O Fiat Cinquecento lançado em 1991 é um membro obscuro da linhagem – o clássico dos anos 1950, o atual e até mesmo o Topolino original da década de 30 são mais conhecidos. Único da família com nome escrito por extenso, o Cinquecento foi projetado na Itália e fabricado na Polônia para substituir o simpático 126 em diversos mercados – e acabou sendo vendido também na Europa.
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Talvez ele não tenha ficado mais conhecido porque estava “sobrando” na gama. Na Polônia, o 126 permaneceu extremamente popular até o ano 2000, e os europeus tinham o excelente Fiat Panda de primeira geração como opção de entrada. Então, o Cinquecento acabou tendo uma vida curta, sendo descontinuado em 1998 para dar lugar ao Seiscento (que era, em essência, um Cinquecento com formas mais arredondadas).
O que é uma pena, porque ele tinha potencial – como todo carro pequeno, leve e italiano (eles entendem do assunto). Ele tinha suspensão independente nas quatro rodas, pesava só 700 kg e não precisava de mais que 38 cv, vindos de um motor de 899 cm³, para ser plenamente utilizável no dia-a-dia (a versão polonesa tinha um motor 0,7 de 30 cv).
Mas o melhor dos Fiat Cinquecento foi sua verão Trofeo, versão de competição que até ganhou sua categoria monomarca. E era um lance muito interessante, porque era um campeonato voltado a pilotos jovens e iniciantes – algo que seria legal ver hoje em dia, com os carros pequenos ainda mais potentes e bem acertados que temos atualmente.
O Cinquecento Trofeo usava uma versão mais forte do motor 0,9, com novo cabeçote, comando mais agressivo e escape mais livre para entregar e 55 cv. Ele era ligado ao mesmo câmbio manual de cinco marchas do carro de rua – porém com embreagem reforçada. E havia várias outras modificações, ilustradas na bela foto de divulgação abaixo: volante de competição e bancos concha da Sparco, gaiola de proteção integral, suspensão Bilstein com amortecedores ajustáveis, peito de aço, rodas de liga leva da Abarth, strut bar no cofre do motor e radiador de óleo. E, claro, extintores de incêndio.
A produção começou em 1992 e a competição monomarca teve início em 1993, com categorias específicas para mulheres, iniciantes e pilotos com menos de 21 anos de idade. E foi um sucesso – só na primeira corrida, em Mugello, 70 pilotos participaram de corridas durante dois dias. Ainda naquele ano ocorreram edições na França, na Polônia e na Alemanha.
No final, os melhores de cada país disputariam a grande final e teriam a oportunidade de correr no Rally Monte Carlo em um Fiat Cinquecento preparado pela Abarth, com todo o apoio de fábrica. E, se você acha que as corridas eram sem graça só porque a maioria dos pilotos era iniciante… pense de novo:
Nos anos seguintes outros países passaram a participar do Fiat Cinquecento Trofeo (o campeonato recebeu o mesmo nome do carro), como Espanha, Dinamarca e Grécia. E em 1995, com a chegada do Cinquecento Sporting, o motor passou a ser o Fire 1.1 preparado para entregar 105 cv – sim, quase o dobro de antes. O nível da competição também aumentou, e pilotos mais velhos e experientes começaram a ser atraídos. E assim foi até 1997, quando o Fiat Seiscento foi anunciado e o Cinquecento Trofeo deixou de ser disputado.
Muitos destes carros tiveram seu fim nas pistas – incluindo em competições fora do Cinquecento Trofeo, como o WRC e subidas de montanha, e por isto é difícil encontrar um exemplar em boas condições hoje em dia.
Mas o pessoal concessionária parisiense Straderial Motorcars conseguiu colocar as mãos em um dos que correram na edição francesa do campeonato, totalmente restaurado e acompanhado de toda a documentação da época, como fotos, passaportes e papéis de homologação. É um carro que merece um novo dono, seja para uma coleção ou para provas históricas – ou os dois, por que não?