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Project Cars Project Cars #323

Brasilia Puma: começa a transformação visual do Project Cars #323

Olá, pessoal. Esse é meu segundo post, com a sequência da restauração do Project Car #323, a Brasilia Puma. No nosso último e eletrizante episódio o carro havia acabado de sair da pintura. Eu disse no primeiro post que o período em que ele permaneceu na funilaria tinha sido bem tranquilo pra mim. De fato foi, mas isso não quer dizer que eu tenha ficado parado nesse tempo.

Além de comprar peças, eu cuidei de outras coisas, como a reforma dos bancos, (os dianteiros já estavam prontos e guardados comigo ao final da pintura), do restauro de algumas peças (carcaças das lanternas traseiras, painel e rodas) e também adiantei o envio do motor ao mecânico para agilizar os serviços na mecânica. (levei no porta-malas da Fielder, morrendo de saudades da Ranger…)

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Motor aguardando o carro chegar. Escapamento antigo ainda

O plano era o seguinte: envio do carro ao mecânico (Penha) para recolocar o motor, revisar a parte elétrica, arrumar freios e suspensão, deixando o carro operante. A etapa seguinte seria o tapeceiro, pra colocar o forro no teto, assoalho e laterais de porta, e por fim viria o vidraceiro, pra finalizar a montagem dos vidros, fechaduras e borrachas. Plano perfeito, exceto que algumas etapas tiveram que ser adicionadas a essa sequência, por diversos motivos.

 

Peças

Brasília é um carro engraçado quanto a encontrar peças. Algumas coisas são difíceis de achar e outras possuem oferta considerável, mesmo sendo itens específicos. Exemplos: capô dianteiro de um vinco (que eu tinha, ufa!) e lanternas traseiras lisas (carcaças e lentes) estão na categoria raridade absoluta, mas consegui coisas como hastes de inox e palhetas do limpador originais por um preço muito bom, embora também tenha sido necessário fazer algumas concessões às peças paralelas.

As carcaças da lanterna estavam quebradas, com pedaços faltando, justamente nos pontos de fixação, tanto das lentes como na carroceria. Fuçando dentro do carro achamos um dos pedaços faltantes e o resto foi feito ou remendado com resina.  Com a pintura e troca de vedações ficaram como novas. As opções de compra dessas peças eram bem restritas (achei até anúncios de peças salvadas de incêndio), tudo por valores absurdos…

Ainda não encontrei as lentes originais, por isso comprei paralelas de plástico mesmo, mas com as bordas transparentes, similar às originais, e não as pintadas por inteiro que custam 1,50 a dúzia. Descobri que mesmo entre as peças paralelas há hierarquia de qualidade (após redigir esse parágrafo fui informado que existem lentes melhores que as que comprei, apesar de terem a borda vermelha. Preciso verificar).

O painel (tabelier) tinha ido ao inferno, mas ressuscitou milagrosamente. Obra do Eduardo da Infiniti Custom em São Bernardo, que faz um trabalho de detalhamento automotivo em projetos de restauração/customização que vai além da limpeza com cotonetes. Foi ele também que deixou o “boi com a cara preta“, mas vou falar disso mais adiante.

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Adiantando o resultado final

As peças de Puma do projeto deram um trabalho razoável pra encontrar, em especial as rodas. Eu poderia ter usado reproduções, mas ou a qualidade é duvidosa ou o preço é alto demais. Optei por rodas originais, mas sinceramente se pudesse voltar no tempo teria comprado as reproduções caras. O jogo que adquiri veio com duas rodas quebradas, sem opção de conserto, já que são de magnésio, difíceis de serem soldadas. Por sorte encontrei duas unidades avulsas à venda e por incrível que pareça consegui que o vendedor do primeiro jogo me ressarcisse o valor dessas duas rodas. O trabalho de restauro foi feito pelo Henrique do Ipiranga, famoso entre os donos de Puma pelo trabalho artesanal que ele faz. No final deu tudo certo.

Na compra dos instrumentos do painel eu já fui direto às reproduções, já que os originais são sempre caros e muitas vezes estão desgastados ou foram restaurados com fundo branco, números fluorescentes multicoloridos e outras excentricidades… Como a Wiltec tem uma linha de instrumentos que segue a grafia original do Puma pra quase todos os modelos, optei pelos mostradores do Tubarão 1975, coerentes com o período do meu carro.

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Já ouvi relatos que esses mostradores não se encaixam perfeitamente nos painéis dos Pumas, mas como meu caso era adaptação, não me preocupei muito com isso.

 

Mecânica

O Penha é uma equipe de um homem só e sua oficina não dispõe de espaço pra acumular carros com serviços demorados e complicados. Ele tem uma vaga reservada pra receber as “encrencas”, mas é importante combinar previamente o melhor momento de mandar esse tipo de serviço. Eu não me preocupo em definir prazos com ele, pois por conta da limitação de espaço e pelo método de trabalho ele é em geral rápido, e lógico, nesse caso eu não tinha pressa de receber o carro. Mesmo assim tivemos pequeno um atraso dessa vez, mas por motivos alheios à nossa vontade.

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No dia que mandamos o carro ele ia atender outro cliente com um Landau pra verificar um pequeno vazamento no câmbio. Pois ocorreu que a barca resolveu estourar o selo do motor dentro da oficina… Como o carro não podia voltar rodando, foi internado. Depois remover o motor V8 e arrumar o selo foi o radiador que resolver explodir, e inúmeros outros problemas foram surgindo. Isso nos custou algumas semanas, mas enquanto isso o Brasília ficou quietinho. Quando a poeira abaixou ele cuidou da reconstrução do carro.

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No motor trocamos a carburação, com coletores e filtros originais Puma, que consegui com um amigo que colocou um belo par de Webers no seu Puma P-018. A capa da ventoinha com radiador deslocado também veio desse Puma. O sistema de freios foi parar no lixo, literalmente. Pinças, tubulações, cilindros mestre e de rodas… nada pode ser aproveitado. Na suspensão dianteira trocamos as molas, pivôs, terminais de direção e instalamos um par de catracas de regulagem de altura. Amortecedores novos e revisão completa na parte elétrica com a preparação do chicote para a instrumentação do painel fecharam o pacote.

Mas na hora de terminar a montagem percebemos que o tanque de gasolina não havia sido pintado. Como eu sei que se o tanque fosse pro carro sem a pintura ele dificilmente sairia de lá num futuro próximo, optei por levar o carro pro tapeceiro com um galão plástico fazendo as honras de tanque.

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Tapeceiro

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O serviço de tapeçaria eu fiz com o Luciano, que fica na rua Vergueiro. Ele terminou o restauro do banco traseiro, colocou os assentos dianteiros, cortou o material sob medida pro teto e pro assoalho, mas as forrações das portas e as traseiras, que eram originais do carro, estavam muito prejudicadas e não puderam ser restauradas. Quando ele me deu a notícia, tive que providenciar novas, mas como tínhamos que aguardar a entrega, mandei o carro pro vidraceiro sem as laterais. Fui avançando etapas, deixando pendências.

 

Vidraceiro

Por ocasião do envio do carro ao mecânico eu passei numa loja de borrachas pra comprar as vedações do motor. Achei que seria uma boa ideia já comprar as borrachas do capô, tampa traseira e portas. O Alcir, vidraceiro, não curtiu muito as borrachas que comprei, mas disse que instalaria assim mesmo. Mas ali estava a fonte de mais problemas. As borrachas eram muito “gordas” e o carro saiu de lá com a porta do motorista, capô e tampa desalinhados.

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Para completar a tristeza do momento veio a notícia de que as fechaduras estavam muito gastas, com folga nos miolos de chave, o que também virou outra pendência. Montei um par de maçanetas paralelas que eu tinha no estoque, mas com chaves diferentes. Eu tinha que usar quatro chaves, uma pra cada miolo. Como nem tudo são trevas, as boas notícias foram que ele conseguiu os frisos que faltavam das laterais e do vigia traseiro, arrumou um quebra-vento defeituoso e um quadro de porta original (que já tinha ido anteriormente pra pintura).

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Ao sair do vidraceiro, uma tempestade de verão caiu, mas nenhuma gota de água entrou no carro. Isso deu um ânimo pra correr atrás da solução das pendências.

 

Aparando arestas

Nesse momento, meados de dezembro o carro estava andando, tinha vidros e trancava. No entanto eu ainda estava correndo atrás das duas rodas quebradas, as laterais de porta tinham chegado, mas ainda precisavam ser instaladas, bem como o painel. As peças móveis estavam desalinhadas e o pior, o carro sem tanque.

O Milton não queria mexer no alinhamento das peças com aquelas borrachas, o que me fez fazer uma viagem até o centro da cidade, na Atlas, onde comprei as borrachas corretas. Montei um tabelier provisório só pra acomodar o velocímetro e melhorar a aparência (e a ansiedade). Nisso veio Natal, Ano Novo e o carro ficou encostado na garagem.

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Sem painel, sem laterais de porta, pneus e rodas provisórios…

Capô e porta desalinhados

Assim que 2016 começou a andar, as rodas finalmente ficaram prontas e fui comprar Ki-chutes novos, Michelin, nas medidas 175/70 e 185/70 R14.

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O carro voltou pra oficina pra colocar o tanque pintado e foi feito o ajuste do fechamento das partes. Instalei em casa as laterais de porta e emblemas, exceto o dianteiro. Resolvi o problema das fechaduras com um vendedor do mercado livre que produz miolos de chave pra carros antigos, com chave única. O anúncio era pra Fusca, mas ele tinha pra Brasília (a fechadura da tampa traseira é diferente). O kit veio com maçanetas novas, o que me poupou também uma recromeação das antigas.

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Nesse ponto só faltavam mais alguns detalhes: a pintura da frente com instalação do emblema Puma, dos frisos na caixa, do tabelier definitivo com toda a relojoaria Puma, e acerto das laterais de porta, que não ficaram boas. Não que eu tenha feito um serviço ruim, mas as peças vieram fora de medida, e não encaixavam no rebaixo da porta desenhado para esse fim.

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Painel provisório

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Tanque no lugar!

Minha intenção com a frente era envelopar, mas fui desaconselhado pelo Eduardo, que sugeriu pintura. Além disso, ele reparou que as máscaras do farol estavam quebradas, ou seja, mais compras. Adiamos mais uma semana o serviço pra poder pintar as máscaras e a frente ao mesmo tempo. Ele cuidou da furadeira pra colocar a carinha da fera na frente.

Com tudo isso pronto, o carro saiu da Infiniti direto pro Luciano, que cortou a madeira interna das laterais de porta, acertando o encaixe na porta. Como o tempo avança sem tréguas, já era final de março quando pude enviar o carro novamente pro Penha, que instalou o painel definitivo, regulou os freios e acertou a altura da frente, que tinha cedido um pouco. Posso dizer, sem mentir, que o carro ficou pronto no dia 1º de abril.

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Pintura da frente, transmitida em tempo real pelo Whatsapp

Como recriação visual e mecânica eu diria que o projeto está 100% pronto. Mas na questão da mecânica ainda acho que há espaço pra mais potência. Tenho opção de deixar como está (economicamente o bolso agradece), fazer uma preparação aspirada com comando e Webers, o que fica coerente com as Brasilias Puma da Lemos e Brentar que usavam Solex P-II, ou fazer algo diferente dos meus outros VWs: turbinar.

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No post #3 quero discutir o futuro desse projeto e mostrar o carro em ação, já que depois de pronto eu só rodei 40 km. Obrigado por acompanhar e também pelos comentários positivos que recebi no primeiro post.

Por William Rotea, Project Cars #323

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