Ninguém esperava muita coisa do Salão de Detroit neste ano além do lançamento (finalmente) da versão de produção do novo Honda NSX. Acontece que um monstro azul com motor V6 biturbo e duas gigantescas saídas de escape na traseira apareceu bem na hora e pegou todo mundo de surpresa: o novo Ford GT, que ainda é um conceito mas está praticamente pronto para a produção.
Como a Ford conseguiu guardar o segredo tão bem é um mistério para nós — fosse o novo GT um projeto nosso, sairíamos contando para todo mundo. Mas o que importa é que, em parceria com a Turn10, desenvolvedora de Forza Motorsport, a companhia publicou este vídeo que nos dá uma boa noção de como a equipe trabalhou no desenvolvimento do novo supercarro.
Para começar, o Ford GT foi projetado em um porão — quer dizer, no andar subterrâneo do centro de design da Ford — e o maior desafio desde o começo foi criar algo que fosse imediatamente reconhecido como uma versão moderna do carro que, em 1966, venceu as 24 Horas de Le Mans pela primeira de quatro vezes seguidas, mas ao mesmo tempo não tivesse uma cara praticamente igual à de 50 anos atrás, como foi feito em 2005 com o Ford GT.
Na verdade o aniversário de 50 anos da primeira vitória do GT40 em Le Mans acontecerá no ano que vem, que é quando o novo GT entrará em produção. Mas o que a gente quer dizer você provavelmente entendeu: o supercarro representa um grande salto em relação ao modelo de dez anos atrás mas, ao mesmo tempo, fica óbvio de onde ele veio, o que se deve às proporções gerais e à identidade visual da dianteira, no formato do bico e dos faróis.
Contudo, o que realmente torna o novo GT algo incrível é o cuidado na parte técnica, com direito a algumas revoluções. A primeira e mais óbvia é o V6 biturbo, feito a partir dos motores usados pelos protótipos Daytona da Ford, cujas especificações técnicas ainda não foram reveladas, mas admite-se que tem “mais de 600 cv”. Trata-se de uma solução controversa, visto que o Ford GT sempre foi conhecido pelo V8, seja o antigo ou o novo, mas este é um sinal dos tempos que teremos que aceitar — considerando o ronco do carro em Detroit e o desempenho do V6 nas 24 Horas de Daytona até que não é má ideia.
Mas o motor é só o começo. Chris Svensson, diretor de design da Ford americana, diz que o uso extensivo de fibra de carbono na estrutura permitiu formas mais ousadas e, ao mesmo tempo, de estética puramente racer, transmitindo uma sensação de “leveza e esportividade” — nas linhas do painel, por exemplo.
Por falar no painel, sua função vai além de abrigar os instrumentos e decorar o interior: feito de fibra de carbono, ele é um componente estrutural importante do carro — a cross car beam, uma barra transversal que contribui muito para a rigidez da estrutura, assim como todo o teto. Ele pode ter perdido o clássico layout com todos os instrumentos alinhados e o conta-giros voltado para o motorista (ou seria piloto?) e ganhou uma tela digital, mas você esperava algo diferente em 2016?
Dá para ver que os caras da Ford estão bem orgulhosos do carro — e, sendo um vídeo feito em parceria com Forza 6, também descobrimos que o novo GT ajudou no desenvolvimento do game: a Turn10 teve acesso a dados exclusivos sobre o supercarro antes de todo mundo e, para Dan Greenawalt, diretor criativo da equipe de Forza, acredita que isto tornará o público ainda mais próximo do carro. É como na década de 80, quando os moleques tinham pôsteres com fotos de supercarros na parede: Svensson acredita que o GT em Forza 6 faz aquelas fotos se tornarem reais.
Falando em fotos na parede, : em alguns dos frames do vídeo (como aos 1:45 e 2:45, por exemplo) dá para ver imagens de um esboço do GT com uma barbatana e uma asa traseira generosa. Seria a versão de corrida — que, segundo boatos, será colocada para competir ainda neste ano? — ou um sketch inicial do modelo?