Dentre as inúmeras reclamações que os fãs da Fórmula 1 têm em relação à atual configuração da categoria, uma das mais frequentes diz respeito ao design dos carros. Fala-se que eles cresceram demais; critica-se a complexidade dos componentes aerodinâmicos, que priorizam o aspecto técnico sem dar a devida importância à estetica; condena-se a adoção do halo, que protege o piloto mas ainda causa estranhamento; e, claro, denuncia-se a falta de ânimo e personalidade do ronco dos motores V6.
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Os monopostos da maior categoria do automobilismo dificilmente voltarão a ser as máquinas esbeltas, elegantes e barulhentas do passado, isto é fato. Mas a FIA já está preparando novas diretrizes para a Fórmula 1, que serão adotadas a partir de 2021. E elas prometem um novo padrão de design para os carros, com o intuito de torná-los mais bonitos, sim, mas também mais competitivos.
Agora, a organização divulgou um vídeo dando alguns detalhes sobre o novo projeto. Infelizmente a incorporação foi desativada, mas você pode assisti-lo – e recomendamos fortemente que o faça antes de continuar lendo.
Pronto? Vamos, então, aos comentários.
Embora seja um modelo em escala, o carro que aparece no vídeo é a primeira versão física do novo projeto – até agora, a FIA havia divulgado ilustrações e projeções computadorizadas, apenas. O que se vê é algo menos conceitual e mais concreto, com elementos que provavelmente estarão nos carros das equipes.
Segundo a FIA, os testes no túnel de vento com um modelo físico só acontecem após uma intensa bateria de simulações computadorizadas, a fim de refinar as formas do carro.
O intuito principal da FIA é facilitar ultrapassagens e permitir que os carros que estão na frente sejam seguidos mais de perto pelos carros que vem de trás. Para isto, o novo regulamento definirá componentes aerodinâmicos que gerem menos turbulência na traseira. Com o design atual, a turbulência gerada faz com que o carro que vem atrás perca até 50% da downforce, o que dificulta a aproximação e, consequentemente, a ultrapassagem. Essa era uma das principais críticas dos fãs, que sentem falta das ultrapassagens “no vácuo”.
Simulações computadorizadas mostraram que a nova proposta pode reduzir esta perda de downforce para algo entre 5% e 10%, e isto foi confirmado nos testes em túnel de vento. Como eles conseguiram?
Embora a FIA ainda não dê muitos detalhes, há alguns elementos-chave que contribuíram para isto. O primeiro é o novo formato dos sidepods, que agora ficaram muito mais limpos, assim como novas as extensões do assoalho – as “saias laterais”, que agora têm formato de “U” e vêm com dutos Venturi na parte posterior.
O desenho da asa traseira também é novo, e radicalmente diferente do que se vê nos carros atuais. Com formas mais orgânicas e um novo defletor na parte superior, a asa foi criada para desviar o fluxo aerodinâmico para cima, afastando a turbulência do carro que vem atrás.
Outra mudança importante, que já havia sido anunciada antes, está nas rodas: a partir de 2021, a Fórmula 1 adotará rodas de 18 polegadas no lugar das rodas de 13 polegadas que são usadas desde a década de 1970. Segundo a FIA, o principal intuito é obter um visual mais atual, ao mesmo tempo em que se consegue mais espaço para os discos de freio. Os pneus de perfil mais baixo manterão o diâmetro do conjunto inalterado, e as novas rodas exigirão que as equipes reformulem por completo a geometria de suspensão para compensar a mudança. Serão adotadas calotas para controlar o fluxo do ar que passa pelas rodas, em mais uma maneira de reduzir a turbulência.
A FIA ressalta, porém, que o carro em escala é um modelo genérico, e que ainda existem ajustes a ser realizados – em especial na frente do carro. Isto posto, a miniatura já traz uma asa dianteira de desenho mais limpo e simples, e seu design é um bom indicativo do que podemos esperar para a temporada de 2021.
A prioridade no momento, segundo a FIA, é procurar brechas em seu próprio regulamento, a fim de evitar que as equipes as encontrem e as explorem. Para isto, novos testes em túnel de vento estão marcados ainda para este ano. O primeiro acontecerá em outubro, depois do qual serão publicadas as novas regras técnicas e administrativas que entrarão em vigor em 2021. Então, será feito outro teste em dezembro, mas os resultados serão utilizados apenas para pequenos ajustes no regulamento, sem mudanças nos fundamentos.