Por alguma razão (imagine qual…) os entusiastas parecem ter uma fixação em colocar o motor do Dodge Viper em outros veículos. Já vimos um Maverick com o V10 SRT, a própria fabricante já fez uma picape Ram e uma “moto” conceitual usando esse motor, e recentemente falamos sobre um Honda S2000 com o V10 da víbora no lugar de seu quatro-cilindros girador.
Talvez seja o fator desafio — não é exatamente simples colocar um V10 de pelo menos oito litros (dependendo do ano, o motor desloca entre oito e 8,4 litros) dentro de um cofre que não seja o do Viper, então as pessoas tentam só para provar que é possível. Pode ser também a potência — afinal, o primeiro Viper, lá de 1992, já tinha seus 405 cv e 64,3 mkgf de torque.
E tem o ronco. Ah, o ronco… o V8 com dois cilindros extras é mais furioso e encorpado que o de qualquer V10 europeu, e o fato de ser um motor de concepção antiga e eletrônica relativamente simples (antes da geração atual, o Viper não tinha nenhum tipo de babá eletrônica e a ECU só cuidava mesmo do motor), acabam compensando o fato de o motor ser enorme e encorajam aventureiros como este cara.
Quer saber, de que vale ficar questionando motivos? Vamos aos fatos: um sueco chamado Pelle Nilsson comprou um Dodge Viper que havia sofrido um capotamento com a intenção de restaurá-lo. Deve ter sido uma pechincha na hora de comprar, mas logo Nilsson viu que a restauração não seria nem um pouco barata.
Sendo assim, ele decidiu procurar uma prata da casa: em vez de tentar trazer um carro americano de volta à vida, ele pegaria as partes boas do Viper (motor, câmbio, freios, suspensão e eletrônica) e as colocaria em um carro orgulhosamente sueco — um Saab 9-3 Combi, que é como os suecos dizem “perua”. Nascia o Saab 9-3 Mega Power, também conhecido como “este carro abaixo”:
O processo foi, sem dúvida, trabalhoso e exigiu habilidade e conhecimento. Por sorte, Nilsson tinha alguns contatos dentro da Saab — ou ao menos é o que a versão traduzida leva a crer — e não foi difícil encontrar mão de obra de primeira. E devia ser mesmo, pois todo o trabalho de conversão (que não foi pouco) levou apenas seis meses.
Tenha em mente que estamos falando, em essência, da fusão de dois carros — o Saab 9-3 entrou com a carroceria e o interior, enquanto o Viper forneceu todo o resto. Não encontramos informações sobre o ano do Dodge Viper, mas há a informação de que seu deslocamento é de 8,4 litros — o que significa que provavelmente o carro doador foi fabricado entre 2007 e 2010 (o tópico é de 2011) e, assim, entrega 612 cv e 77,5 mkgf de torque.
Sabendo que, no Viper, era o bastante para chegar aos 100 km/h em 3,6 segundos com máxima de 325 km/h, dá para ter uma noção do quanto essa coisa anda.
Naturalmente, algumas coisas teriam que mudar se a equipe quisesse ver seu plano — transplantar o motor, a eletrônica, a suspensão e os freios do Viper na carroceria do Saab — concretizado. Por causa do comprimento do bloco, o V10 precisou ser deslocado em direção ao habitáculo para caber no cofre e não prejudicar a distribuição de peso do carro. Isto exigiu a fabricação de um túnel de transmissão sob medida que, além de acomodar a capa seca do câmbio, não poderia afetar a reinstalação do interior.
Também foram fabricados novos suportes para a suspensão do Viper (braços sobrepostos do tipo “duplo-A” com molas helicoidais na dianteira e na traseira), enquanto os para-lamas foram alargados para acomodar as bitolas mais largas e as rodas de 18×10 polegadas na dianteira e 19×13 polegadas (!) na traseira. Dentro delas (das quatro!) freios com discos de 355 mm de diâmetro.
O tópico original, em sueco, conta a história do processo de construção da perua Saab 9-3 com mecânica de Dodge Viper quase toda com fotografias — são centenas delas, algumas até detalhando passo a passo a fabricação de componentes sob medida.
Depois de espalhar pela internet em meados de 2011, o Saab 9-3 de Pelle Nilsson sumiu do mapa… até outubro passado, quando o site Saab Planet , com um novo para-choque dianteiro, novos para-lamas e carroceria vermelha. Ele também deu ao carro um novo nome: “Swiper”.
O que achamos disso tudo? Que é uma pena não termos encontrado um vídeo deste carro em movimento. Em compensação, tem algo quase tão bacana quanto:
Aqui vemos Nilsson dirigindo o Dodge Viper batido depois de retirar a carroceria — e, sem querer, demonstrando que a Dodge poderia muito bem ter vendido a carroceria como opcional…