Antes dos carros, já existiam estradas. Na verdade, eram mais caminhos de chão batido por onde passavam as bicicletas e veículos de tração animal — até que, há 130 anos, o carro foi inventado e as estradas precisaram melhorar bastante.
Primeiro, veio a pavimentação com pedras, depois os blocos de concreto e então o asfalto. Vieram as rodovias, pontes, interseções e túneis. E, desde o início, os próprios veículos ajudaram a construir seus caminhos.
Com o passar das décadas, é natural que o homem arranje métodos mais eficientes de construir. E, claro, os veículos acabam mais do que envolvidos neste processo. É disso que vamos falar hoje, começando com o curioso “caminhão-zíper”.
A verdade é que esta máquina curiosa é só parte do processo de construção de túneis desenvolvido por uma empresa chamada Lock-Block, que fica em Richmond, no Canadá. Como você deve saber, túneis em formato de arco são praticamente uma maravilha da física: sem qualquer tipo de adesivo, a disposição dos blocos e a força da gravidade se encarregam de tornar a estrutura surpreendentemente firme.
Quer ver só? Essa ponte em forma de arco não foi feita com blocos, mas com palitos de picolé — e ela consegue suportar não apenas o peso de um tijolo, mas também de diversos discos de halterofilismo. É o tipo de coisa que a gente precisa conferir duas vezes para acreditar mesmo.
O fato é que o processo de construção de uma ponte de arco é relativamente simples, porém demorado: blocos são pesados e precisam ser cuidadosamente dispostos, além de levar mais ou menos um mês para ficar totalmente assentados e firmes. O método criado e patenteado pela Lock-Block, no entanto, reduz este tempo a um único dia, dependendo do tamanho da obra.
O segredo está em dois fatores: no desenho dos blocos e no modo como eles são assentados. Pra começar, eles têm encaixes semelhantes ao dos blocos de Lego — exceto que eles não vão te deixar morrendo de dor caso pise em um deles, pois são bem maiores. Aliás, seria mais fácil dar de cara com um deles do que pisar em cima…
Enfim, divagamos. O fato é que os blocos são encaixados normalmente, usando um guindaste e a ajuda de operários para ajustar o posicionamento. Esta parte não é muito diferente da forma como os túneis tradicionais são construídos — até que chega a hora de usar o “caminhão-zíper”.
Ele tem este nome por causa do formato de sua carreta, que traz pontas de ferro dispostas no formato e tamanho exatos do túnel e rolamentos que entram em contato com os blocos. A carreta também traz uma inclinação decrescente, de modo que, à medida que o caminhão passa, os blocos caem e se encaixam firmemente e instantaneamente. Exatamente como um zíper.
De acordo com a Lock-Block, a eficiência do método é incomparável: dá para construir 1,5m a cada cinco minutos. Detalhe: como não há material adesivo, a construção pode ser desmontada e refeita em outro lugar, economizando material e tempo.
Falando em economizar tempo, outro veículo bem interessante usado para construir caminhos é a máquina de pavimentar blocos. Talvez você já tenha visto — é o tipo de coisa que viraliza na internet de tempos em tempos —, mas pode ser que não saiba onde, quando, como e por quê.
As primeiras máquinas de pavimentar com blocos surgiram na Europa há dez ou quinze anos e, desde então, seu princípio de funcionamento é o mesmo. Não é nada inovador como o caminhão-zíper, mas é bem engenhoso e relativamente prático.
Calçadas e ruas (estas, cada vez mais raras) de paralelepípedos são agradáveis ao olhar, ainda que não sejam a melhor supefície para um carro — ou seja, é natural que elas tenham sido substituídas pelo asfalto. Dito isso, seu visual é algo que atrai paisagistas e projetistas urbanos por sua permeabilidade — algo que já está sendo resolvido com o asfalto absorvente. O único problema dos blocos intertravados (o nome técnico dos “pavers” e paralelepípedos) é que o assentamento das peças toma bastante tempo para ser feito de forma ordenada.
Mas como tudo na história da humanidade, onde há um problema há também alguém desenvolvendo uma máquina para resolvê-lo. E assim chegamos às máquinas de pavimentação.
O que a máquina faz é, com uma esteira, aplicar todos os paralelepípedos já encaixados, como um grande tapete de concreto. Praticamente todo o serviço é feito por ela. Além de um operário para controlar a direção e a velocidade, outro (ou outros) ficam encarregados de alimentar a esteira com paralelepípedos, já arranjados da forma desejada.
Há outros tipos de máquinas de pavimentar — como esta, que usa uma espécie de guindaste para encaixar placas de paralelepípedos (que parecem individuais, mas são apenas sulcos no concreto), como um quebra-cabeça.