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Zero a 300

BYD produzirá carros na Bahia | A picape Ineos | O Maserati GT2 e mais!

Bom dia, caros leitores! Bem-vindos ao Zero a 300, a nossa rica mistura das principais notícias automotivas do Brasil e de todo o mundo. Assim, você não fica destracionando por aí atrás do que é importante. Gire a chave, aperte o cinto e acelere conosco.

 

BYD produzirá carros elétricos na antiga fábrica Ford em Camaçari

Esta notícia de hoje não podia ser mais emblemática se fosse inventada. Emblemática por mostrar claramente a decadência dos EUA, da Europa e a ascensão da Ásia e, principalmente da China, no cenário econômico mundial. Emblemático também por mostrar que na nossa indústria, as novas empresas parecem mais pujantes e entusiasmadas. E também emblemática pelo advento do  carro elétrico: o entusiasmo por ele na China move ele adiante com mais força que qualquer Tesla, começando por baixo e não por cima.

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, em mensagem no twitter, não se conteve e falou antes da BYD: a empresa comprou a antiga fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia, e vai produzir lá carros elétricos. Muito provavelmente o recém-lançado BYD Dolphin, que, ao que tudo indica, pode ser o primeiro carro elétrico de muita gente. Principalmente os condenados a viver nos grandes centros urbanos congestionados de nosso país, onde, infelizmente a verdade tem que ser dita, fazem todo sentido.

A BYD anunciará sua nova fábrica de carros elétricos no Brasil na próxima terça-feira, dia 04 de julho. Stella Li, presidente mundial da BYD, está no Brasil e participou do lançamento do Flipper Dolphin. Disse o governador ansioso no twitter, aparentemente estragando a surpresa:

“Acabamos de sair da reunião com a BYD, o presidente Lula, o ministro Rui Costa, com a equipe nossa, o secretário Afonso Florence, o secretário Caetano, o senador Jacques Wagner e a BYD acabou de confirmar conosco que na próxima terça-feira estaremos em Salvador anunciando a nova unidade de fabricação de automóveis elétricos no estado da Bahia, em Camaçari”

O Dolphin mede 4.125 mm em um entre-eixos de 2.700 mm, tem um pacote de baterias com 44,9 kWh de capacidade e 291 km de autonomia no ciclo Inmetro. Tem 94 cv e 18,3 kgfm de torque, tração dianteira, e faz o 0-100 km/h em 10,9 segundos, e chega a 150 km/h. O carro vem com um wallbox incluído no preço, e a recarga pode ser feita em tomadas 127 ou 220 v, e pode ir de 20 a 80% em 25 minutos, dependendo da capacidade do carregador. A garantia é de 5 anos ou 200 mil quilômetros, além da garantia das baterias de 8 anos ou a mesma quilometragem. Custará R$ 149.800. (MAO)

 

O Torino 380 coupé do Presidente da Renault Argentina

Entusiastas são coisa rara hoje em dia dentro dos fabricantes de automóveis. Talvez seja um resultado de estarmos cada vez mais longe do que as pessoas normais querem de um automóvel, mas é inevitável: como gostar de caixotes inertes e ultra-isolados do exterior que são grandes demais, altos demais, automáticos demais, insolentes demais, e pequenos demais por dentro? Na verdade, esse distanciamento sempre existiu; a diferença agora é que fica mais cada vez mais claro.

Então é uma felicidade, e uma grande surpresa, quando percebemos que o presidente de qualquer fabricante de automóveis realmente gosta do que fabrica. Uma frase que, depois que a escrevi, me faz temer pelo futuro da humanidade: quem passa a vida toda fazendo produtos com os quais não tem nenhuma afinidade? Enfim.

A notícia hoje é que Pablo Sibilla, presidente da Renault Argentina, parece ser um entusiasta de mão cheia. Já tínhamos ouvido antes que em sua garagem um Clio RS, o que era um bom indício disso. Mas podia também ser só pose. Agora não há dúvida: ele acaba de mostrar seu recém-restaurado Torino 380. Ninguém que tem um Torino 380 é menos que um entusiasta. Especialmente se falando de alguém com ligações profissionais com a Renault Argentina. Isso não acontece por acidente: o cara certamente é the real deal.

O motivo: o IKA Torino, criado pelas Indústrias Kaiser Argentinas (IKA), é um verdadeiro Muscle-car dos Pampas, derivado do Rambler American, mas usando o motor Jeep Tornado, um seis em linha OHC Hemi de 3,8 litros mandado para a Argentina quando a AMC comprou a Kaiser-Jeep. E olha só: em 1970 a Renault compra a IKA, e em 1975, o IKA Torino vira Renault Torino! Um mash-up franco-americano-argentino sensacional.

E dos Torino, o 380W é o mais lendário: uma versão de fábrica com 3 Weber 45 DCOE 17 (daí o “W” do nome) e nada menos que 178 cv a 4500 rpm e 33 mkgf a 3500 rpm. O do Pablo Sibilla não tem o “W”, mas é legal pacas de qualquer forma: um cupê 380, apenas ligeiramente menos potente: 157 cv a 4300 rpm e 32 mkgf a 3500 rpm. Disse ele ao site Motor1 argentino:

“Eu queria um 380. O 380 e o 380W são como o Santo Graal de Torino. É um carro desenhado pela Pininfarina, bem diferente dos demais Torinos, com seu painel de instrumentos em madeira, que ao olhar parece quase um móvel, por todo o artesanato necessário para fazê-lo. Foram fabricadas cerca de 10 mil unidades do 380 e cerca de mil do 380W.”

O cara realmente tem bom gosto. Totalmente restaurado, agora é seu orgulho e prazer, e uma prova de que nem tudo está perdido nesta indústria. (MAO)

 

Ineos Quartermaster é picape do Grenadier

Ineos Grenadier: o produto da birra de um bilionário inglês, Sir Jim Ratcliffe, com o fato de que a Land Rover parou de fazer o Defender tradicional em 2016. Sir Jim tentou comprar o ferramental e os direitos do carro, para, assim como a Caterham fez com o Lotus Super Seven, continuar sua produção. Mas a Land Rover disse não. Tomando umas em um tradicional Pub de Londres chamado “The Grenadier” com amigos, Jim Ratcliffe diz “Fuck it! I’ll make my own Defender myself.” Assim a Ineos, a empresa química de Ratcliffe, virou fabricante de automóveis, e nasceu o Ineos Grenadier.

Ineos Grenadier: o Defender moderno que a Land Rover não quis fazer

O Grenadier está sendo vendido para o público agora, um carro realmente sensacional que está tendo uma resposta entusiasmada de público e crítica. E agora, o próximo produto da empresa apareceu em teaser, provavelmente adiante de um lançamento próximo: a versão picape do Grenadier, militarmente chamada de Quartermaster.

Não é assim uma grande novidade: imagens desta picape de cabine dupla foram mostradas quando o Grenadier foi anunciado. Mas é uma boa notícia, e mostra que a empresa está empenhada num trabalho sério, e em uma linha completa. Afinal de contas, parte do apelo do Defender era suas quase infinitas variações de carroceria e entre-eixos; Sir Jim fará bem em emular isso.

O carro usa a base do Grenadier, com motores BMW seis em linha turbo de três litros, em versão a gasolina ou diesel, sempre automático. O melhor dessa marca é que é uma startup séria, mas baseada em carros tradicionais, não elétricos. Raro, nessa era de novas empresas, mas quase todas eletrificadas.

O Grenadier, já a venda na Europa, chegará aos Estados Unidos no primeiro trimestre de 2024. Os preços começam em US$ 71.500 (R$ 345.345). Esperamos ansiosos um representante, e o carro, aqui no Brasil. (MAO)

 

Maserati começa vendas do MC20 GT2

Vivemos uma era interessante para os chamados “Gentleman drivers”, os pilotos que compram seus lugares em competições profissionais com o dinheiro ganho em outras atividades. Inúmeras opções parecem aparecer constantemente.

A de hoje chama a atenção por ser um carro de corrida com ar-condicionado. Por mais que tente, e saiba que isso hoje é até relativamente comum até em competição de primeira linha, não consigo conceber uma coisa desse tipo. Tá, eu mesmo, sempre que fui para a pista com minha perua 328i E36, o fiz com o ar ligado, mas era uma atividade “de brincadeira”; não estava tentando ganhar nada. Um carro de corrida de verdade com ar-condicionado? Tem algo muito errado aí.

Mas enfim, divago. O carro em questão é o Maserati GT2, que está fazendo sua estreia neste fim de semana na Bélgica durante as 24 Horas de Spa. Como o próprio nome indica, foi desenvolvido para cumprir os regulamentos do GT2 e é amplamente baseado no supercarro MC20. Vai correr nas rodadas finais do GT European Series antes de sua primeira temporada completa em 2024.

Muito parecido com o carro de rua, o GT2 usa o mesmo motor Nettuno V6 da Maserati. O três litros biturbo dá o mesmo que o carro de rua: 630 cv a 7.500 rpm e um torque máximo de 74,4 mkgf a partir de 3.000 rpm.

O câmbio é diferente: um transeixo sequencial de competição com seis marchas, controlado por borboletas atrás do volante. O diferencial é autoblocante mecânico de competição, as rodas são forjadas de 18 polegadas com parafuso central e os amortecedores são ajustáveis em ambos os eixos. A carroceria também tem alterações para maior downforce, apesar da Maserati não especificar quanto.

Apesar de ser um carro de corrida GT2, o ar-condicionado é opcional. Por um custo adicional, os clientes podem ter também um banco para o passageiro, câmera retrovisora e um sistema de monitoramento da pressão dos pneus. Estarão esses bilionários usando seus carros de corrida nas ruas? Não, isso é proibido! Bom, talvez para os mortais. O preço não foi divulgado. (MAO)