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Project Cars Project Cars #469

Corsa GSi: o início da restauração do Project Cars #469

Olá, pessoal! Se você perdeu o 1º capítulo da saga, recomendo que você leia para entender toda a novela que foi para o Yellow chegar até mim. Se você acompanhou, obrigado pela leitura, paciência e comentários, inclusive os malditos da música do Corsinha amarelo.

No capítulo anterior, eu relatei sobre a paixão e postei fotos do 1º GSi (preto). Algumas pessoas me perguntaram por que não fui atrás dele ao invés de comprar o amarelo. Bom, vamos lá….

Como eu havia dito, o meu pai passou o carro para minha tia, que não transferiu para o nome dela, que vendeu o carro para um 3º que também não transferiu. Ou seja, esse Gsi sempre esteve no nome do meu pai, sendo assim, era impossível acha-lo. Até que um dia (eu já tinha o Yellow) uma pessoa comentou no grupo de WhatsApp que havia comprado um teto solar de uma sucata e queria saber como adaptar em Corsas normais. Foi aí que descobri da maneira mais triste possível, que o Gsi preto tinha chegado ao fim da vida.

Naquele momento fiquei sem reação, era uma mistura de saudades, decepção, tristeza, ódio e lembranças boas! Viagens, rolês, amigos, os encontros, as aceleradas, o dia que ele chegou, o dia que o vi pela última vez, tudo misturado com a raiva de como alguém poderia deixar um carro emblemático como aquele chegar a esse ponto. Eu não queria acreditar, por dias essas imagens me entristeceram e toda a esperança de um dia reencontra-lo rodando por aí, tinham se acabado. Enfim, ele foi muito importante para mim e mesmo tendo um final triste, essa é imagem que sempre vou guardar dele!

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Luto vivido, bola para a frente…

Voltando ao Yellow. Sem exagero e perdão da palavra, o carro quando chegou era uma b0st@! Vou relatar algumas coisas para que vocês não achem que sou exagerado ou que esteja mentindo:

– ar condicionado não funcionava;
– retrovisores elétricos não funcionavam;
– desembaçador não funcionava;
– direção hidráulica vazando absurdamente;
– barulho no motor parecido com um moedor de cana;
– bancos com jogos e as espumas já tinham acabado fazia tempo;
– faróis paralelos de uma marca vagabunda com o foco descascando;
– lanternas traseiras uma original trincada e uma paralela de outra cor;
– vidro do passageiro não funcionava pela porta do motorista;
– o carro tinha 1 chave pra abrir a porta do motorista, 1 chave para ligar e abrir a porta do passageiro e 1 chave de tampa de tanque (a tampa não tinha chave) então não sei por que veio;
– Falta de tampas de acabamento de soleira, colunas e bancos;
– regulagem de altura do banco não funcionava;
– o volante estava sem couro;
– acrílico do painel riscado e faltando o pino do odômetro;
– todas as luzes de erro do painel estavam acesas;
– o Tid havia sido trocado pelo do Corsa GL, que só marca a hora;
– sensor de temperatura externa não existia;
– ABS não funcionava;
– A ventoinha não desligava mesmo com o carro gelado;
– A frente do carro totalmente desalinhada (capô, paralamas, parachoque e faróis);
– Parabrisa trincado;
– alarme não funcionava;
– A chave original com lâmpada não acendia;
– Portinha da tampa do tanque quebrada e a trava também não funcionava;
– Trava elétrica hora funcionava, hora não;
– Trambulador totalmente desregulado, a 5ª marcha entrava quase que no porta luvas e a ré não precisava puxar o acionador;
– manopla do câmbio solta;
– porta luvas de cor diferente do painel;
– grade do parachoque quebrada, após “incidente”;
– forros de portas e laterais traseiras quebrados;
– vazamento na linha de arrefecimento;
– caixa do filtro de ar quebrada;
– reservatório do fluído da direção vazando.

Essa “pequena” lista foi apenas o que um “leigo” como eu observou. Ainda tinha toda a parte mecânica e elétrica que seria avaliada posteriormente pelos profissionais envolvidos.

Apontando os defeitos, consegui um “desconto” do valor combinado. Fiz todo o trâmite financeiro e levei o antigo proprietário na rodoviária. Lembram que a data não foi cumprida e a passagem aérea foi perdida? Então, ele teve que voltar de ônibus.

Agora não tinha mais volta! O jeito era ir com calma, paciência e muito inve$timento para trazer o Gsi as devidas e merecidas condições. Se os carros “possuem” vidas, eu preciso dar os parabéns para o meu, pois nesses 21 anos, ele foi guerreiro e sofreu muito na mão de péssimos proprietários!

Peguei o carro, fui até o meu mecânico de confiança e analisamos. Como esperado, as notícias não eram boas. Seria necessário tirar a mecânica inteira fora e revisar tudo! Assim, combinamos a data da internação e um “possível” orçamento (que ilusão). Acredite, se o mecânico te passa um valor x, já se prepara para 2x, 3x ou 4x….

Voltei com o carro para casa, com a sensação que a jornada ia ser longa! E assim, até o dia da internação ele ficou parado e eu comecei a caça atrás de peças, acabamentos e afins que faltavam.

Após uma semana, o carro retornou para o mecânico. Abaixo algumas fotos do processo de “destrinchação” do Gsi.

Bom! É agora que a criança chora e a mãe não vê! A cada passo que se dava, algo aparecia para ser consertado ou substituído. Foi então que a surpresa chegou:

– O bloco tinha um risco no terceiro cilindro (retífica);
– Polimento do virabrequim, apesar de novo havia um risco.
– Bomba da direção hidráulica;
– Caixa de direção;
– Retífica do cabeçote;
– Troca dos tuchos;
– Troca das válvulas;
– Correia dentada;
– Capa da correia dentada;
– Radiador;
– ventoinha;
– Mangueiras;
– reservatório de expansão;
– Cabo da embreagem e acelerador;
– Buchas da suspensão;
– Caixa do filtro de ar;
– Mangueira do filtro de ar e sensor;
– Coletor de admissão quebrado;
– Suporte do Tbi quebrado;
– Alternador adaptado;
– Motor de partida fazendo barulho;
– Kit de reparo do trambulador;
– Compressor do ar condicionado;
– Condensador do ar condicionado;
– Mangueiras do ar condicionado;
– Roda fônica;
– Vários suportes e travas;
– Bateria;
– EGR (pra variar);
– ABS;
– Bronzina de biela e mancal;
– Sonda lambda;
– Cárter;
– Homocinética;
– Coxim de motor e câmbio;
– Ponta de eixo traseiro;
– Válvula termostática;
– Freios e mais “algumas” coisas…

Com o orçamento na mão, enfiei a viola no saco e fui para casa dar a notícia à Dona Onça.  Lógico! Nós brigamos, discutimos e vi todo o meu sonho ir pelo ralo. O meu plano de vender a HD 883, comprar o Gsi e o restante ir para poupança, ficaria muito distante! Eu teria que usar o dinheiro que sobrou e mais um pouco para deixar a parte mecânica em ordem.

É meu nobre leitor, aquele momento que você quer cavar um buraco e entrar dentro dele. O que fazer? Vender o Corsa “desmontado” por um valor simbólico e tentar ao menos empatar o prejuízo? Picá-lo igual a alguns mercenários sanguessugas de Gsi que existem por aí? Encostar ele na garagem, não usar o dinheiro prometido para a poupança e aos poucos guardar e tentar arrumá-lo um dia quem sabe?

Foram dias angustiantes, o clima não estava nada bem em casa e o Gsi continuava largado na oficina. Por um lado, eu entendia o lado da patroa, por outro lado, eu não tinha culpa da voadora com os 2 pés no peito que havia tomado. Meus planos sempre foram 1/2 da 883 para o Gsi e 1/2 para a poupança, mas nem sempre as coisas saem como a gente imagina. Nesse momento eu lhes escrevo em caixa alta para que não haja dúvidas: NUNCA! EM HIPÓTESE ALGUMA! COMPRE QUALQUER COISA USADA QUE VOCÊ NÃO POSSA VER PESSOALMENTE OU LEVAR PARA ALGUÉM ANALISAR ANTES. MUITO MENOS COMPRE ALGO NO CALOR DA EMOÇÃO, QUE ASSUMO TER SIDO O MEU PONTO FRACO NESSA NEGOCIAÇÃO.

Enfim, após alguns dias, chegamos à conclusão que era um caminho sem volta. Meio contrariada e com raiva, a patroa concordou que o melhor seria a gente arrumar o Gsi. Entrei em contato com o antigo proprietário, relatei os fatos e ele se prontificou a me ajudar com algumas peças (algumas só chegaram meses depois que o Corsa já estava funcionando) e assim iniciamos o ardo processo mecânico.

Achar peças para um Gsi, que parou de ser fabricado a 20 anos, não é nada fácil! Além do que eu moro no interior de São Paulo e a cada passo que se dava, novos problemas eram encontrados. Então toda vez que precisava de alguma peça, o prazo para entrega era de no mínimo três dias causando ainda mais lentidão no processo. Com isso, o Corsa ficou no fundo da oficina. Abaixo algumas fotos do processo.

Devo dizer que se o mecânico não perdeu a amizade comigo nessa fase, ele nunca mais vai perder (Obrigado Mecânica Botion). Eu ia todo santo dia na oficina encher o saco e ver como as coisas estavam. Saía do trabalho as 17:30 e ia lá. 

Enquanto isso, aproveitei para correr atrás de alguns detalhes. Ele veio com as Ventiladores (Vectra Gsi) aro 15″, não gosto dessas rodas (desculpem os apaixonados). Com isso saí a caça de um jogo original, vendi as rodas e os pneus, comprei as 14″, reformei e coloquei quatro pneus novos.

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Os retrovisores estavam quebrados, sempre fui fã dos retrovisores Indy Modelo M3, que eram usados na antiga Copa Corsa. Consegui um jogo em bom estado e pintados já em amarelo, fiz a instalação do mecanismo elétrico neles.

Consegui uma grade em bom estado e os borrachões do parachoque, mais conhecidos como Mosca Branca de Olhos azuis.

Comprei as lanternas traseiras originais e os faróis máscara negra da Pickup Sport.
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Jogo de fechaduras completo. Chave com lâmpada e reserva
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As borrachas “pingadeiras” exclusivas do GSi, que ao longo dos 20 anos sumiram do carro
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Isolante do capô
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Suporte do sensor de temperatura externa

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Capa da bateria

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Isolante da parede corta-fogo

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Trava da portinholaa do tanque

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Guia do parachoque do GSi
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Mandei revestir o volante de couro e fiz o detalhe da costura em vermelho

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Acredite! Algum “abençoado” tirou a cortina do teto. Consegui essa e mandei trocar o tecido

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Adeus tampão “chora boy”
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Capa do extintor

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Acabamentos do cinto de segurança
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Tampa dos parafusos das soleiras

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Rele Cigarra, aquele que apita com o farol aceso e a porta aberta

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Suporte do tampão

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Tampa da dobradiça do banco traseiro

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Quatro manuais e quatro VHS originais de Manutenção e Instruções do Corsa Gsi, isso é muito raro!

E após longos seis meses, ele saiu da oficina. Vejam a minha alegria no dia que ele ficou pronto…. ou quase.

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Quando eu comprei o carro, o antigo proprietário disse que o ar funcionava, mas isso não era verdade! O compressor não prestava, as mangueiras estavam todas dobradas e com vazamentos, o condensador era “xingling”, havia sido adaptado e os botões do painel não funcionavam (esse papo de vendedor que o ar só precisa de uma carga em 99,99999% das vezes é mentira).

Após algumas conversas, ele se comprometeu a enviar um kit completo (compressor, mangueiras, condensador, caixa de ar, suportes e o painel), só que isso demorou muito! Chegou ao ponto, que ou eu tirava o carro sem ar condicionado ou o carro ia ficar parado na oficina. Como não sabíamos se ele iria mesmo enviar, optei por tirar, esperar e resolver isso posteriormente. Mesmo sem AC, pude curtir o carro, afinal havia passado quase 1 ano que eu estava com o carro e não tinha andado nada com ele.

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Enquanto a novela do ar continuava, resolvi tocar o processo interno. Mandei revisar a parte elétrica, vidros, travas, retrovisores, alarme, instalei o Tid e um CD “original”, instalei a cortina do teto e o mecanismo elétrico do teto do Omega (plug and play).

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Muitos não sabem, mas existem diferenças entre os Ssi 94,95 e 96, umas delas é o alarme, todos são acionados com a chave quando se travam as portas, porém os 94 e 95, não possuem sensor de presença, ele só dispara abrindo as portas, capô ou o porta malas. Como é um item muito ultrapassado, optei por instalar um alarme mais moderno e seguro.

Já podia curtir o carro e dar uns rolês com a patroa nos finais de semana. Mas toda vez que isso ocorria, ela reclamava dos bancos que machucavam, as espumas estavam ruins, sendo assim partimos para a restauração dos bancos. Os tecidos “do meio”, raios vermelhos estavam bons, mas os navalhados cinzas lisos precisavam ser todos trocados. Por sorte, o tapeceiro local tinha um rolo desse tecido e foi possível manter a originalidade. Seguem fotos de antes e depois do serviço.

Antes:

Depois:

Aproveitei e comprei um jogo de tapetes personalizados.

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Com o interior reformado e a mecânica em ordem, eu encerro mais um capítulo. Aguarde os próximos episódios e novos imprevistos. Muita coisa ainda está por vir! Um forte abraço e até a próxima!

Por Junior Zumpano, Project Cars #469

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