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É assim que se deve fazer perseguições policiais nos filmes de ação

Enquanto todo mundo não para de falar de “Velozes e Furiosos 8” (o que, bem, é compreensível), outras franquias de filmes continuam sendo produzidas. Que coisa, não? Uma delas é a série de filmes Bourne, protagonizada por Matt Damon desde 2002 — com exceção de “O Legado Bourne” (The Bourne Legacy, 2002), estrelado por Jeremy Renner — e baseada na trilogia de livros de mesmo nome de Robert Ludlum. Depois da morte de Ludlum, em 2001 o escritor americano Eric Van Lustbader continuou a série Bourne, com mais dez livros publicados entre 2004 e 2016.

Jason Bourne é um agente da CIA que sofre de perda de memória e, enquanto cumpre suas missões, ainda precisa lembrar-se de quem é. Sendo uma franquia de ação e suspense policial, é natural que os filmes da série Bourne tenham perseguições. E elas são matadoras!

A real é que a franquia Bourne é famosa pelo realismo de suas cenas de ação, e uma característica marcante são justamente as perseguições policiais, que são feitas à moda antiga — ou seja, com a menor quantidade de computação gráfica possível. É a escola de Bill Hickman, famoso dublê e coordenador de cena que foi responvável pela épica perseguição de Bullitt (1968) e também pelas perseguições de “Operação França” (The French Connection, 1971) e “Esquadrão Implacável” (The Seven-ups, 1973). E a tradição vai continuar em Jason Bourne, mais novo filme da franquia, que fará sua estreia oficial no dia 29 de julho e trará, finalmente, a revelação sobre quem realmente é Jason Bourne.

Parte do filme se passam em Las Vegas, e é lá que ocorre uma das principais cenas de perseguição do filme — da qual você pode conferir um trecho logo abaixo. São só 54 segundos, mas são 54 segundos alucinantes.

Mas sabe o que é mais alucinante? Ver como as perseguições são feitas. O compromisso com o realismo faz com que filmar uma cena como esta seja uma verdadeira missão. Olha só:

A parte que realmente nos interessa começa por volta dos dois minutos, quando são mostrados os bastidores da perseguição. É muito legal ver que, em vez de carros virtuais, veículos de verdade são arremessados para todos os lados quando uma van da SWAT equipada com uma espécie de espátula gigante na dianteira avança por entre o tráfego da cidade. É bom ver que o diretor Paul Greengrass, que também esteve por trás das câmeras em “A Supremacia Bourne” (The Bourne Supremacy, 2004) e “O Ultimate Bourne” (The Bourne Ultimatum, 2007), realmente não curte a escola Michael Bay de direção. A autenticidade agradece.

No entanto, a parte mais bacana do vídeo é ver o camera car em ação. Aquelas cenas em close, que quase lembram documentários, foram conseguidas graças a uma câmera presa a um braço estabilizador que segue os carros bem de perto. Imaginamos como deve ser desafiador para o piloto dublê ter que costurar o tráfego (ainda que este seja precisamente calculado) com aquele trambolho indo de um lado para o outro bem no seu campo de visão, mas o resultado compensa — o estabilizador da câmera é bastante eficiente e garante um envolvimento impressionante em cada cena.

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Em uma entrevista dada em 2007 ao Entertainment Weekly, Matt Damon revela que uma das inspirações do diretor Paul Greengrass para as perseguições dos filmes Bourne foi justamente “Operação França” — no qual o ator Gene Hackman dispensou dublês para a maioria das cenas, o que possibilitou que seu rosto aparecesse em boa parte delas (ponto para o realismo). Claro,  algumas das mais perigosas foram gravadas com Bill Hickman ao volante.

Hackman e Hickman, uma dupla do barulho

A semelhança nos ângulos de câmera escolhidos, na sonoplastia e no dinamismo das cenas é evidente, mas a real é que ver como as cenas de Jason Bourne foram feitas é quase tão legal quanto o resultado na telona.