Mark Still é um tipo raro de entusiasta: sem conhecimento de engenharia, sem saber como acertar uma suspensão ou regular um motor, ele só tinha sua experiência como soldador na indústria cinematográfica para realizar o desejo de construir um carro rápido. E o resultado foi este: um Toyota Corolla 1975 com motor V8, compressor mecânico e cerca de 400 cv — todos muito bem utilizados quando o assunto é devorar asfalto sinuoso.
Estes 400 cv são uma estimativa — na verdade, o projeto todo seria uma sequência de tentativas e erros… se tivesse algum erro. Porque, aparentemente, Mark teve a sensibilidade de escolher as peças certas para montar o carro sem se apegar a marcas, sem se importar com rixas e sem se preocupar em definir um estilo para seu carro — daí o nome No Style. Sem compromissos, ele acabou fazendo um carro pra lá de estiloso. Sério, olha isso:
Acontece que tudo nesse carro é funcional e acabou ficando estiloso por acaso. Os para-lamas alargados e muito bem acabados, por exemplo só estão ali para que a carroceria do Corolla — que, no fim das contas, é basicamente o que sobrou do carro original — pudesse abrigar a suspensão de Lexus SC400, um cupê da década de 90 que também cedeu seu motor V8 de quatro litros para o projeto de Mark. Não estão ali por beleza, embora acabem contribuindo para o stance matador do carro e sejam sua característica mais marcante.
O motor é sobrealimentado por um compressor de Mustang SVT Cobra, enquanto a transmissão de seis velocidades é de um Camaro de quarta geração — entendeu por que falamos das rixas agora?
O diferencial é um Torsen, vindo de um Supra de quarta geração, e o chão fica por conta das rodas de 17×9” na frente e 18×10” na traseira — calçadas com enormes pneus 285.
O mais legal é que tudo parece trabalhar em perfeita harmonia para fazer deste um carro absurdamente rápido — o que não significa que ele seja refinado. Pelo contrário: feito em casa sem parâmetros a serem seguidos, o Corolla “No Style” exige um período de adaptação para que se aprenda a dominá-lo. Contudo, isto não impede que alguém aprecie a experiência sensorial de estar nele — sentado nos bancos concha, encarando o volante gasto e o painel que é simplesmente uma chapa de metal cheia de instrumentos — logo nos primeiros minutos. Matt Farah, do The Smoking Tire, que o diga:
Mas não duvide do potencial deste coquetel molotov sobre rodas: seu dono sabe muito bem como extrair o máximo potencial da criação, e recentemente conseguiu o primeiro lugar em sua categoria no campeonato de autocross da Hotchkis — sim, os caras que fizeram aquele Dodge Charger restomod que mostramos há algumas semanas.
É o tipo de carro que, invariavelmente, impressiona e nos faz acreditar que verdadeiros entusiastas nunca vão deixar de existir — e sempre vão dar um jeito de realizar projetos incríveis com o que quer que tenham em mãos.