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Sessão da manhã

Camaro Z/28 encara o Nissan GT-R na pista. Quem você acha que levou essa?

Há quatro anos, se você quisesse desempenho de supercarro por uma fração da pequena fortuna que eles custam, a resposta imediata e certeira seria o Nissan GT-R, com seu motor V6 biturbo, tração integral e dinâmica impossível.

Comparar o recém-lançado Chevrolet Camaro com o todo-poderoso Godzilla soaria mais como um atestado de ingenuidade. Enquanto isso, em algum lugar de Detroit os engenheiros da Chevrolet trabalhavam no renascimento das versões mais radicais do Camaro, deixando claro que a marca não pretende apenas faturar com a onda retrô.

Primeiro veio o ZL1, equipado com o V8 LSA de 6,2 sobrealimentado por um compressor de 1,9 litro, que produz 588 cv e 76,7 mkgf — o que fez dele o Camaro mais potente já produzido. Os americanos levaram o ZL1 a Nürburgring e derrubaram (mais uma vez) o mito de que muscle cars americanos não fazem curvas, fechando o Nordschleife em 7:41.27.

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Agora, a Chevrolet relançou o lendário Z/28, equipado com motor LS7 de sete litros feito à mão, com 512 cv a 6.100 rpm e 66,4 mkgf a 4.800 rpm. Ele também ganhou um pacote aerodinâmico completo para produzir downforce em altas velocidades, e uma série de modificações para reduzir o alto peso do cupê. O bancos traseiro, por exemplo, usam espuma de alta densidade no lugar da estrutura rígida, enquanto os dianteiros perderam os ajustes elétricos. O porta-malas perdeu o isolamento acústico e o revestimento de carpete, os faróis usam lâmpadas halógenas simples, e o ar-condicionado foi para o espaço junto com os faróis de neblina. Até mesmo o vidro traseiro perdeu 0,3 mm para ajudar na dieta.

O resultado? 1.750 kg — praticamente o mesmo daquele cupê japonês que foi unanimidade quatro anos atrás, que pesa 1.760 kg e tem 552 cv produzidos por seu V6 biturbo. Melhor ainda: o Z/28 custa “apenas” US$ 76.150, enquanto o GT-R parte de US$ 116.710 — você pode comprar um Camaro SS para o dia-a-dia com o troco.

Na ficha técnica eles empatam. Na tabela de preços o Camaro vence. Mas o que acontece quando os dois se enfrentam na pista? Foi exatamente isso o que os caras da Motor Trend tentaram descobrir no Barber Motorsports Park.

Surpreso com o resultado? É bem provável que você estivesse apostando no GT-R como o vencedor deste duelo, especialmente se tiver considerado que o Camaro precisou de 7:37.4 para fechar o traçado Norte de Nürburgring, enquanto o GT-R fez em impressionantes 7:18.6. Como é possível então que o muscle americano, com menos potência, menos rodas tracionando e câmbio manual com uma embreagem tenha superado o todo-poderoso Godzilla equipado com o pacote Track Edition, que adiciona a suspensão eletrônica Bilstein DampTronic e melhorias aerodinâmicas, em um circuito travado?

O segredo está em alguns detalhes que passam despercebidos para a maioria das pessoas. O Barber Motorsports Park é um autódromo tipo “club circuit“, estreito e com muitas curvas travadas e longas. Carros de tração integral não gostam muito deste tipo de configuração de circuito, e tendem a escapar de frente.

O Z/28 surge com algumas vantagens neste cenário. Primeiro: os freios de carbono cerâmica absurdos, que permitem muito mais abusos. Depois, ele usa semi-slicks Pirelli Trofeo-R. E não podemos esquecer das bitolas gigantescas do Z/28, com as rodas bem cuspidas pra fora. Isso não só reduz a transferência lateral de peso assustadoramente como altera a relação entre bitolas e entre-eixos: o Z/28, visto de cima, é quase um quadrado. Carros com esta proporção se dão muito bem com curvas longas e tendem a pouco subesterço. O diferencial Torsen, que Randy Pobst comenta enquanto pilota o Camaro, também ajuda muito a reduzir o subesterço, porque ele, ao contrário do autoblocante convencional, fica praticamente livre com o acelerador fechado.

2014-Nissan-GT-R-Track-Edition-front-three-quarters

Aí entra a jogada. O fato de um carro ser mais rápido em Nordschleife não necessariamente quer dizer que ele vai ser mais rápido em todos os lugares. O GT-R é um carro perfeito para curvas de baixa tipo point-and-shoot e para curvas de média-alta e alta, em parte pela sua dinâmica, em parte pela sua aerodinâmica — como explicamos neste post.

Mas apesar de tudo isso, existem carros, circuitos e pilotos diferentes. São muitas variáveis e por isso não podemos dizer que o Z/28 é mais rápido que o GT-R apenas por este vídeo. De qualquer forma, é realmente surpreendente ver o que um pouco da velha escola americana de preparação é capaz de fazer com seus pushrods e a tradicional receita de refinamento da força bruta.

[ Sugestão de post: Matheus Azevedo / Fotos: MotorTrend ]