Imagine que você é um daqueles caras que têm US$ 1 milhão – uns R$ 3,3 milhões em conversão direta – dando sopa na conta bancária. É dinheiro sobrando. Você também curte carros, claro. E você descobre que esta coleção com quatro dos cinco Mercedes-AMG Black Series que existem no mundo será leiloada daqui a algumas semanas. Bom, você já sabe o que vai fazer com esta grana.
Os carros serão leiloados pela Mecum Auctions durante um evento em Kissimmee, na Flórida, que acontecerá entre os dias 5 e 14 de janeiro de 2018. Eles vieram da coleção de Michael Fux, que fez fortuna vendendo colchões e hoje é dono de uma coleção com mais ou menos 160 carros – ele já perdeu as contas, na verdade, e precisa de três galpões para guardá-los.
Uma olhadinha em sua garagem através do Instagram torna bem fácil entender por que ele está desovando quatro AMG Black Series de uma vez – ele deve estar “sofrendo” com falta de espaço para guardar e de tempo para dirigir todos os seus carros. O cara tem não uma, mas duas LaFerrari. E uma delas é a Aperta!
Deve ser mesmo difícil ter de escolher entre tantos carros. De qualquer forma, para nós, pouco importa qual é a razão que levou Fux a colocar seus quatro Mercedes-AMG Black Series para serem vendidos juntos. Sim, juntos – nem adianta querer levar um só.
O único que não está presente é o primeiro Black Series de todos, o Mercedes-Ben SLK55 AMG Black Series. Lançado em 2006, ele usava um V8 de 5,5 litros cuja potência era aumentada de 360 cv (no SLK55 AMG “comum”) para 400 cv, com o torque indo de 52 mkgf para 53 mkgf, graças à adoção de um coletor de escape modificado, comandos de graduação mais agressiva, um novo filtro de ar e um sistema de escape desenvolvido pela AMG exclusivamente para o modelo. Além disso, como todo AMG Black Series depois dele, ele tinha carroceria alargada, freios maiores, suspensão ajustável e rodas traseiras com 9,5 polegadas de largura.
De qualquer forma, o SLK55 AMG Black Series teve só 120 exemplares fabricados, o que ajuda a entender sua ausência na coleção de Michael Fux: ele simplesmente é muito difícil de achar. Os outros membros da família são (um pouco) mais comuns. Vamos dar uma olhada neles agora.
Começando por aquele que, sem dúvida, é o que mais marca presença: como se o Mercedes-Benz SLS AMG, o halo car da Mercedes entre 2010 e 2015, já não fosse potente o bastante com seus 571 cv, a versão Black Series tem 622 cv graças a um novo coletor de admissão, comandos de válvulas retrabalhados, componentes internos reforçados e outras melhorias que nunca serão divulgadas.
O torque baixou de 66,2 mkgf para 64,7 mkgf, mas tudo bem: com diferencial mais curto e caixa de dupla embreagem e sete marchas retrabalhada, o 0-100 km/h é cumprido em 3,6 segundos e a velocidade máxima é de 315 km/h. Não dá para reclamar.
O carro ainda tem componentes aerodinâmicos de fibra de carbono na carroceria e escapamento de titânio, que o ajudam a baixar o peso do carro em 70 kg em relação ao SLS AMG não-Black Series – são 1.550 kg no total, o que não é tanto assim para um carro que mede 4,64 mm de comprimento e tem um V8 de 6,2 litros na dianteira. Fizeram só 150 exemplares em 2013, e o carro da coleção de Michael Fux tem apenas 385 km marcados no hodômetro.
Lançado em 2011, o C63 AMG Black Series usa uma versão um pouco mais antiga do V8 de 6,2 litros. Agora, não se engane: ainda estamos falando de 517 cv a 6.800 rpm e 63,2 mkgf de torque a 5.000 rpm. Mesmo com 1.710 kg de carro para mover, o motor acoplado a uma caixa de embreagem dupla e sete marchas é capaz de levar o cupê widebody dos 0 a 100 km/h em 4,2 segundos, e seguir acelerando até os 300 km/h – limitados eletronicamente, também.
O carro ainda tem freios maiores (ventilados e perfurados), suspensão com amortecedores ajustáveis e diferencial traseiro autoblocante (com seu próprio radiador) – características compartilhadas entre todos o Black Series. Fizeram 800 exemplares entre 2011 e 2015, e o carro que vai a leilão tem apenas 256 km rodados.
O CLK63 AMG Black Series, que teve 700 unidades produzidas entre 2007 e 2008, também usa o V8 de 6,2 litros, porém preparado para entregar 507 cv a 7.200 rpm e 64,2 mkgf de torque a 5.250 rpm, com a ajuda de um novo coletor de admissão de magnésio, um sistema de escape com fluxo melhorado e outro módulo eletrônico. O modelo “comum” tem 6,2 litros e 481 cv, para se ter ideia. É o bastante para, com o câmbio automático de sete marchas, chegar aos 100 km/h em quatro segundos com máxima de 300 km/h.
Diretamente inspirado pelos carros de turismo da AMG, o CLK63 AMG Black Series usava um body kit de fibra de carbono com para-lamas bem alargados para acomodar as rodas e pneus de 19 polegadas e o eixo traseiro mais largo. Os discos de freios são maiores, a suspensão é ajustável até as portas são de fibra de carbono. O exemplar que vai a leilão tem 360 km rodados.
Agora, você é fã dos V12, certamente estava aguardando que chegássemos ao SL65 AMG Black Series. Fabricado em 2009, o cupê é movido por um leviatã de seis litros biturbo que, graças a um par de turbinas 12% maiores e modificações nos sistemas de admissão e escape, teve a potência aumentada de 612 cv para 670 cv, além de 101,9 mkgf de torque.
É o único Black Series com motor V12, algo que o torna especial por si só. Em vez de uma caixa de dupla embreagem de sete marchas, ele tem um câmbio automático de cinco marchas, pois era o único que suportaria tanto torque. Por isso, apesar de mais potente, ele é um pouco mais lento que o SLS AMG Black Series em aceleração, chegando aos 100 km/h em 3,9 segundos. Sua velocidade máxima, porém, é limitada em 320 km/h. Limitada.
Ao usar componentes de fibra de carbono na carroceria alargada e abandonar o teto retrátil, o SL65 AMG Black Series perdeu bons 250 kg em relação à versão “comum”. Recebeu também rodas de 19×9,5 polegadas na dianteira e 20×11,5 polegadas (sério) na traseira.
Fizeram 350 exemplares entre 2008 e 2009, sendo que 175 deles foram vendidos nos EUA. O carro da coleção de Michael Fux tem 1.071 km rodados.