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Citroën 2CV com motor de BMW 1100 GS, ou “Como transformar um guarda-chuva em um foguete”

Quando a Citroën lançou o 2CV no Salão de Paris de 1948, a ideia era criar um carro minimalista e barato, feito para transportar pessoas com um mínimo de conforto e o máximo de aproveitamento de espaço. Velocidade e agilidade não eram exatamente prioridades, mas isto não impediu que, ao longo dos anos, muita gente os modificasse para correr.

Os caras da Sparrow Automotive, por exemplo. A companhia britânica restaura clássicos há mais de 25 anos, mas sua especialidade é o Citroën 2CV — além dos outros carros da chamada A-Series — derivados do Deux-Chevaux, como os Citroën Dyane e Ami. Só que, além de restaurar, eles também modificam e preparam estes carros.

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Para entender o que eles fazem e por que fazem, porém, é preciso conhecer um pouco melhor o Citroën 2CV. Por baixo da carroceria esquisita para alguns e para lá de charmosa para outros, porém de aparência frágil, está um carro surpreendentemente robusto — ele foi feito para rodar pela França na década de 50, um tempo em que as estradas não eram exatamente perfeitas, e por isso precisava ser duro de quebrar. Se quebrasse, precisava ser fácil de arrumar.

Daí veio sua concepção de minimalismo e: teto de lona que envolvia o vidro traseiro (daí o apelido “guarda-chuva sobre rodas), suspensão com braços oscilantes na dianteira e braços arrastados na traseira, e um motor boxer de dois cilindros refrigerado a ar de apenas 375 cm³, capaz de entregar 9 cv. A transmissão era manual, de quatro marchas.

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Além de melhorar o comportamento dinâmico do carro por ter o centro de gravidade mais baixo, o motor boxer movia as rodas da frente e era bem simples de manter — tudo para facilitar e baratear ao máximo a manutenção. Na época a França estava sofrendo com os rastros da Segunda Guerra, que acabou em 1945, e isso era essencial para que a população pudesse ter um meio de transporte motorizado novamente.

Contudo, os tempos são outros — ninguém precisa de um 2CV, e economia já não é a única preocupação de uma fabricante na hora de desenvolver um automóvel. Só que o 2CV vendeu tanto e por tanto tempo (quase nove milhões de unidades em 42 anos de produção contínua) que, como acontece com todo carro popular, há uma grande base de fãs dedicados a ele. E eles os usam para o dia-a-dia, para passear e até mesmo participar de competições.

E foi nesses caras que a Sparrow Automotive pensou ao desenvolver seu kit de conversão para o 2CV — que dá a ele padrões atuais de desempenho e confiabilidade. Como? Trocando o boxer de dois cilindros original por outro boxer de dois cilindros, mas alemão: o motor usado nas motos da BMW desde 1923.

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É claro que a Sparrow usa motores bem mais atuais, com injeção eltrônica multiponto e componentes bem mais resistentes — e dá ao cliente opções que vão de 850 a 1.200 cm³. Os motores menores entregam 75 cv e os maiores, usados na BMW R1200GS, entregam até 109 cv. Como têm tamanho compacto e a mesma configuração de cilindros, os motores são consideravelmente mais simples de adaptar ao cofre do 2CV, podendo ser acoplados até mesmo à transmissão original. Contudo, a Sparrow também oferece câmbios de Citroën mais modernos, com cinco marchas, e até um sistema 4×4 da Babour, instalado no 2CV desde a década de 80.

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O regime de rotações mais alto dos motores de moto — a potência máxima do motor 1200 chega aos 7.750 rpm — não é um problema com o baixo peso de um 2CV porque originalmente eles costumam pesar no máximo 600 kg. Isto fica mais do que atestado neste vídeo do “carro de demonstração” da Sparrow no circuito britânico de Mallory Park, em Leicestershire — equipado com o motor de 95 cv de uma BMW 1100 GS.

A velocidade máxima do Citroën 2CV com o motor 1100 é de 177 km/h, mas é a aceleração que impressiona: o 0 a 100 km/h é cumprido em pouco menos de nove segundos! Para se ter uma ideia, o motor de 375 cm³ do Citroën 2CV de 1948 só era capaz de levá-lo a 64 km/h — velocidade atingida em mais de 42 segundos. Só em 1970 o 2CV recebeu um motor capaz de levá-lo aos 100 km/h — em 35 segundos.

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Agora, se o motor é muito mais moderno, o mesmo não pode ser dito do resto do carro: a Sparrow optou por manter a transmissão, bem como a suspensão e os freios originais do carro. Aqui, podemos vê-lo em ação na Prescott Hillclimb 2015, uma subida de montanha organizada pelo Bugatti Owners Club no Reino Unido:

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Dezenas de Citroën já receberam motores BMW com kits de conversão da Sparrow. O kit, que custa £ 600 (cerca de R$ 2.200) inclui uma flange para o câmbio, adaptador para o virabrequim, um volante de motor, adaptadores para os coletores de admissão e suportes para o motor — que pode ser fornecido pelo cliente ou comprado à parte, bem como o motor de partida, sistema de escape e radiador de óleo, se necessário.

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Muitos destes carros competem em eventos históricos por toda a Europa — e um dos favoritos é a 2CV 24 Hour Race, que acontece todos os anos no circuito de Anglesey, no Reino Unido — o próprio Pete Sparrow, fundador da companhia, participa destas competições. Já deu para ver que os ingleses têm uma queda pelo guarda-chuva sobre rodas, não é mesmo? Até mesmo Chris Harris, que dirige os superesportivos mais rápidos do mundo, diz que o 2CV é o melhor carro que existe!

Ver este 2CV quase nos faz lamentar o fato de ele nunca ter sido vendido aqui — para concorrer com o Fusca, talvez. De qualquer forma, gostamos da ideia de colocar um boxer mais moderno no cofre do Deux-Chevaux. Próxima parada, 2CV com boxer Subaru?

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 [ Sugestão do leitor MadSubaru ]