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Do 356 ao 997: a trajetória dos Speedsters da Porsche

Contrariando a expectativa de metade do planeta, a Porsche não lançou uma versão de produção do 911 Speedster no Festival of Speed de Goodwood. Em vez disso, a Porsche levou apenas o conceito para acelerar diante do público e, quem sabe, testar a receptividade do público em relação ao modelo.

Apesar da boa aceitação do público, um Speedster não é algo que a Porsche faz com muita frequência. Em seus 70 anos de história, foram apenas cinco modelos que receberam o sobrenome. O primeiro deles foi o 356 Speedster, lançado em 1954 e produzido até 1958.

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O 356 Speedster foi uma versão do 356 Cabriolet desenvolvida pela Porsche para o mercado americano por sugestão de Max Hoffman. Vivendo em Nova York, Hoffman era um austríaco que fez fama como importador de carros de luxo europeus para os EUA. Por sua sugestão a Mercedes fez o 300SL “Gullwing” e a BMW criou o 507. Com o 356 não foi diferente: ele convenceu a Porsche de que uma versão mais espartana e mais esportiva do 356 Cabriolet poderia se dar muito bem nos EUA.

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E assim foi feito: com um para-brisa mais baixo, um painel simplificado, bancos tipo concha e uma capota feita para ficar mais tempo aberta do que fechada, o carro foi um sucesso instantâneo — especialmente na ensolarada Califórnia. Nem janelas ele tinha. O motor 1600 de 70 cv ele não tinha a potência dos conterrâneos da Mercedes e da BMW, mas também era bem mais acessível, o que alavancou seu sucesso norte-americano.

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Apesar do sucesso, em 1958 ele foi substituído por uma nova versão cabriolet, mais convencional e prática, o que garantiu que ele continuasse vendendo razoavelmente bem até o fim de sua vida, nos anos 1960.

A Porsche levou 30 anos para fazer um novo Speedster, desta vez baseado no 911 dos anos 1980. Ele era identificado pelo código de opcionais M503, e era baseado no Carrera Cabriolet 3.2, porém tinha os para-lamas alargados do Porsche 930/911 Turbo, um para-brisa mais baixo e uma cobertura onde normalmente haveria os bancos traseiros e a capota recolhida. Os freios, rodas e suspensão também eram do 930.

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Foram feitos 2.065 exemplares entre janeiro e julho de 1989, o que faz dele o mais popular dos 911 Speedster. Mas isso não significa que ele não tenha sua raridade: destes 2.065 exemplares, 171 foram feitos com para-lamas convencionais do Carrera 3.2. Apesar do visual mais comportado, eles são os mais valorizados desta série.

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Em 1992 veio o modelo baseado na geração 964. Ele também era baseado no Carrera de tração traseira, mas não tinha o visual do Turbo como seu antecessor. O motor era o novo 3.6 de 260 cv que equipava as demais versões do 911 aspirado, porém freios e suspensão eram cedidos pelo 964 RS. A Porsche planejava fazer 3.000 unidades, mas no fim produziu somente 936 unidades.

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As características do visual eram as mesmas do antecessor: para-brisa baixo e traseira truncada, porém sem os para-lamas alargados — ao menos como versão regular. Houve uma série de 15 exemplares com estes para-lamas do Turbo, porém eles ainda não são os modelos mais raros desta série, e sim os 964 Speedsters de mão direita, feitos para o Reino Unido e Japão. Somente 14 exemplares destes foram produzidos.

A geração seguinte, 993, chegou naquele mesmo ano. Apesar de a Porsche ter desenvolvido um Speedster para o 993, ele jamais foi lançado. Duas unidades foram produzidas, ambas baseadas no Carrera 2 Cabriolet, com o motor 3.6 de 285 cv.

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Uma delas, pintada de verde escuro, com para-lamas convencionais, rodas de 17 polegadas e câmbio Tiptronic, foi feita para o aniversário de 60 anos de Ferdinand Alexander Porsche em 1995. A outra, pintada de prata, usava câmbio manual e rodas de 18 polegadas, foi feita para Jerry Seinfeld em 1998. O carro foi vendido como um cabriolet, e posteriormente convertido pela fábrica.

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Se o 993 teve ao menos dois exemplares exclusivíssimos, a próxima geração, 996, sequer teve isso. Talvez por já oferecer o Boxster, a Porsche não deve ter visto espaço para um 911 Speedster — especialmente em uma era na qual os dois modelos eram parecidos visualmente. Desta forma, o 911 Speedster só voltou em 2011, já com a nova geração 997.

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O 997 Speedster foi a série mais rara dos Speedsters. Foram feitos apenas 356 exemplares em referência ao Speedster original dos anos 1950. Desta vez ele foi baseado no Carrera GTS, movido por um 3.8 flat-6 de 415 cv que o levava de zero a 100 km/h em 4,2 segundos e chegava aos 310 km/h. Também não havia opção “widebody”, e o para-brisa tinha o mesmo ângulo do Carrera, mas era 70 mm mais curto, e a paleta de cores tinha só duas opções: Pure Blue (exclusiva do Speedster) e Carrara White.

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Nesta atual geração, a 991, o Speedster é baseado no GT3. Como todos os speedsters da Porsche que o precederam, este 911 Speedster tem o para-brisa encurtado e deck traseiro fechado, sem nenhuma capota para cobrir seus ocupantes. Por enquanto ele é apenas um conceito, mas considerando que todos os 911 Speedsters foram séries especiais, é bem provável que a Porsche acabe colocando o modelo em produção limitada.

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O conjunto mecânico é um 4.0 aspirado de 500 cv combinado ao câmbio manual de seis marchas. A carroceria é a mesma do Carrera 4 Cabriolet com o para-brisa modificado para ficar mais baixo e mais inclinado, bem como as janelas laterais, que ficaram menores. Sendo um modelo especial, ele também adotou capô e tampa do motor feitas de fibra de carbono para reduzir peso. Os bancos são do mesmo material compósito e não há rádio nem ar-condicionado — o que faz sentido em um carro sem teto com um flat-6 4.0 aspirado que gira 9.000 vezes por minuto.

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O conceito também recebeu alguns toques de história em seu visual: as rodas remetem às clássicas Fuchs, os retrovisores cônicos parecem ter vindo diretamente dos anos 1960 e o bocal do tanque de combustível fica no centro do capô, como nos modelos de corrida do passado.

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Embora a Porsche não tenha anunciado a versão de produção, é altamente provável que ele seja lançado como uma série de despedida desta geração 991, uma vez que ele já foi flagrado em testes e a Porsche segue falando em “novos lançamentos”.