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Corolla Cross: o novo SUV da Toyota tem o que é preciso para encarar o Jeep Compass?

A Toyota enfim lança no Brasil o Corolla Cross, SUV herdeiro do nome e da plataforma daquele que, há anos, lidera o segmento dos sedãs médios. Mas como este segmento está cada vez menor no País, Toyota precisava mesmo de uma alternativa.

Esta alternativa veio para encarar, principalmente, o competente e bem sucedido Jeep Compass. Para se ter ideia, o Compass concentrou 75% das vendas de SUVs médios no País em janeiro de 2021, com mais de 5.000 unidades vendidas – o Hyundai IX35, segundo colocado, emplacou 299 unidades.

Então, evidentemente a Toyota precisa acertar a mão com o Corolla Cross logo de cara. Será que eles conseguiram?

O visual do carro, para começar, é muito bem resolvido. A Toyota não é conhecida por grandes ousadias estilísticas e com o Corolla Cross, não foi aberta uma exceção. Isto não quer dizer que o carro seja antiquado ou sem graça – apenas que ele não abusa de elementos excessivamente complexos ou polêmicos para atrair a atenção. Em vez disso, a Toyota decidiu dar a ele um estilo próprio, com identidade visual mais agressiva, quase aventureira, que o sedã que lhe deu origem. Os faróis são afilados e são maiores e mais simples que os do Corolla em contorno, porém conferem uma expressão mais “brava” ao Cross. A grade tem formato trapezoidal, com uma moldura bem destacada, e é posicionada entre os faróis – e não no para-choque, como no sedã.

A traseira, por outro lado, tem lanternas que lembram as do Corolla e a placa na tampa do porta-malas, como o sedã. Porém, as semelhanças param por aí – o Corolla Cross faz uma linha mais musculosa e agressiva, enquanto o Corolla é mais milimalista e tem mais superfícies limpas.

De forma geral o Corolla Cross brasileiro, produzido em Sorocaba (SP), é idêntico ao modelo asiático apresentado há alguns meses na Tailândia, e isto também vale para o interior.

O Corolla Cross tem 4,46 metros de comprimento, 1,82 m de largura, 1,62 m de altura e 2,64 m de entre-eixos. Assim, é 17 cm mais alto que o Corolla sedã, porém também é 17 cm mais curto e tem 6 cm a menos no entre-eixos. Em sua avaliação do Corolla Cross, publicada no canal do Autoline, o Juliano Barata também observou que o Corolla Cross é 4 cm mais longo que o Jeep Compass e tem o mesmo comprimento que o futuro VW Taos – o rival que a Volkswagen deve lançar em breve. No entre-eixos, porém, o Corolla Cross tem 1 cm a mais que o Compass, porém 4 cm a menos que o Taos. O Volkswagen Taos, assim, pode ter mais espaço para os ocupantes do banco de trás.

Já o porta-malas do Corolla Cross acomoda 440 litros de bagagem, contra 410 litros do Compass e generosos 498 litros do Taos.

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O interior, aliás, é onde fica evidente a origem do Corolla Cross (além do seu nome, claro): a parte superior do painel de instrumentos é exatamente a mesma do sedã, incluindo instrumentação, central multimídia, volante e comandos do ar-condicionado. No SUV, porém, a porção inferior é mais volumosa, e o console central também é mais robusto. O revestimento das portas também tem outro desenho, com mais “cara de SUV”.

Duvidamos que esta escolha vá incomodar, porém, potenciais compradores do Corolla Cross – tanto os que vão trocar seu Corolla sedã pelo SUV, ou os que pela primeira vez vão considerar um Toyota agora que existe um SUV médio em sua linha. Nesta mesma filosofia, o conjunto mecânico é idêntico em ambos, com a seguinte separação de versões: uma básica com motor 2.0 aspirado de 177 cv; duas intermediárias, uma com o motor 2.0 e outra com o conjunto híbrido 1.8 de 122 cv; e uma de topo, apenas com powertrain híbrido. Elas são, em ordem, XR, XRE, XRV e XRX.

As versões 2.0 têm 177 cv a 6.600 rpm e 21,4 kgfm a 4.400 rpm. Já as híbridas têm 101 cv a 5.200 rpm e 14,5 kgfm de torque a 3.600 rpm no motor 1.8, mais 72 cv e 16,6 kgfm no motor elétrico, com potência combinada de 122 cv. Todas as versões têm câmbio CVT, mas só aquelas com motor 2.0 têm simulação de marchas. O Corolla Cross XRE ainda tem um modo “Power” para o câmbio, que torna as respostas às trocas mais imediatas e intensas em busca de comportamento mais empolgante.

O Toyota Corolla Cross XR, mais barato da gama, já tem volante multifuncional revestido em couro, retrovisores com rebatimento elétrico e indicadores de direção, faróis de neblina de LED, tela de 4,2 polegadas no painel, ar-condicionado automático, banco do motorista com ajuste de altura, faróis halógenos com acendimento automático, vidros elétricos com função um-toque em todas as portas e central multimídia com tela de oito polegadas com Apple CarPlay e Android Auto e porta USB na traseira. Em segurança, ele tem sete airbags, sensor de estacionamento traseiro, câmera de ré e controles eletrônicos de tração e estabilidade.

A versão XRE, de R$ 149.990, traz os mesmos itens da XR, e acrescenta rodas de 18 polegadas, acabamento em couro, chave presencial com partida por botão, cruise control, retrovisor interno fotocrômico, faróis e lanternas de LED, sensor de chuva e aletas para trocas de marcha – além do modo Power para o câmbio.

Acima dela, apenas versões híbridas. Por R$ 172.990, o Corolla Cross XRV vem com todos os equipamentos da XRE, mais cruise control adaptativo, alerta de ponto cego, farol alto automático, alerta de colisão com frenagem automática, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, alerta de tráfego cruzado e aviso de saída de faixa.

Já a versão de topo XRX, que sai por R$ 179.990, soma interior em couro bege, painel de instrumentos com tela de 7 polegadas, ar-condicionado dual-zone, banco do motorista com regulagem elétrica, iluminação ambiente e teto-solar elétrico.

 

Corolla Cross vs. Compass

Por ora, o único grande rival a ser batido em volume de vendas é o Jeep Compass com motor a gasolina, atualmente oferecido em três níveis de acabamento: Sport, de R$ 138.320; Longitude, que custa R$ 153.576; e a topo de linha Limited, que sai por R$ 175.953 no momentos. Todas usam o mesmo 2.0 flex de 166 cv e 20,5 kgfm de torque, ligado a um câmbio automático Aisin de seis marchas com tração dianteira (a tração integral fica reservada às versões turbodiesel).

A rivalidade é bem definida: Compass Sport encara Corolla Cross XR; Compass Longitude enfrenta o Corolla Cross XRE; e Compass Longitude fica bem no meio termo entre as duas versões híbridas.

O Toyota Corolla Cross XR traz equipamentos muito semelhantes aos do Compass Sport, mas fica devendo faróis de LED (no Toyota eles são halógenos e apenas os faróis de neblina são de LED). A tela da central multimídia é maior no Corolla Cross (8” contra 7”) mas, fora isto, a lista de itens de série é praticamente igual, tornando a briga bem acirrada com uma diferença de menos de R$ 1.700 entre os dois.

Quando o comparativo é entre Corolla Cross XRE e Compass Longitude, a situação se repete: ambos acrescentam itens como sensor de chuva e retrovisor interno fotocrômico, mas só na versão Longitude o Compass recebe faróis com acendimento automático, enquanto o Corolla Cross mais barato já oferece o item. Por outro lado, só a partir da XRE o Corolla Cross tem sensor de chuva, enquanto o equipamento já está presente desde o Compass de entrada.

É nas versões mais caras que outros fatores começam a pesar mais. O Corolla Cross XRV custa pouco menos de R$ 3.000 mais barato que o Compass Limited. Ambos oferecem suas suítes de assistências eletrônicas, mas só o Corolla Cross tem alerta de tráfego cruzado na traseira, por exemplo. Já o Corolla Cross XRX, que custa R$ 4.000 a mais que o Compass Limited, compensa o maior preço com teto solar elétrico, iluminação ambiente e regulagem elétrica do banco do motorista, ausentes no Corolla Cross XRV. De todo modo, nesta faixa de preço o Corolla Cross tem a seu favor o conjunto híbrido, que pode atrair aos early adopters e os que buscam economia de combustível.

Por outro lado, o Jeep Compass está prestes a ser atualizado e receberá o novo motor 1.3 Turbo GSE da Fiat, que começou a ser produzido no Brasil nesta semana. Uma renovação leve no visual e o turbocompressor – que devem vir acompanhados de mais uma escalada nos preços – certamente afetarão o sucesso de sua defesa contra a investida da Toyota.

Claro, ainda há as questões inerentes ao projeto: o Corolla Cross tem dinâmica muito parecida com a de um carro de passeio – até pela relação com o sedã – salvo pelo centro de gravidade mais alto e do maior curso na suspensão, que evidentemente o tornam naturalmente menos estável em curvas de velocidade mais alta. Até mesmo o habitáculo é muito parecido com o Corolla. Isto pode ser interessante para quem fica intimidado com a ideia de passar de um sedã para um SUV, pois o Jeep Compass nasceu como SUV.

Neste cenário, a Toyota espera que cerca de 70% das vendas correspondam às duas versões com motor 2.0. A paridade entre os preços e pacotes de acabamento, mais a fidelidade de marca de que ambas as fabricantes gozam, tornam esta disputa acirrada desde já. Com o futuro Volkswagen Taos a caminho e sua abordagem oposta – apenas duas versões, Comfortline e Highline, com o mesmo motor 1.4 TSI de 150 cv, e foco em acabamentos, equipamentos e espaço interno. Seus preços não devem se afastar do que temos com o Corolla Cross e o Compass, ou seja, algo entre R$ 135.000 e R$ 180.000.