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Project Cars Project Cars #170

Daily driver com estilo: a história do meu Fiat 500 Sport, o PC #170

Muito bem, pessoal. Eu sou Leopoldo e vou apresentar a vocês meu Project Car duplo, por assim dizer. Antes de começar, me sinto no dever de avisá-los que este meu projeto não buscou performance ou ganhos em potência para qualquer fim. Até porque é meu único carro e eu o utilizo no dia-a-dia para trabalhar, ir à faculdade, sair à noite, botar na pista e carregar a sogra. Tinha que se manter versátil e “usável”. Também gosto de escrever e falo pra c******, então a história será longa. Prometo fotos para compensar, no entanto. Agora vamos começar?

Apesar de ter sempre me interessado por carros por influência de meu pai (e suas assinaturas de muito longa data de revistas automotivas), foi apenas durante a faculdade, em 2001, que eu conheci amigos realmente fanáticos por automóveis e que despertaram verdadeiramente em mim a vontade de acompanhar este mundo mais de perto, vendo os detalhes, sabendo as diferenças de configuração entre várias versões e coisas do gênero. Mas, é claro e como quase sempre acontece, saber um pouco mais que a média sobre carros não te faz um milionário instantâneo para que você compre pra você o “carro perfeito”. E então eu tinha um Uno CS 1.5 prata 1991, duas portas, recebido de presente dos meus pais como uma bicicleta de luxo para eu conseguir voltar da faculdade depois das 23:00 em relativa segurança e comodidade.

foto do uno cs verde

Era semelhante a este acima, mas era prata e meu primo havia instalado um rack no teto e uma ponteira cromada. As rodas de ferro vieram sem calotas, e eu o mantive assim. Pintei todas de preto brilhante da Colorgin e coloquei capinhas plásticas cromadas nos parafusos (dêem um desconto; eu era escraviário).

Infelizmente, não tenho fotos dele porque estou falando da época em que celulares eram parecidos com tijolos com display laranja e máquinas fotográficas eram um luxo movido a filmes ASA100 para os quais eu não tinha nem habilidade, nem dinheiro. Mas enfim, o Uno foi, como sempre, valente e serviu muito bem aos seus propósitos – e foi o único carro em que, três anos depois, ganhei dinheiro quando revendi; pouco, mas ganhei. Conseguem imaginar esse milagre hoje em dia?

Acabei trocando por um Uno Fire 2002 azul marinho em 2005, com travas e vidros elétricos, com 18 mil km. Gostava muito do estofamento azul nos bancos e portas, e da leveza absurda da direção (parecia as direções elétricas de hoje em dia; era realmente muito leve).

foto do uno azul 1

O carro estava novo, mas isso não impediu que começasse a subir óleo nas velas, válvulas e todo o resto. Vendi no mesmo lugar que comprei e, como já estava trabalhando, pude ajudar meu pai com uma graninha a pegarmos um zero em 2007…

… um Prisma (risos da platéia). É, eu sei, decepcionante. Acreditem, eu fui olhar usados 2.0 , Mitsubishis Galant 6 cilindros, mas a maior parte do dinheiro não era minha, então… foi um Chevrolet Prisma Maxx 2007/2007 prata (arrrrgh, de novo não!). Pelo menos eu pude sair da concessionária e imediatamente trocar as rodas pelas Scorro 14” que eu tinha encomendado, réplicas das rodas 17” do Vectra Elite da época.

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Como comprei quase no lançamento do carro, curti bons meses de exclusividade com ele. Ainda mais com as rodas diferentes. O Prisma foi o primeiro carro que eu gastei dinheiro “de verdade” pra transformar num lugar agradável. Fiz todo o projeto de som sozinho, comprei os componentes, fios, amps, falantes, duas vias etc., calculei as amperagens e resistências e tudo o mais e levei semi-pronto numa loja pra instalarem.

foto do prisma 4 foto do prisma 5

Eu resumo o Prisma em um motor esperto (eram 112 cv com álccol) e um tremendo porta-malas. Mas eu gostava mesmo era das lanternas traseiras que se pareciam com as das Mercedes C Klasse da época (síndrome de pobre frustrado, eu sei!).

Daí, então, em 2011 eu tinha dinheiro para comprar o carro que eu quisesse até R$ 45.000. E o novo Kia Picanto seria lançado. Com ABS, airbags por todo lado, automático, teto-solar, faróis e lanternas com LEDs, faróis do tipo projetor (com lâmpadas halógenas) e um novíssimo motor tricilíndrico que prometia economia em níveis épicos na cidade (queria esse motor. Eu admito: sou um early adopter incorrigível).

picanto verde picanto azul

Mas, o mais importante: vinha em cores estapafúrdias (como verde abacate e azul pastel) e custaria, com tudo isso + frete, R$ 42.000. Lindo! Encomendei um em agosto de 2011. Claro que não tinham a pronta entrega. Depositei o dinheiro e esperei por três meses por uma cor esdrúxula à minha escolha, com ABS e teto solar, que nunca vinha. E nunca veio. Cancelei a compra no final de outubro de 2011. E aí ficou interessante. Dinheiro corrigido na mão, fui recomeçar a busca por um carro nesse valor. Vi muitos usados interessantes. E aí eu vi o Fiat 500.

Era um carro pelo qual sempre tive simpatia (quem não tem, né?), e foi o primeiro que eu trombei no site da Fiat. Com o preço antigo (de quando ele ainda vinha da Polônia) em mente, fui olhar despretensiosamente , esperando os R$ 68.000 com os quais eu estava acostumado. Só que aí eu vi que eu poderia comprar um Fiat 500 laranja e, de repente, o todo o resto ficou insignificante.

Desde pequeno, eu sempre quis ter um carro laranja. Desde o Corcel II do meu pai, eu quis ter um carro com teto solar. E eu poderia matar esses dois coelhos numa só pancada de R$ 43.000. E pagar o seguro com o troco. Montei o carro no site exatamente como eu queria. Quando descobri que o teto-solar viria com o som Bose junto – e não me cobrariam nem mais um centavo por isso —, acho que meus olhos suaram uma gota de suor másculo…

Naquela tarde, um fiz uma lista das concessionárias Fiat de SP e estados vizinhos. O carro tinha acabado de ser “relançado” no mercado, passara a ser fabricado no México para abastecer o mercado americano na estréia da Fiat naquele país, e nós acabamos favorecidos pelo acordo bilateral de comércio com os hermanos de cima. O preço era quase a metade sem os impostos de importação. Mas nada disso me impediu de ouvir dos atendentes das concessionárias que eu ligava de que “xi… Cinquecento? Não, no mínimo 90 dias de espera”. Não me dei por vencido e, com a lista das concessionárias em mãos, liguei naquela tarde para 47 concessionárias diferentes procurando o carro, em 22 das quais deixei o pedido de interesse por um Fiat 500 Cult laranja com todos opcionais formalizado.

Não deu tempo nem de me abalar com a espera sugerida: no começo daquela noite, uma das concessionárias entrou em contato comigo dizendo que tinham um Cult laranja completo sendo transportado para a filial de São Paulo. Fiz o vendedor literalmente jurar pela mãe dele que era laranja e tinha exatamente os opcionais que eu queria. E ele jurou (!) e eu agendei para ver o carro dali dois dias, quando já estaria no pátio.

Foi o meu primeiro contato pessoalmente com o carro, nunca tinha sequer sentado nele, muito menos feito test-drive. A lataria ainda estava “embalada” naquele plástico gosmento que colocam pra preservar a pintura, então nem deu pra ver a cor direito.

Mas o painel laranja estava lá e eles haviam ativado as funções básicas do carro pra que eu pudesse testar o som. Não era o meu carro, aquele estava vendido, já, mas era exatamente igual ao que eu queria.

Que phod@ que foi aquele dia! Fechei negócio ali no pátio mesmo, com previsão de retirada em sete dias úteis até prepararem a documentação da nota fiscal. Chegou 2033, mas não chegava 22 de novembro de 2011! Até que eu vi isso, finalmente. A primeira imagem do meu carro novo predileto.

foto 500 de frente 5

Eu estava jogando Assassins Creed Brotherhood na época, cujo protagonista é um italiano chamado Ezio Auditore da Firenze. Não tive nem dúvida de como batizar meu bambino! Ezio era um Fiat 500 Cult 1.4 EVO flex 2011/2012 Laranja Rame (o nome oficial da cor), câmbio manual, bancos de tecido cinza, teto solar, som Bose com subwoofer, ar condicionado, ABS, EBD, airbag duplo, com comandos do som, cruise control e comandos de voz no volante revestido em couro preto, e rodas de liga leve de 15” calçadas em Pirelli P7 185/55 R15. Pouco mais de 1.100 kg em ordem de marcha, com potência de 88 cv quando abastecido só com álcool.

fotoodas Lounge

As mudanças aos poucos tomaram forma na minha cabeça e eu comecei a maquinar maneiras de mudar o visual (como se um carro laranja hoje em dia já não fosse indiscreto). Antes mesmo de sair da concessionária, pedi uma cotação das rodas 16” raiadas da versão Lounge MultiAir que eu particularmente achava (e ainda acho) as mais bonitas. Logicamente não tinham a pronta entrega, tampouco previsão de chegada e, diante do preço “camarada” (R$ 5.800, sem os pneus) eu já saí matutando o que fazer, pois daquelas eu nunca seria dono.

Mas esse upgrade teria que esperar, pois eu tinha uma idéia fixa na cabeça: colocar couro nos bancos e portas. Achava aqueles bancos cinza muito sem graça e muito parecidos na monotonia com os do Prisma. Enquanto essa ideia palpitava na cabeça, eu encontrei um Mini num estacionamento de shopping, british green por fora e marrom claro por dentro. Fiquei com aquela imagem na cabeça.

Foto do Mini

Chegando em casa numa brincadeira com meu irmão relembrando quais marcas ofereciam carros laranja na palheta, lembrei dos Spyker inacreditavelmente laranja. E me veio à mente qual seria a combinação dos revestimentos  internos nesse tipo de carro construído à mão e que não se preocupava com “o mercado”. E daí eu decidi automaticamente, na primeira foto do Google: o interior do meu carro seria laranja também.

2008 Spyker C8 Aileron

foto do interior do spyker 1

Confesso que pesquisei pouco pra fazer. Liguei em cinco lugares que instalavam couro, mas apenas a Tapeçaria Alemão me ofereceu “paleta de cores” além de vermelho, preto, cinza e creme. Pelo menos em SP, a competência dessa loja é amplamente reconhecida, bem como a qualidade do trabalho. Em fevereiro de 2012 fui lá ver as cores disponíveis e optei pela Miami Havana, um laranja cor de terra que na amostra casava bem com o restante do interior, com os arremates das costuras em uma linha laranja bem clara. O couro não poderia ser sintético, por conta da cor, e era quase o dobro mais caro que os de cores “normais”, mas como eu disse, era uma idéia fixa. No processo de negociação, conversa pra lá, conversa pra cá, coloquei a instalação do xenon 6000 K – um outro sonho de consumo antigo – no pacote, e já deixei o carro lá. Demorou três dias e ficou melhor do que eu poderia imaginar.

O único senão foi a “gambiarra” necessária no farol para que se mantivesse a regulagem de altura com o xenon, e os “soluços” no sistema de som do carro (USB e CD) todas as vezes que o xenon acendia, um problema que me deixou puto por muito tempo, e que não consegui resolver por completo.

fotos do xenon 2 fotos do xenon 1

Sobre o couro, com o passar do tempo ele foi “maturando” e a cor foi se aproximando muito da cor da carroceria. Foi como um bom vinho: envelheceu e melhorou.

fotos do couro maturado 1

Quase ao mesmo tempo, chegaram os primeiros tapetes personalizados que eu havia encomendado em janeiro de 2012.

fotos dos tapetes 2 fotos dos tapetes 1

Ao sair da Tapeçaria Alemão, feliz e satisfeito com o serviço, passam por mim em sentido contrário duas Jetta Variant pretas, exatamente iguais, exceto por um detalhe: uma tinha faróis normais e lâmpadas halógenas, a que vinha atrás tinha faróis de projetor com xenon e LEDs. Senti germinar uma nova idéia fixa na parte do cérebro que cuida da insanidade temporária.

foto jetta farois

Estava curtindo a brincadeira, mas não havia esquecido das rodas. Eu queria trocá-las por rodas maiores, mas sem descaracterizar muito o carro, ou ter que mexer em suspensão, alargar paralamas etc. Então surgiu a oportunidade de comprar as rodas da versão Sport MultiAir, usadas, um pouquinho raladas, mas por um preço bastante camarada. Depois de quase dois meses de negociação, arrematei o jogo de 16”. Aproveitei e comprei pelo ebay um jogo de parafusos codificados. Afinal, seguro morreu de velho…

Por um tempo essa modificação satisfez meu desejo, porém eu sabia que não ia parar por aí…

Nesse ínterim, coloquei um filtro de ar do tipo inbox da InFlow, muito menos pelo aumento de performance (que foi muito muito discreto – dava pra sentir uma disposição a mais nas acelerações, mas só) ou economia de combustível (que foi pequena, mas houve – entre 0,3 e 0,5 km/l a menos no consumo na cidade usando somente etanol no tanque) do que pela enorme economia nas revisões por ter um filtro de ar não descartável.

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Pois bem, lembram da sementinha de idéia fixa que nasceu com os faróis dos Jetta? Então, em setembro de 2012 ela veio a explodir na minha fatura de cartão de crédito.

Sempre fui fascinado por faróis e os de projetor com xenon sempre tiveram um lugar especial no meu panteão de “coisas divinas que os homens criam”. Naquele fatídico dia que instalei o xenon nos meus faróis normais de refletor e logo depois vi as duas peruas, eu tinha decidido inconscientemente que eu queria um farol daquele. Eu precisava de um farol daquele. E ele existia para o 500. Só três dificuldades me impediam: 1) custavam uma pequena fortuna; 2) ele era um opicional caro e raro mesmo lá fora; 3) estavam fora do Brasil, sem possibilidade de envio pra cá. A diferença é que, em 2012, eu estava juntando a pequena fortuna. A oportunidade veio em setembro, quando fui viajar de férias para a Europa.

Liguei em algumas concessionárias de Londres, a última cidade que visitei, para tentar comprar a peça corretamente, com nota fiscal e tudo o mais, mas o preço de £ 900 o par me fez ter um mini AVC ao telefone. Como já estava negociando com alguns vendedores do eBay desde o Brasil, reativei esses contatos e, verificando quem tinha a pronta entrega, fui retirar em mãos pela metade do preço da concessionária.

foto do farol teaser

Esses faróis merecem um capítulo à parte, pois são por si só uma saga de paciência de quase um ano entre a compra e a primeira instalação bem sucedida. Mas essa história ficará para o próximo post.

Com faróis em mãos, exatamente um ano depois da compra do carro, em novembro de 2012, chegaram o jogo de pedaleiras e descanso de pé personalizados, soleiras de porta, e os novos tapetes, agora com 10 mm de espessura (e arremates mais bem feitos, apoio de pé anti-derrapante e ganchos de fixação no assoalho).

fotos de tudo isso 2

Por volta de março de 2013, havia decidido o que fazer com as rodas: pintura na parte interna em Laranja Rame (busquei a mistura da tinta pelo catálogo da Chrysler/Dodge, de onde a Fiat pegou a cor; sim, este Laranja Rame pode revestir um Dodge Dart também; eu disse que era uma cor épica!) e diamantar a face da roda. Levei em uma oficina em SP especializada em restauração de rodas e fizemos o trabalho em cerca de duas semanas – contando testes de cor, conserto das rodas e pintura propriamente dita. Ficaram como eu queria.

fotos das rodas 7

O Ezio estava tomando a forma que eu havia imaginado para ele. Agora faltavam os faróis. Mas eu já cansei bastante vocês por hora…. então nos vemos no próximo post!

Abraço!

Por Leopoldo Fachini, Project Cars #170

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