AFun Casino Online

FlatOut!
Image default
Car Culture

O Bugatti Atlantic moderno que a VW desistiu de fabricar

O retorno da Bugatti, nos anos 2000, nos trouxe o insano Veyron – o carro que, com seus mais de 1.000 cv e capacidade de ultrapassar os 400 km/h, levantou a barra para os superesportivos que viriam nos anos seguintes. Nem todos eles apostaram em um motor W16 de oito litros com quatro turbos, evidentemente. Mas, de certa forma, o Bugatti Veyron estimulou as outras fabricantes a embarcar em uma saudável guerra de potência e performance.

Ainda não é assinante do FlatOut? Considere fazê-lo: além de nos ajudar a manter o site e o nosso canal funcionando, você terá acesso a uma série de matérias exclusivas para assinantes – como , ,  e muito mais!

 

FLATOUTER

O plano mais especial. Convite para o nosso grupo secreto no Facebook, com interação direta com todos da equipe FlatOut. Convites para encontros exclusivos em SP. Acesso livre a todas as matérias da revista digital FlatOut, vídeos e podcasts exclusivos a assinantes. Direito a expor ou anunciar até sete carros no GT402 e descontos em oficinas e lojas parceiras*!

R$ 26,90 / mês

ou

Ganhe R$ 53,80 de
desconto no plano anual
(pague só 10 dos 12 meses)

*Benefícios sujeitos ao único e exclusivo critério do FlatOut, bem como a eventual disponibilidade do parceiro. Todo e qualquer benefício poderá ser alterado ou extinto, sem que seja necessário qualquer aviso prévio.

CLÁSSICO

Plano de assinatura básico, voltado somente ao conteúdo1. Com o Clássico, você terá acesso livre a todas as matérias da revista digital FlatOut, incluindo vídeos e podcasts exclusivos a assinantes. Além disso, você poderá expor ou anunciar até três carros no GT402.

R$ 14,90 / mês

ou

Ganhe R$ 29,80 de
desconto no plano anual
(pague só 10 dos 12 meses)

1Não há convite para participar do grupo secreto do FlatOut nem há descontos em oficinas ou lojas parceiras.
2A quantidade de carros veiculados poderá ser alterada a qualquer momento pelo FlatOut, ao seu único e exclusivo critério.

Avançando um pouco no tempo, em 2018 foi a vez do Bugatti Chiron – o sucessor do Veyron, que previsivelmente falhou em causar o mesmo impacto. Já ouviu falar na “crise do segundo álbum”? É quando uma banda ou artista lança um trabalho tão bom e influente que, na hora de fazer seu sucessor, é difícil não ser criticado – por melhor que aquele álbum seja. Goste ou não do Veyron, ele foi um carro impressionante do ponto de vista técnico, e um carro extremamente influente. Desde o começo, todos sabíamos que seria difícil para a Bugatti fazer um sucessor que tivesse o mesmo impacto. Praticamente impossível – ainda que o fato de um Chiron ter chegado aos 500 km/h há alguns meses tenha sido impressionante de todo modo.

Com o Chiron, a Bugatti adotou uma abordagem evolucionária, aperfeiçoando o conjunto mecânico já bem resolvido do Veyron, mantendo as proporções de “besourão” e dando a ele uma nova identidade visual, mais sofisticada e adequada aos anos 2020.

E é isto que me entristece um pouco: há algumas semanas, a Bugatti revelou um conceito “perdido” que poderia ter sido um sopro de ar fresco para a marca e, ao mesmo tempo, seria um throwback mais fiel às raízes da empresa como fabricante de luxo. Seu nome? Bugatti Atlantic. E ele era lindo, simplesmente lindo.

Foto: Autoblog

O carro ficou escondido no QG da Bugatti por pelo menos cinco anos – ele foi cancelado em 2015, quando o protótipo já estava pronto. Só no mês passado é que o pessoal do Autoblog conseguiu dar uma conferida de perto no carro, e também colher algumas informações. E, mais recentemente, a youtuber Supercar Blondie também teve acesso ao protótipo e conseguiu até mesmo conversar com o projetista, Frank Heyl – que, na época, fez parte da equipe que criou o design do Atlantic e, mais tarde, tornou-se chefe do departamento e o principal nome por trás do Chiron.

A semelhança com o que veio a se tornar o Chiron é notável. Repare, por exemplo, no formato dos faróis e, principalmente, a letra “C” formada pela volta nas laterais da carroceria. Isto posto, as proporções são completamente diferentes: o Atlantic é dono de um perfil muito mais grand tourer, com capô longo e um caimento bem fastback no teto. Olhando para ele, vêm a mente modelos como o Mercedes-AMG GT ou o Jaguar F-Type Coupe. Graças às proporções, o Atlantic também parece consideravelmente menor que o Chiron, mas na verdade ambos são quase do mesmo tamanho.

O nome do carro, como os leitores mais entendidos devem ter sacado, é uma referência ao Bugatti Type 57SC Atlantic, que teve só quatro unidades fabricadas pela Bugatti entre 1936 e 1938 – e um dos carros mais caros e valiosos do planeta, com preço estimado em mais de US$ 35 milhões (equivalente a R$ 175 milhões na cotação atual).

Ele usava a mesma base dos outros Type 57, com um oito-cilindros em linha de 3,3 litros e 175 cv, mas sua belíssima carroceria projetada por Jean Bugatti era o grande diferencial. Ela era feita de Elektron, uma liga de magnésio altamente inflamável que impediu o uso de soldas na fabricação – em vez disso, os painéis forma unidos com rebites, o que originou a característica “barbatana” que percorria todo o comprimento do carro.

O Atlantic moderno foi pintado de preto, em referência ao mais famoso dos Atlantic originais, e também ganhou uma barbatana – ainda que, em seu caso, ela seja puramente estética, já que o carro é feito sobre um monocoque de fibra de carbono. O formato da grade dianteira é outra referência ao clássico, embora seja mais baixa por exigência da legislação europeia, que estabelece que o capô não pode ser visível do banco do motorista.

Na traseira, o Atlantic tem uma tampa de hatchback automática que, ao abrir, revela um porta-malas raso, porém espaçoso, no qual ficam guardadas quatro malas feitas sob medida. As portas são do tipo borboleta, algo que não é visto no Veyron e nem no Chiron. O interior, por outro lado, é bem parecido com o que se vê no hipercarro em design e acabamento.

A diferença mais importante seria mesmo a mecânica – o capô abrigaria um V8 biturbo, posicionado atrás do eixo dianteiro e ligado a um transeixo na traseira, de modo a manter a distribuição de massas em 50/50, frente/traseira. A ideia seria colocar o Atlantic abaixo do Chiron em termos de preço e, para isto, a Bugatti utilizaria componentes “de prateleira” do grupo. Para o motor, havia algumas opções interessantes – como o V8 de quatro litros da Audi, que na RS6 Avant, por exemplo, entrega seus 600 cv e 81,5 kgfm de torque. Um detalhe interessante: o carro foi pensado também para um powertrain elétrico – de acordo com Frank Heyl, a ideia era que o cliente optasse por combustão ou eletricidade no momento da compra. No caso do Atlantic elétrico, a ideia era usar quatro motores, um para cada roda, e colocar as baterias no assoalho.

O protótipo estava muito próximo da linha de produção, e até tinha a numeração do chassi, 001, gravada no volante. Mas acabou abortado em meio ao escândalo das fraudes de emissões do Grupo VW – e a Volkswagen reavaliou todos os seus lançamentos, incluindo o cancelamento do Bugatti Atlantic.

Recentemente têm surgido rumores sobre um possível modelo “de entrada” da Bugatti – não um carro barato, obviamente, mas um automóvel com a mesma missão do Atlantic. A fabricante já confirmou que ser uma marca de um carro só está fora dos planos – então, podemos ao menos torcer para que a ideia de um grand tourer elegante como o Atlantic ainda esteja em pé.