Quem diria que, um dia, estaríamos falando da Chrysler e da Fiat como uma empresa só na cobertura de um evento importante como o Salão de Detroit? Pois as duas fabricantes se fundiram oficialmente no dia 12 de outubro de 2014, e agora toda a família ítalo-americana foi ao primeiro grande Salão do ano para mostrar as novidades. E o que há de novo?
Na verdade, não muita coisa — todos os grandes lançamentos aconteceram mais cedo no ano passado, como os Dodge Challenger e Charger Hellcat e o Jeep Renegade. Ainda assim, havia muito o que ver nos estandes.
O maior lançamento, de fato, foi uma picape. Para nós não faz muito sentido, mas os americanos, como já dissemos, acham normal usar utilitários e caminhonetes grandalhões no trânsito urbano.
A ideia por trás da Ram Rebel é oferecer um veículo com grande capacidade offroad e apelo jovem. Sendo assim, o visual é bastante diferente do encontrado nas outras picapes da Ram, a começar pela grade preta, que em vez do clássico formato de cruz, ostenta a inscrição “RAM” em letras garrafais — algo semelhante ao “FORD” na grade da Raptor. Os para-lamas também trazem apliques em preto, o que contribui para o visual agressivo da Rebel.
Aliás, muito se comentou sobre o alvo da Ram Rebel ser a Ford Raptor, mas este não é bem o caso: o V6 Ecoboost da picape Ford prometeu ser ainda mais potente do que o antigo V8 de 6,2 litros e 416 cv, enquanto a Rebel virá equipada com um V6 Pentastar de 3,6 litros, 309 cv e 37,2 mkgf de torque ou um V8 Hemi de 5,7 litros, 400 cv e 56,7 mkgf de torque. Quando equipada com o motor Hemi, a Rebel pode ter tração 4×4 ou 4×2, além de relação final de diferencial de 3,92:1 ou 3,21:1. Já com o V6, apenas tração 4×4 e a relação 3,92:1 estão disponíveis.
Isto mostra que o foco é uma picape de visual agressivo e preço mais acessível (ainda que não tenham sido revelados valores), além do mais importante: boa capacidade offroad, com suspensão elevada em 2,5 cm e equipada com amortecedores Bilstein de calibragem exclusiva, e pneus Toyo Open Country A/T de 33 polegadas de diâmetro e medidas 285/70, calçando rodas de 17 polegadas.
Já a Jeep investiu em exemplares modificados de sua grande aposta para 2015 — no Brasil inclusive: o Jeep Renegade, que usa plataforma da Fiat e será produzido na nova fábrica da Fiat em Goiana/PE. Nosso Renegade será equipado com motores 1.8 Etor.Q de 140 cv e 2.0 a diesel Multijet de 170 cv, como nos foi dito no Salão do Automóvel de São Paulo. Ele também será fabricado em Melfi, na Itália.
Sendo assim, dois Renegade customizados com acessórios Mopar foram levados ao Salão de Detroit, cada um com uma personalidade distinta: offroad e urbano. O primeiro deles usa como base o Renegade Trailhawk, versão com suspensão elevada, tração 4×4 e reduzida que, nos EUA, usa um motor de 2,4 litros de 184 cv. Ele recebeu diversos acessórios como protetor para o assoalho (skid plate), estribos, rack no teto e estribos — estes, protótipos que poderão ou não se tornar acessórios comerciais. A carroceria verde “Comando Green” é decorada com grafismos em “X”, repetindo o tema das lanternas.
Já o modelo de apelo urbano foi feito sobre o Renegade Limited, versão topo de linha com visual mais refinado e rodas de 18 polegadas, mas aqui ganhou um visual mais aventureiro, com detalhes em laranja nas rodas pretas e até um rack para bicicleta (com a bike inclusa!) na traseira. Ambos são modelos conceituais que deverão dar origem a novos acessórios no futuro.
Além do Renegade, a Jeep também levou o Grand Cherokee SRT a Detroit — e pudemos dar uma conferida de perto nas belas formas do utilitário equipado com o V8 Hemi 6.4 de 476 cv e 64,3 mkgf de torque, suficientes para chegar aos 100 km/h em 4,8 segundos.
O outro modelo customizado pela Mopar era um Dodge: o Challenger T/A, que resgata o nome e o visual do especial de homologação feito para a Trans-Am em 1970.
Feito sobre o Challenger Scat Pack — ou seja, dotado de um V8 Hemi 392 (6,4 litros) de 492 cv e 65,7 mkgf de torque —, o T/A ganhou a clássica pintura verde “Sublime” e um capô preto com travas e scoop inspirado pelo Viper (que também estava no recinto), além de faróis dos dois lados com dutos de admissão de ar. A estrutura recebeu reforços estruturais para aumentar a rigidez.
As rodas são enormes, de 20×9,5 pol, calçadas com pneus Pirelli P Zero Trofeo e cobrem freios Brembo com discos slotados e ventilados, enquanto o interior recebeu bancos dianteiros de fibra de carbono (com cintos de competição) e perdeu o banco traseiro em nome da redução de peso.
Como não poderia deixar de ser, o Challenger T/A recebeu a companhia de seus irmãos de sangue: Challenger e Charger Hellcat, com o motor Hemi de 6,2 litros e 717 cv graças a um compressor mecânico. Aliás, o próprio motor Hellcat estava exposto — um belo V8, por sinal:
A esta altura você já deve ter decorado as razões para o Hellcat ser fantástico, mas não custa relembrar: trata-se de uma versão de curso reduzido do Hemi 6.4, deslocando 6,2 litros — segundo a Dodge, para preservar o virabrequim. A companhia também diz que 90% dos componentes do motor são novos, o que inclui pistões de aço e bielas de liga, ambos forjados. No topo de tudo, um compressor mecânico de 2,4 litros. O resultado são os tão falados 717 cv que fazem do Challenger e do Charger Hellcat, respectivamente, o muscle car e o sedã produzidos em série mais potentes do mundo.
Mas vamos ao que interessa: eles vêm para o Brasil? Difícil dizer: há a intenção, mas os engenheiros da Chrysler ainda têm dúvidas sobre a qualidade de nosso combustível.
Por fim, o lado italiano da força. A Fiat ainda atua de forma limitada nos EUA, e por isso o Salão de Detroit recebeu apenas o Fiat 500 — com destaque para o Abarth, com seu 1.4 turbo de 167 cv (leia a avaliação completa aqui!), e o “1957 Edition”, uma edição retrô de um carro que já é retrô.
Com carroceria azul claro, teto branco e calotas de metal sobre as rodas (que também são azuis), o 1957 Edition vem com motor 1.4 de 101 cv acoplado a um câmbio manual de cinco marchas ou automático de seis.
Além do 500, a Fiat fez questão de mostrar o 500X, seu crossover com o estilo do Fiat 500 que compartilha a plataforma com o Jeep Renegade e teve sua versão americana revelada no ano passado, durante o Salão de Los Angeles. Sua estreia no mercado está prevista para este ano, em versões com motor 1.4 MultiAir turbo de 162 cv e 2.4 Tigershark de 184 cv — o mesmo do Renegade.
Ainda sobre os italianos, a Maserati também marcou presença com o conceito Alfieri, que há tempos bate cartão no circuito de Salões mundial — para se ter uma ideia, sua estreia aconteceu no Salão de Genebra, em março do ano passado.
De qualquer forma, é um carro belíssimo, que antecipa a nova identidade visual da Maserati ao mesmo tempo em que homenageia um dos fundadores da marca, Alfieri Maserati. Ele ainda é um conceito, feito sobre a plataforma encurtada do Maserati GranTurismo, mas é possível que se torne um modelo de produção até 2016. Nesse caso, passaria a usar a plataforma do Quattroporte e do sedã Ghibli.
As fotos do Alfa Romeo 4C (o Spider foi apresentado ontem) e do 33 Stradale? Encarem-nas como um bônus!