Bandeira quadriculada à vista, amigos! Mais um ano acelerando juntos… e que ano esquisito, hein? Ao menos, agora a gente sabe como é a vida de um project car, meses entocado e mofando, enquanto planos são feitos na teoria, temperados pela mais pura inércia na prática! Piadas à parte, espero que todos estejam bem e com saúde. Foi um ano complicado, como um período noturno de Le Mans com chuva e neblina. Seguindo essa tese, quando o pior passar, o que vem na sequência será a golden hour: primeiros raios de sol, asfalto e ar de admissão frios, tempos baixos. Mais do que esperar por isso, batalhemos por isso.
Para 2020, prometemos muitas novidades. E podemos bater essa no peito com orgulho: cumprimos. Foi o ano em que o MAO entrou para a nossa equipe, fazendo do power trio um fab-four. Foi o ano do FlatOut ClubSport, materializando vários tipos de vídeos que sempre sonhamos fazer (e em breve, o FlatOut Midnight estará de volta, agora no ClubSport!). Foi o ano que nosso podcast começou. Foi o ano em que o quadro FlatOut Classics & Street decolou de vez. Foi o ano em que vimos o Leo Contesini e o Dalmo Hernandes pela primeira vez em vídeo! Até realizamos um track day! Nada mal para um ano tão apocalíptico.
A única coisa que lamentamos foi a falta de um encontro geral – foi a única promessa feita em 2020 que não pudemos cumprir, por razões óbvias.
Em 2021, vamos carregar esse momentum para seguir de pé cravado. Deixo no ar um teaser: será o ano em que realizaremos um sonho de vocês. Não falo de forma metafórica, mas sim da forma mais concreta possível. Algo que nunca fizemos antes.
Traremos mais conteúdos técnicos, movimento já iniciado pelo Leo Contesini com o quadro “Graxa” no YouTube e que me motivou também a tirar da inércia o FlatOut Driving Academy. Teremos novos Project Cars da equipe. E traremos mais conteúdos com carros “pé no chão”, que fazem parte da realidade da maior parte do nosso público.
Mas hoje é o último dia do ano. É dia de resoluções pessoais para 2021. Como é sempre tradição, vamos listar as nossas aqui – mas queremos ler as suas resoluções também. Participe na área dos comentários e diga quais são os seus sonhos e metas automotivas (e caso queira, pessoais) para este ano novo!
Mais velharia & rock’n roll – Juliano Barata
Música, carros antigos e pista. Foi assim que comecei minhas resoluções do ano passado: com o desejo de voltar às raízes, de nutrir as coisas que mais me motivam. Sendo algo tão importante, começo olhando para trás, revisitando o post de 365 dias atrás para verificar se fui coerente entre o que idealizei e o que vivi.
Música. Foi uma realidade interrompida. Iniciamos o ano formando uma banda de rock entre eu (baixo), o Cris da Interlakes (guitarra) e o Gui da Avantgarde (vocais) e estávamos com o setlist do primeiro ensaio definido e com as músicas tiradas quando a pandemia veio. O lockdown literalmente aconteceu na semana em que estávamos começando a discutir a data de ensaio. Fuck.
O meu baixo Ric 4003 e um Challenger Plum Crazy em Los Angeles: uma das viagens mais bacanas e um dos textos que mais gostei de ter escrito. Nunca leu? Confira aqui!
Caras, música faz um bem danado pra cabeça, mas tocá-la é quase terapêutico, porque além de trazer aquela overdose de dopamina da própria música em si, há uma demanda de foco tão grande que, quando você se dá conta, não existem mais problemas. Você está em outro lugar, uma dimensão paralela. Recomendo muito para afastar qualquer tipo de energia ruim.
A segunda resolução que tinha feito, mais carros antigos: foi o ano do Opala. Eu vivi, cuidei e fiz muitos planos para este meu carro. Quem nos acompanha no canal de YouTube sabe bem, mas na minha vida particular, foi mais envolvente: em muitas ocasiões viajei com o carro, tanto por lazer quanto a trabalho. Foi e está sendo um belo companheiro. E antes da pandemia, encontrei os leitores assinantes do plano FlatOuter em alguns pequenos encontros improvisados.
Também foi o ano em que o Prelude e o Sandero RS foram embora. O primeiro eu já tinha até comentado no post de resoluções 2020: era uma questão de foco. Só consigo ter um projeto meu na garagem, não dois. E o Sandero RS do FlatOut foi “tirado” de nossas mãos por um leitor e uma boa proposta. Não afeta o Driving Academy e até abre a possibilidade de usarmos carros diferentes emprestados pelas montadoras.
A terceira resolução que tinha feito era pista: e realmente teve muita coisa, muito conteúdo gravado em autódromo, o que incluiu não só um punhado de avaliações como, acima de tudo, o nosso primeiro track day (novamente, exclusivo para assinantes do plano FlatOuter), que rolou lá no Autódromo da Capuava. Mas faltou matar aquela vontade de andar de kart de aluguel… deve fazer dois anos a última vez que me sentei em um.
Mas e para 2021?
Comecemos com uma tijolada. Estão anunciados para quanto o – decisão que a um incauto pode soar como falta de lógica, de apego, de coerência. Pode causar revolta, decepção. Mas nada mais humano que a mudança.
Decidi abrir mão deste sonho, deste projeto que, quanto mais penso a respeito, mais acho sensacional. E a motivação é tão forte quanto ela pode ser: para realizar o maior de todos, o número 1. Não espere razão técnica para isso, não necessariamente é um projeto melhor. Apenas é o meu grande sonho de adolescência, de adulto, de uma velhice que será tão certeira quanto o sol que se põe. É outra velharia, é claro. Na hora certa, contarei toda essa minha história e vocês saberão qual é o carro.
Segunda resolução: concretizarmos esta banda que a pandemia congelou. Ensaiarmos e tocarmos para vocês na primeira oportunidade pós-pandêmica que existir. Acho que isso vai abrir uma outra faceta de interação entre nós, tanto real quanto virtual, e espero que isso também estimule o Leo e o Dalmo a voltarem a tocar. E MAO, nunca é tarde para começar!
A última resolução é um desejo. Que a sociedade pare de adoecer naquilo que vacina alguma irá curar. As redes sociais estão deixando todos doentes, polarizados, neuróticos. Isso está afetando profundamente todas as esferas, e evidentemente inclui o meio dos entusiastas.
Polêmicas viraram hobby para quem consome, fonte de popularidade para quem produz. Julgar o alheio e avacalhar quem não se conhece se tornaram padrão de comportamento social. Bem como subestimar os outros e superestimar a si. Espero que o mundo abra os olhos e que isso pare de piorar.
Agradeço de coração por estarem ao nosso lado nessa jornada. Começando o oitavo ano de FlatOut, caras. Um grande abraço e encham a cara por nós – e se você não bebe, encha a cara de pavê. Também é muito bom.
O ano do meu Project Car em família – Leo Contesini
2020 acabou, passou mais rápido que minha vontade de ter um helicóptero quando chego à Raposo Tavares depois das 17h. Para 2021 o horizonte é bom: temos vacinas a caminho, uma possível retomada da normalidade e, pessoalmente, alguns projetos na garagem.
Não vou me alongar refletindo sobre 2020. Foi angustiante no começo, depois, à medida em que tomávamos ciência de como lidar com o vírus coroado, foi mais fácil lidar com a rotina afetada. Este foi o ano em que eu mais dirigi desde 2010, quando comecei a trabalhar em home office. Sério: dirigi muito, por todos os lados. Se temos que manter o distanciamento, que seja dentro de um carro, queimando gasolina, isolado por vidro, metal e borracha.
Consegui combinar minhas três paixões: família, carros e guitarras. Tudo ainda de forma imperfeita, mas melhor do que nada. Tomei vinho com meu pai em seu aniversário, cuidei da minha família do jeito que ela precisava, realizei o sonho de ter minha Gibson Goldtop depois de 20 anos e, no finalzinho do ano, quando a gente já achava que nada mais ia acontecer, me tornei “sócio” em um Volvo 960.
Pois é…
Eu já havia dado algumas pistas de que algo estava a caminho. No meu instagram pessoal (me siga lá: @leocontesini) publiquei algumas imagens do seis-em-linha encaixotado, no podcast coloquei o mesmo seis-em-linha berrando no desafio do ronco e, na semana passada, publiquei uma pensata tentando explicar por que gostamos desses carros quadrados, sóbrios e racionais.
O 960, muita gente não lembra, tem tração traseira. Tem quase cinco metros. E tem um seis-em-linha robusto como o estereótipo das suecas — o que significa que você pode dar uma “forcinha” na admissão do motor. Uma força aplicada sobre uma área. Procure no Google se não entendeu.
Então este será meu projeto para 2020: metade das economias vão para o cofrinho, a outra metade vai se transformar em produtos da metalurgia sueca e componentes de fornecedores brasileiros que tiverem o que for necessário para colocar essa barca na estrada.
O projeto é simples: montar o motor com o câmbio Eaton FSO2405J (também conhecido como “câmbio manual da Nissan Frontier 4×2 que os Opalas da Old Stock estão usando atualmente”) e, em seu último estágio, um turbo do tamanho de uma lata de panetone que o Guilherme tem guardado no andar de baixo da minha casa. Rodas de 18 polegadas, freios do XC90, bancos da L200 R, interior espartano para reduzir o que for possível do peso titânico desse negócio.
O processo será registrado em episódios do nosso canal ao longo de 2021 (e espero que somente em 2021). É isso. Desejem-nos sorte.
Um ano para crescer e conquistar – Dalmo Hernandes
É inevitável a constatação, mais uma vez: 2020 foi um ano difícil em vários aspectos, para todo mundo. O meu 2020 começou com uma reviravolta que se desfez, e agora estamos aprendendo a lidar com um novo modus operandi: fazer tudo em casa, à distância. Claro, o regime de trabalho com o FlatOut é de home office desde o início, sete anos atrás, mas em 2020 a coisa toda foi para outro nível. Projetos tiveram de ser cancelados, viagens foram adiadas, e tudo andou muito devagar.
Neste finalzinho de ano, porém, tivemos o primeiro track day organizado pelo FlatOut – um belo evento de pista organizado com os amigos da Crazy for Auto no divertidíssimo autódromo da Capuava. Conhecer os FlatOuters, entender a dinâmica de um dia na pista e ver todo tipo de carro acelerando em harmonia e camaradagem anima qualquer um, e me deu fôlego renovado para mais um ano nesta profissão maluca de jornalista automotivo sem formação acadêmica.
Falando em track day, eis uma de minhas resoluções para 2021: participar de um track day – desta vez, ao volante. Para isto, vou precisar de um carro – e, se o Uno for embora (tudo indica que vai), vou tentar procurar alguma coisa que me incentive a acelerar. Ou não: o que importa, afinal, é curtir o carro que se tem.
Outra resolução para 2020 é continuar a série “Combustão Noturna” com as aventuras do Agente no distante futuro de 2112. A ideia surgiu quase como brincadeira nas reuniões virtuais de nossa ferramenta de chat há vários meses, e eu acabei colocando em prática de forma quase descompromissada. Acabou que o primeiro conto da série foi muito bem recebido por vocês, muito mais do que eu esperava. Então, nada mais justo que continuar.
A terceira resolução é quase irmã da primeira: descolar uma lasanha para me incomodar e fazer do meu jeito, sem me prender a estilos e convenções. Sem pressa e sem compromisso. Um Fusca, Chevette ou mesmo um Fiat 147 seriam bacanas, mas até mesmo um projeto sobre duas rodas – baixa cilindrada e estilo clássico, com influências de scrambler, brat, tracker e cafe racer. Novamente, sem me preocupar com convenções estilísticas e aprovação alheia.
No mais, quero evoluir como membro do FlatOut, aparecer em vídeos e continuar escrevendo esta bela história com a ajuda dos meus colegas de cockpit – Juliano, Leo, MAO e o pessoal dos bastidores. E, claro, a todos os que acreditam e apoiam nosso trabalho.
Acho que dá para cumprir tudo isto em 2021. Feliz ano novo, pessoal. When in doubt, FlatOut!
Um ano sem muitos planos, mas algumas vontades – MAO
“Segurem seus sonhos com vontade
Porque se os sonhos morrem,
A vida é como um pássaro de asas quebradas
Que não pode voar.” – Langston Hughes
Este ano de 2020 não foi um ano bom para se sonhar; foi um daqueles para se sobreviver, passar por ele e sair do outro lado, quem sabe, fortalecido e melhor. Ao fazermos a conta e retrospectiva dele, a dor e o sofrimento sobressaem claramente. Como a maioria das pessoas, perdi amigos, parentes e conhecidos para o vírus. Como a maioria das pessoas, fiquei em casa mais tempo que jamais tinha ficado antes. Pelo menos a casa é espaçosa e boa; minha esposa, filhos e cachorros estão bem. Sobrevivemos.
Mas num ano muito difícil para todo mundo, coisas boas também: em fevereiro, momentos antes da pandemia, entrei para o incrível time deste site. Que é mais que um site: é uma verdadeira comunidade de gente que respira ar com 99 octanas. Conhecer de pertinho o trabalho do Flatout!, e fazer parte dele, foi claramente o melhor de um ano complicado. Obrigado a meus novos amigos Barata, Leo, Dalmo, mas também ao Fernando Cluck e ao Rafael Micheski, e, é claro, a toda turma de apoio por trás desta empresa feita por gente que gosta realmente de carro. Estava sentindo falta de lidar diariamente com gente assim.
Mas e quanto aos tais sonhos? Este espaço é para resoluções automotivas para 2021 afinal de contas. Bom, confesso que este ano tentei fortemente suprimir meus desejos automobilísticos. Mas não dá para negar que, apesar do sucesso na minha empreitada de não comprar nada este ano de 2020, a vontade não passou. Lógico né? O carro da família, um VW Virtus MSI manual comprado zero em 2019 é bem legal de guiar, para a minha sorte, mas não é nada especial: parece mais um taxi branco, afinal de contas. O outro carro nosso também é de uso comum, não meu: um Up TSi que minha filha usava para ir para a faculdade, mas que este ano viu uso esporádico. Não, desde que vendi minha perua E36 manual ao fim de 2019, não tive mais nada que realmente pudesse chamar de só meu na garagem. Talvez consiga mudar isso em 2021, e acho realmente que está na hora. Sonhar é preciso, essencial, ou a vida não vale a pena, como já disse o poeta.
Mas como diz meu amigo AG, sonho impossível não é sonho, é pesadelo, então desta vez estou sonhando de olhos abertos, com pé no chão. Depois de quase 8 anos com a BMW, e com a alta do dólar, e ainda pensando em manter as finanças em ordem, penso que quero algo mais simples, nacional mesmo, com peça barata e que qualquer mecânico conserta. Também me ajuda nisso o fato de que, no ano de 2019, onde todo fim de semana estava andando com um carro diferente para um podcast em vídeo que fazia então, tenha me mostrado que carros mais simples, mas realmente bons como o Uno Mille, me alegram tanto quanto supercarros mega-rápidos. Mesmo frente a Ferrari e Porsche, uma volta em um Peugeot 106 mexido, e um Mille originalzinho, me alegraram de igual forma.
Mas o que quero mesmo, para também me ser útil aqui em casa como era meu saudoso Berlingo, não é o Uno ou o 106, ou qualquer coisa parecida: é uma picape. E sei exatamente qual: a Ford Pampa 1.8 litros a álcool. Tive uma, comprada nova em 1992, e ando com uma vontade danada de repetir, mesmo com os preços relativamente altos que andam pedindo por bons exemplares.
Minha ideia não é modificar muito, só arrumar uma em bom estado e curtir. Mas vou certamente colocar um volante esportivo, com grande offset como os Walrod de Corcel e Maverick GT. Talvez o próprio volante de Maverick GT… E, se conseguir, umas rodas maiores aro 15, com modernos Pirelli Scorpion, para ajudar obliterar quebra-molas, e dar um visual mais parrudo. Motor mais forte? Penso nisso também, e com o AP as possibilidades são infinitas. Mas uma coisa de cada vez, né? Muita calma nessa hora.
Mas como a mente doentia não para de maquinar coisas loucas, quem sabe não consigo ir mais adiante e fazer ela ficar parecida com a decorada pela marca de cigarros Hollywood (RIP) em 1983. Esse é o visual que me inspira. Aí é colocar o som em repetição contínua da música “Breaking all the rules” de Frampton, apontar ela em direção ao pôr-do-sol, e ir embora. Sonhar, afinal de contas, ainda é de graça, e melhor ainda: não paga imposto, e faz um bem danado à cútis!