Quando você acorda depois de uma longa noite de sono, você consegue caminhar até a padaria ou ao trabalho sem muitos problemas, mas jamais conseguiria disputar uma corrida de 400 metros sem distender músculos ou ter uma arritmia cardíaca se não reservar alguns minutos para o aquecimento. Com os carros é a mesma coisa.
Você pode ligar seu carro e sair andando com ele sem problemas, mas um carro de corrida exige alguns procedimentos bem mais complexos — e isso não vem de hoje, como mostra esse vídeo abaixo, da equipe Leyton House/March (pela qual Maurício Gugelmin conquistou seu terceiro lugar no GP do Brasil de 1989). O carro é o CG901 com motor Judd EV V8 de 3,5 litros, usado na temporada de 1990, e foi um dos primeiros projetos assinados por Adrian Newey na Fórmula 1.
Diferentemente de carros de passeio, os motores de alto desempenho são projetados para trabalhar em condições extremas de temperatura, assim como seus sistemas hidráulicos suportam pressões bem mais elevadas. Com isso, a versatilidade desses trens-de-força é bem menor e por isso, antes de girar o motor e sair acelerando, é preciso prepará-lo para atingir a temperatura e condições ideais de funcionamento.
O processo de aquecimento do motor começa antes mesmo de ele ser ligado, com o aquecimento da água do motor por meio de um sistema externo para fazer o bloco chegar a 60 graus. Em seguida é a vez do óleo, que é removido do motor e pré-aquecido antes de voltar ao sistema de lubrificação do carro. Enquanto isso é feito, os técnicos verificam os sistemas eletrônicos usando uma bateria externa e um laptop de época e os fluidos de freio e embreagem.
Quando o motor e o óleo chegam à temperatura correta, é hora de conectar o motor de partida, mas não de ligar o carro. Antes da partida, o mecânico gira o motor desligado para bombear os fluidos pelos sistemas, e só depois disso é que a ignição e a bomba de combustível são acionados e a partida é dada.
Mas ele ainda não está pronto. Em seguida o carro é mantido em 4.000 rpm para girar o alternador e manter a bateria cheia. Ao chegar aos 80 graus, o motor é acelerado em baixas rotações para a inspeção final até chegar aos 90 graus, quando o carro finalmente está pronto para acelerar.