Voltando para contar a parte final do meu PC. Na verdade, só será o final da história por aqui, depois do carro quase pronto tive alguns problemas e resolvi mudar totalmente o projeto novamente.
Depois da decisão de dar uma geral no carro e montar turbo novamente, decidi ir fazendo as coisas com calma.
Primeiro desmontei o carro e voltei ele original (como nenhuma peça do aspirado iria continuar, decidi desmontar e ir vendendo logo as peças). Como não tinha totalmente definido as peças a serem utilizadas no turbo, decidi partir para parte de pintura primeiro.
A pintura do carro no geral estava bastante cansada, com muitas marcas de estrada e alguns arranhões. Como a solução seria acabar pintando todo o exterior, comecei a pensar na possibilidade de trocar a cor do carro.
Sempre tive vontade de fazer ele branco (quando o dólar ainda permitia, pensei em montar um FD2, Type R japonês, mas o custo ainda era alto e qualquer batida teria que importar peças), mas depois dessa onda de venda de carros brancos desanimei um pouco. Pensei em cores que não se vê muito por aqui. O Fiji Blue Pearl já temos um rodando pelo Brasil, então fui procurando as outras. Vi a Redline Orange Pearl, em algumas fotos achei a cor legal, mas em outras nem tanto, com isso acabei desanimando dela. Depois de pesquisar um pouco acabei optando pelo Fiji Blue Pearl mesmo. Seria uma cor diferente aqui no ES e uma cor que me agrada muito.
Decidida a cor, hora de procurar uma oficina para poder iniciar os serviços. Como a mudança de cor era do vermelho para o azul, tinha que procurar uma oficina que poderia desmontar o carro para poder pintar o interior e o cofre do motor também. Depois de ouvir algumas recomendações, decidi fazer na oficina onde havia sido feito um New Civic com a cor azul do Fit novo.
Hora de deixar o carro na oficina para a troca de cor. Chegando lá, me deram o prazo de 40 dias, já imaginava que seria maior, mas naquele momento não me importava muito com o tempo, somente que o serviço fosse feito corretamente. Como a tinta não existe no mercado, teve que ser fabricada a partir do código da Honda. Solicitaram um quarto de tinta para fazer o teste da cor. Gostei do resultado, apesar de não estar escuro como imagino que a Fiji Blue Pearl seria. Voltei algumas vezes para ir conferindo o andamento e também para ajudar eles em algum detalhe do carro que eles não conhecessem.
Depois da pintura totalmente pronta, realmente a cor era mais clara que a Fiji Blue Pearl, mas o resultado me agradou mais do que se fosse exatamente a cor escolhida.
Nesse tempo que o carro ficou na pintura, decidi as peças a serem utilizadas no turbo. Como o dólar estava caro, a ideia foi fazer o kit com algumas peças nacionais.
Começando pelo básico do kit turbo:
Turbina – depois de pesquisar um pouco sobre as opções nacionais, decidi optar por uma turbina da Master Power. Como já tinha visto algumas pessoas usando e até preparadoras conhecidas vendendo kit com essa turbina, achei a melhor opção. O modelo escolhido foi a R545-2. Recomendada pela fabricante em preparações entre 270 e 600 cv. Como a ideia era algo próximo a 400 cv, iria trabalhar com folga na turbina e ainda sobraria turbina caso quisesse fazer algum upgrade futuro.
Bicos – na primeira vez que montei o kit turbo no carro eu utilizei os bicos ID1000 (Injector Dynamics), mas novos eram muito caros (cerca de 480 USD, fora frete e impostos). E também na primeira preparação o bico trabalhou perto do limite e eu pretendia ter bico de sobra caso quisesse algo maior no futuro, decidi procurar outras opções. Uma opção que ouvi bons comentários foi uma empresa nacional (Dalton) que trabalhava em bicos aumentando a sua vazão. Decidi por optar pelos bicos de 120 lbs que eles vendem.
Embreagem – Como é um item de desgaste regular, decidi procurar opções nacionais aqui também, que no futuro seria mais fácil de repor. Pesquisei um pouco e decidi por optar pela embreagem de cerâmica da Displatec com carga no platô de 980 lbs.
MAP – como a MAP original do carro marca somente até 10 psi (aprox. 0,7 bar), e que também não foi projetada para trabalhar com pressão positiva, decidi optar pela MAP 4 Bar da Hondata (que marca de -1 bar até 3 bar de pressão manométrica, 0 até 4 em pressão absoluta).
Pressurização – pela dificuldade de encontrar tubulações curvas de alumínio (ou encontrar com preço elevado), decidi importar um kit com mangotes e tubulações em alumínio em 2,5”.
Escape – como na primeira vez eu usei o escape Full-Race e acabei achando o carro silencioso demais, decidi fazer o escape por aqui mesmo, somente trazendo um abafador final com a ponteira azul (Titanium Tip). Como todo o escape seria feito por aqui, optei por utilizar flanges V-Band (considero elas mais fáceis para montar e desmontar). O escape foi confeccionado pelo Gringo aqui no ES mesmo, e foi feito todo em 3”, dividido em 2 pedaços.
Coletor de escape e downpipe – seguindo a mesma receita da primeira vez, decidi fazer o coletor e o downpipe com o Gringo. Ambos feitos em aço inox, com o downpipe começando em 2,5” (tamanho da saída da turbina) e após a primeira curva aumentando para 3”, finalizando em um flange V-Band que seria ligada ao escape.
Intercooler – até pensei em trazer um intercooler junto com a pressurização, mas depois de pesquisar as opções disponíveis no mercado nacional, acabei optando por um intercooler da SPA turbos.
Blow Off – como gostava do barulho que a blow off do meu primeiro kit fazia, decidi instalar outra igual dessa vez. Seria uma blow off HKS.
Wastegate – como a turbina escolhida não possuía wastegate interna, tive que procurar uma externa. A escolhida foi uma Tial de 38 mm com mola de 0,35 bar.
Sistema de combustível – para alimentar o combustível, mantive a bomba que já utilizava na preparação aspirada (AEM 340 lph), mas agora instalada no copo do Civic Flex (que possui retorno de combustível). Com isso pude instalar um dosador para compensar o ganho de pressão o coletor de admissão. Para alimentar o combustível instalei uma nova linha de combustível, que logo após a saída do copo passava por um filtro de combustível (filtro do Civic Flex), chegando até a flauta de combustível (agora estava instalada uma flauta da Skunk2 com entrada de combustível por um lado e saída no lado oposto). Após sair da flauta passava pelo dosador e depois utilizava a linha original do carro como retorno até o tanque. Obs: comprei o copo pela internet e o vendedor acabou enviando o copo do Civic 2012+, foi instalado assim mesmo e funcionou, só o marcador de combustível que não funcionava perfeitamente.
Fora esses itens, também foi instalada uma solenoide para poder realizar o controle de pressão pela Hondata.
Como o carro já estava todo desmontado, decidi fazer uma limpeza geral nos bancos e nos acabamentos do interior. Enquanto deixei tudo para fazer a limpeza, juntei as peças do kit turbo e levei o carro para a oficina para realizar a montagem.
Duas semanas depois volto para pegar o carro pronto, mas não acertado ainda. Saindo da oficina, levo o carro para terminar a montagem do interior. Depois de mais algum tempo, pego o carro finalmente pronto. Para a conclusão do projeto faltaria ainda o acerto, pintura das rodas (estavam com alguns ralados e iria escolher uma cor mais clara), e a instalação de um novo aerofólio.
Primeiro dos três a ser realizado foi a montagem do aerofólio. Apesar de gostar do aerofólio original, acabei por optar pelo mesmo utilizado no Mugen Si, mas com a parte central em fibra de carbono. O resultado ficou melhor do que o esperado, o conjunto ficou muito bonito, altura do carro com as rodas 18” e agora o novo aerofólio.
Como os pneus do carro estavam perto do fim, resolvi esperar a troca para realizar a pintura das rodas. Com isso o próximo passo seria o acerto.
Nas primeiras puxadas uma surpresa. Entrou mais pressão do que o esperado chegando a dar boost-cut (você programa uma pressão máxima e caso ela seja atingida a central corta a injeção). O boost-cut estava regulado para 0,8 bar, bem acima do que a wastegate era para permitir. Após analisar o problema, decidimos desmontar a wastegate. Com isso descobrimos que a mola não tinha encaixado corretamente, com isso não estava permitindo a abertura total da wastegate. Após novos testes foi constatado o correto funcionamento da wastegate.
Antes mesmo de terminar o acerto do carro, aconteceu uma quebra. Um ruído vindo da caixa de marchas. Por sorte estava próximo de casa e consegui levar o carro para casa. Como não sabia o que eu faria com a caixa, decidi desmontar em casa mesmo. Depois de retirar a caixa e levar até minha casa, realizei a abertura da mesma e constatei que havia quebrado a coroa e pinhão. Nesse momento eu tinha duas opções: montar original novamente (a gente acha que a coroa e pinhão da caixa já estavam fragilizadas por algum motivo. Essa caixa tinha sido comprada usada) ou partir para o câmbio forjado. Depois de analisar as duas possibilidades acabei optando pelo original mesmo. Se fosse para montar forjado, já queria fazer o câmbio completo, e no momento seria muito dinheiro. E também pelo fato dessa quebra ter me lembrado de todas as outras que tive quando montei o turbo pela primeira vez, acabei desanimando um pouco do carro.
Consegui achar as peças aqui no ES mesmo, usadas, mas teoricamente em bom estado. Não demorou muito o carro já estava rodando de novo. Com isso veio a hora de fazer o acerto.
Depois de pronto veio a surpresa. A wastegate não conseguia segurar a pressão baixa, com isso o carro acabou rodando com mais de 0,35 bar. Acabei gostando do resultado que a pressão acabou vindo progressiva. De terceira marcha ela chegava a bater em 0,5 bar e de quarta 0,7 bar. Segurava em 0,35 até uns 6000 rpm e só depois subia.
Com o acerto pronto e rodando com o carro você até chega a esquecer o problema do câmbio. O carro desenvolve demais, potência e torque de sobra o tempo todo.
Como o carro estava praticamente pronto, resolvi consertar a questão do copo do tanque de combustível.
Comprei o do Civic 2007+ e realizei a instalação (o copo do 2012+ além de não estar marcando corretamente não ficava totalmente firme na posição pois ele era um pouco mais estreito que o do 2007), mas após o copo instalado, comecei a ter falta de combustível quando o carro abaixava de meio tanque. Provavelmente algum encaixe na parte inferior do copo, mas após desmontar o conjunto umas três vezes, acabei não conseguindo solucionar o problema.
Rodei um tempo assim ainda com o carro, mas o medo do câmbio quebrar novamente, e o problema de falta de combustível foram me desanimando do carro. Chegou a um ponto que tudo estava me incomodando. Apesar de gostar muito do carro turbo, decidi por desmontar o kit e deixar uma preparação mais leve, que não me desse susto. Como uso o carro diariamente isso era primordial. Teria novamente o Si turbo, mas somente se ele for meu carro de final de semana, para uso diário já não acho mais uma boa opção (acho que a idade vai chegando também).
Depois disso tudo o projeto está tomando novos rumos, até pensei em vender o carro, mas como gostei muito do resultado da pintura, decidi ficar com ele. A ideia do projeto agora é uma preparação leve (algo próximo da preparação do post anterior) que não me deixe na mão no dia-a-dia, e que eu posso ir rodando para um track day, correr e voltar para casa sem me preocupar.
Finalizando com uma frase que vi em um vídeo do Car Throttle:
“Todo mundo sabe que um Project Car nunca é concluído”
Até a próxima!
Por Augusto Zuqui, Project Cars #358
Uma mensagem do FlatOut
Augusto, sensacional a nova pintura e o visual final (ou não…) do seu Civic Si. Um projeto ousado como poucos e bem executado — e melhor ainda: para curtir o carro nas ruas e nas pistas. Parabéns pela conclusão do projeto!