas fontes, o que permitiu melhorar a atuação destes isolantes e diminuir a quantidade utilizada, e um trabalho nas suspensões. Ele permitiu reduzir em 15% a massa não suspensa do Série 7 em relação a seu antecessor. Segundo a BMW, o Série 7 é o primeiro veículo de produção industrial que combina o uso de fibra de carbono, alumínio e aço. E é possível ver o processo acontecendo no vídeo abaixo. Ele é meio longo (tem 10 minutos), mas vale cada segundo para quem tem curiosidade sobre processos de manufatura.
Note que as peças de fibra de carbono são todas produzidas de modo industrial, com a ajuda de robôs, e são rebitadas e coladas no lugar com adesivo aeronáutico. Este outro vídeo mostra de modo mais lúdico como os materiais são combinados.
Quando se sabe que o carro tem 5,10 m de comprimento, 3,07 m de entre-eixos, 1,90 m de largura e 1,47 m de altura, dá para imaginar o tamanho das peças utilizadas. O balanço dianteiro tem 0,88 m, o traseiro, 1,15 m, a bitola dianteira tem 1,62 m e a traseira, 1,65 m. O vão livre do carro é de 14 cm e seu porta-malas comporta 515 litros de bagagem. O peso dessa versão é de 1.755 kg. Existe também a de entre-eixos longo, com 14 cm a mais de medida (ou 3,21 m). Com isso, ele pula para os 5,24 m de comprimento e 1,48 m de altura. O peso sobe em 40 kg, para 1.795 kg. As demais medidas não se alteram.
Um dos destaques de um sedã com a vocação de luxo do Série 7 é o interior, especialmente os bancos de trás. Isso porque é mais provável que seu dono fique por ali, deixando ao motorista o gosto de apreciar as qualidades dinâmicas do carro.
Uma das soluções mais interessantes do Série 7 é o BMW Touch Command. O modelo vem com um tablet integrado ao apoio de braço do banco traseiro, removível. Mas sua função vai além de ser um tablet comum, com sistema operacional Android e tela de 7 polegadas. Ele é uma central de comando de praticamente todas as funções do sedã. Ar-condionado, informações de viagem, telefone, proteção solar, iluminação interna, bancos, sistema de som… Segundo a marca, 24 funções do veículo podem ser comandadas pelo Touch Command.
Falando em touch, o sistema iDrive agora dispõe de tela sensível ao toque. O que elimina todo o discurso da marca de que ela não a oferecia porque o sistema com o mouse era mais higiênico e prático, sem deixar a tela toda engordurada. E agora, em seu modelo mais luxuoso, isso não importa mais?
O Touch Command é exclusividade de quem encomenda o Executive Lounge. Disponível apenas na versão de entre-eixos longo, essa opção transforma os bancos traseiros em uma cabine executiva de avião (sem as asas e turbinas).
Os bancos traseiros, apenas dois, são eletricamente reclináveis (em até 42,5º), climatizados, inclusive com ventilação, com sistema de massagem e o Vitality Programme, que guia o passageiro em exercícios para revitalizar o corpo em viagens longas. O programa de exercícios aparece, com instruções, nas telas de 10 polegadas instaladas atrás dos bancos dianteiros. Se o intuito for descansar, mesmo, dá para empurrar o banco do passageiro da frente adiante em até 9 cm, jogando o encosto para a frente. Tudo em prol de mais espaço.
O sistema de iluminação faz com que o motorista possa escolher entre seis cores diferentes de luz, sempre indireta. Opcionalmente, é possíve encomendar o Sky Lounge Panorama, um teto solar que fica uniformemente iluminado por fontes de LED, dando a impressão de um céu cheio de estrelas, segundo a marca.
Para garantir a qualidade do som, o Série 7 tem a opção de um sistema de som de altíssima fidelidade Bowers & Wilkins Diamond, com 16 alto-falantes parcialmente iluminados e um amplificador de 10 canais e 1.400 W.
A BMW teria reservado para o Série 7 a estreia de uma nova geração de motores TwinPower. Entre os seis cilindros, a diesel e a gasolina, houve um ganho de potêcia. O turbodiesel, que equipa as versões 730d e 730Ld, agora rende 265 cv a 4.000 rpm, contra 258 cv do anterior. Seu torque passou para incríveis 63,2 mkgf de 2.000 rpm a 2.500 rpm, algo que a marca diz ter conseguido
O 3.0 a gasolina teve melhoria similar, com mais 7 cv à antiga potência de 319 cv. Agora, ele rende 326 cv de 5.500 rpm a 6.500 rpm nas versões 740i e 740Li. O torque ficou em 45,9 mkgf de 1.380 rpm a 5.000 rpm. Bloco, cabeçote e cárter são de alumínio. A turbina TwinScroll traz um sistema indireto de refrigeração do ar que é incorporado ao coletor de admissão e funciona em sintonia com o High Precision Direct Injection, o sistema de injeção direta de combustível da BMW.
Nas versões topo de linha, a 750i e 750Li, o motor escolhido é o V8 4.4, com 450 cv de 5.500 rpm a 6.000 rpm e torque de 66,3 mkgf de 1.800 rpm a 4.500 rpm. A taxa de compressão subiu de 10:1 para 10,5:1. Com duas turbinas TwinScroll de fluxos separados, cada uma usando os coletores de escape do banco de cilindros que atende, o V8 dispõe de um conceito otimizado de refrigeração. Ele é separado pelas paredes e pelo cabeçote do motor, o que permite que a bomba de água controlada eletronicamente restrinja o fluxo de líquido de arrefecimento em até 10% de sua capacidade comum para diminuir o tempo de aquecimento do motor e melhorar sua eficiência. O V8 também seria o primeiro motor de produção a integrar parte do coletor de admissão no cabeçote, o que teria reduzido a resistência ao fluxo, aumentando o volume de ar admitido e diminuindo as dimensões do coletor exterior.
O novo Série 7 traz três novidades tecnológicas importantes. A mais chamativa é o sistema Remote Control Parking. Ele torna o novo sedã, segundo a BMW, o primeiro veículo que se pode manobrar para fora ou para dentro de vagas perpendiculares sem ninguém ao volante. Servirá para aqueles casos em que o carro cabe, mas a porta não abre. E você, de terno, não estará com saco de sair pelo porta-malas ou pelo teto solar, pisando do teto lisinho de seu carro de luxo (ou no do vizinho). O controle é feito por meio da chave, a BMW Display Key. Olhando de longe, lembra um pequeno smartphone. Vale ver o sistema em funcionamento, mesmo com o carro ainda cheio de camuflagem.
A segunda inovação é o controle do sistema de som por meio de gestos, algo que está prometido para a próxima geração do VW Golf, mas que terá estreia no sedã superluxuoso. Vale assistir a este outro vídeo, institucional e com legendas em português, que mostra não só este sistema em operação, mas começa com o Remote Control Parking.
Se você viu o vídeo até o final, notou que ele também apresenta uma série de características de luxo e conforto do carro, mas se detém na que gostaríamos de ressaltar: o BMW Laserlight. Ele não é o primeiro automóvel de série a apresentá-lo porque a primazia cabe ao Audi R8 LMX, mas mostra que ele é a nova tendência em iluminação. Bem melhor do que faróis de LED, por exemplo.
Mesmo em coisas que não são tão novidadeiras, como o controle de faixas, o BMW Série 7 surpreende. Ele seria capaz de manter o carro na linha até velocidades de 210 km/h. Diz a marca que isso será um passo importante na criação de veículos autônomos. Não duvidamos. Também não duvidamos de que a Mercedes-Benz esteja coçando a cabeça para pensar em como vai superar seu maior concorrente entre os sedãs de alto luxo. Sorte de quem pode escolher entre um dos dois.