De acordo com o estereótipo, os italianos são muito bons em fazer carros bonitos, mas nem tanto na hora de deixá-los confiáveis. É claro que na prática isto é exagero (como todo estereótipo), mas faz certo sentido – especialmente se tratando dos esportivos mais antigos, como as Ferrari e Lamborghini das décadas de 60 e 70. Eram motores complexos e inovadores, que priorizavam desempenho e a experiência sensorial antes de tudo – comando duplo no cabeçote, quatro válvulas por cilindro, pouco curso, para girar alto e berrar bonito. Mas também eram caros para fabricar, comprar e manter.
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Havia, porém, quem quisesse o design italiano dos esportivos, mas preferisse uma mecânica mais robusta, barata, simples e com bastante torque em baixa. Para estes, havia carros como o De Tomaso Pantera – um supercarro italiano feito por um argentino e com motor de muscle car americano. E é um Pantera nosso Achado meio Perdido de hoje.
O De Tomaso Pantera foi o magnum opus do Argentino Alejandro de Tomaso, que mudou-se para a Europa em 1955 para fugir do regime de Juan Perón – e acabou envolvendo-se com o mundo dos carros logo de cara, conseguindo um emprego como piloto de testes na Maserati e casando-se com Elizabeth Heskell, nascida nos EUA e entusiasta. Herdeira de uma família rica, ela era piloto de corridas e cliente habitual da Ferrari. Juntos, Alejandro e Elizabeth (que mudaram seus nomes para Alessandro e Isabella quando foram morar na Itália) fundaram a De Tomaso Automobili em 1959.
O Pantera foi o modelo mais bem sucedido da De Tomaso, com 7.260 exemplares produzidos entre 1971 e 1992 – mais de duas décadas. E seu sucesso tem mesmo muito a ver com o conjunto mecânico: o Pantera tinha o visual de um exótico italiano, mas o motor fornecido pela Ford permitia que ele custasse menos. Além disso, era mais fácil de manter e, com mais torque em baixa, tornava o Pantera mais amigável ao uso cotidiano – os motores V12 italianos, com seu pedigree de competição, eram mais voltados ao uso intenso, em alto giro.
Os exemplares dos primeiros anos de fabricação são os mais valorizados pelos colecionadores, com as formas puras e esbeltas assinadas pelo projetista Tom Tjaarda no estúdio Ghia – antes da interferência de Marcello Gandini, que incorporou para-lamas alargados e elementos aerodinâmicos agressivos. E o carro anunciado no GT40 é um Pantera 1972 – ou seja, um dos primeiros.
O carro está em excelentes condições, de acordo com o anunciante, e conta com diversos itens originais: vidros, todos os emblemas, faróis escamoteáveis, lanternas (peças da Carello, exatamente iguais às do Alfa Romeo Berlina), para-choues e as belíssimas rodas da Campagnolo, com 15×8 polegadas na frente e 15×10 polegadas na traseira. O mesmo vale para o lado de dentro, com toda a instrumentação original e em pleno funcionamento.
O conjunto mecânico permanece o mesmo desde quando o carro era novo – um V8 Cleveland de 351 pol³ (5,8 litros) com quatro carburadores Weber de corpo duplo. Algumas modificações foram feitas, porém – como tampas de válvula Ford Racing e a adoção de um módulo de ignição moderno, da MSD. O que importa, porém, é que o motor segue acoplado à caixa manual de cinco marchas da Ford – acionada por uma alavanca com grelha no console central, como nos velhos tempos.
É importante frisar que, no caso deste Pantera, estamos diante de um carro de coleção muito valorizado – o que ajuda a compreender o preço, que é longe de ser acessível. Considerando a raridade, o bom estado de conservação e a manutenção das características originais, porém, esta unidade pode ser uma adição interessante a um acervo de alto nível.
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