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Cientistas transformaram gás carbônico em etanol… quase sem querer

No fim dos anos 1980 uma das previsões sobre o fim dos combustíveis dizia que as reservas de petróleo durariam apenas até 2011. Hoje, cinco anos depois do fim do petróleo, a previsão é de que as reservas durem até 2068. E é bem provável que daqui a 52 anos essa previsão mude novamente.

O maior problema, contudo, são os níveis de emissões de CO2 e outros gases que influenciam o efeito estufa — e consequentemente o aquecimento global. É por isso que alguns países já estão pensando até mesmo em banir os automóveis movidos por motores de combustão interna.

O que nenhuma previsão parece levar em consideração é que a ciência está permanentemente atrás de soluções para estes problemas. Há alguns anos, por exemplo, cientistas americanos descobriram acidentalmente que é possível produzir hidrocarbonetos semelhantes ao petróleo a partir de bactérias Escherichia coli, também conhecidas como “coliformes fecais”.

Nesta semana, um grupo de cientistas do Oak Ridge National Laboratory, nos EUA, descobriram uma reação química que pode resolver o problema das emissões e, ao mesmo tempo, da demanda por combustíveis.

O grupo estava fazendo uma experiência que usa uma série de reações químicas para tentar transformar o gás carbônico (CO2) em algum combustível útil. Eles nem precisaram tentar muito: uma reação química na primeira etapa do processo já conseguiu fazer a transformação do CO2 em… etanol!  Sim, o mesmo etanol que encontramos nos postos de combustível.

A equipe usou um catalisador de carbono, cobre e nitrogênio e o submeteu a uma descarga elétrica para iniciar uma complicada reação química que, resumidamente, “reverte” a combustão. Do volume total da solução de CO2 diluído em água, 63% foi transformado em etanol.

“Estamos usado dióxido de carbono, um resíduo da combustão, e fazendo um processo reverso da combustão. O etanol foi uma surpresa, pois é extremamente difícil transformar CO2 em etanol com um único catalisador”, disse Adam Rondinome, um dos cientistas da equipe, em nota oficial do instituto.

O sucesso do experimentos e deveu à estrutura do catalisador: nanopartículas de cobre combinadas a uma nanotextura de carbono sobre uma superfície de silício. Graças à essa nanotecnologia, foi possível dispensar metais caros e raros como a platina, o que tornava muito caros os catalisadores usados até agora. “Com materiais comuns, porém arranjados com nanotecnologia, descobrimos como limitar reações secundárias e acabamos com a única coisa que queríamos [o combustível]”, Adam Rondinone,

O processo é realizado em temperatura ambiente, o que significa que os custos são inferiores aos de outros métodos de transformação de CO2 em combustível. Isso significa que este processo pode ser usado como fonte temporária de energia. Como exemplo da aplicação da descoberta, Rondinone citou o uso do etanol em usinas termoelétricas. Aplicando à realidade brasileira — e dos motores a combustão interna — é possível usar essa tecnologia para produzir etanol em períodos entre safras, caso seja economicamente viável.

Os pesquisadores agora irão estudar este processo para tentar torná-lo mais eficiente (lembre-se: o aproveitamento ainda é de 63%). Mesmo assim, segundo o próprio Laboratório Oak Ridge, é provável que esta tecnologia seja aplicada em grande escala em um futuro próximo.

Resta saber se usaremos esse etanol como combustível para os carros, ou para a energia elétrica de suas baterias.