Muitas fabricantes de supercarros e esportivos costumam investir bastante na preservação de sua memória, fornecendo componentes novos para carros antigos e equipes de engenheiros e mecânicos especializados em sua manutenção. Tudo para atender às exigências de colecionadores que fazem questão de manter seus clássicos sempre em ordem para rodar a qualquer momento — afinal, é para isto que os carros são feitos, não importa sua idade.
A Porsche é uma das empresas que, há anos, mantêm um programa de restauração de clássicos. A marca orgulha-se do fato de mais de 70% de todos os Porsche fabricados na história ainda estarem rodando, e faz questão de manter um vasto catálogo de componentes à disposição, além de oferecer os serviços de especialistas em manutenção, reparo e restauração de seus modelos a seus clientes.
Desse modo, além de manter os carros clássicos do passado preservados com peças de primeira, a marca valoriza sua imagem junto aos proprietários, que saem satisfeitos com componentes de qualidade, sem adaptações. A não ser que você queira, por exemplo, uma central multimídia e de navegação para seu Porsche 911 dos anos 80 — nesse caso, a marca também oferece produtos com recursos modernos e aspecto clássico.
Mas isto não é novidade — o programa já está ativo há alguns anos, e é um sucesso. Tanto que a marca decidiu expandir sua atuação, e agora também oferece serviços de manutenção e restauração completa para donos de seus carros de corrida históricos — seja um daqueles que costumam ser leiloados em eventos como Pebble Beach e são arrematados por quantias na casa dos milhões; ou um verdadeiro barn find que sofreu muito com a passagem dos anos, mas tem potencial de sobra para voltar à sua antiga forma. O objetivo da Porsche com seu novo programa é fazer com que isto aconteça.
Carros que se encontram nos EUA e na Alemanha poderão retornar às especificações originais, ou o mais próximo possível delas. E, uma vez restaurados, os bólidos serão mantidos assim.
“Estes veículos ajudaram a escrever a história do automobilismo e acumularam valor nos últimos anos”, diz Jens Walther, presidente da Porsche Motorsport nos EUA. “A cena do automobilismo histórico é muito forte nos EUA, mas muitos destes veículos também competem em circuitos europeus. Um número cada vez maior de donos está começando a reconhecer o quanto é importante para o futuro que tais veículos passem por uma restauração fiel às características originais”.
Para marcar a inauguração do programa, a Porsche escalou um “garoto propaganda” de peso: o Porsche 917K que venceu os 1.000 Km de Spa em 1971, com o britânico Jackie Oliver e o mexicano Pedro Rodríguez revezando ao volante. O carro equipado com um flat-12 de 4,9 litros e quase 700 cv também competiu nos EUA antes de ser aposentado e ir parar em no museu da Porsche em Zuffenhausen, na Alemanha.
A Porsche aproveitou de todos os recursos disponíveis para completar a restauração: componentes novos, documentos históricos de seu museu, os serviços de seus melhores mecânicos e engenheiros, e até depoimentos e consultoria de gente que trabalhou no carro nos anos 70. Nada de economizar gastos ou realizar adaptações. De acordo com a companhia, a única concessão quanto à originalidade do carro é feita para os equipamentos de segurança, como os cintos de competição modernos.
Além da restauração, o programa da Porsche para seus clássicos de corrida também garantirá o fornecimento de peças sobressalentes e serviços de manutenção — tanto na oficina quanto na beira da pista. Isto porque a ideia é que os carros continuem correndo, e que seus donos possam confiar totalmente na Porsche para mantê-los sempre em ordem.
A volta do 917K às pistas aconteceu em grande estilo, no último fim de semana (25- 27 de setembro), durante o Rennsport Reunion V. Foi a quinta edição do evento realizado no famoso circuito de Laguna Seca, na Califórnia, que mais uma vez recebeu dezenas de bólidos históricos da Porsche — dos pequenos e leves 356 e 550 Spyder que competiam nos anos 50 a verdadeiros monstros da história recente da marca nas pistas, como o 911 GT1 que venceu as 24 Horas de Le Mans de 1998.
Infelizmente ainda não há muitos registros em vídeo do evento — o mais bacana que encontramos até agora foi este onboard com um Porsche 911 993 Turbo de competição da Synergy Racing que, com dois turbocompressores, deve entregar cerca de 700 cv.
Por outro lado, este vídeo do ano passado dá uma bela ideia de como costuma ser um fim de semana no Rennsport Reunion: uma infinidade de Porsche de competição de todas as épocas, juntos na pista e mostrando que ainda são capazes de andar forte e roncar bonito. Mesmo os pequenos 914 com motor VW parecem bem divertidos de guiar, não é mesmo?
No fim das contas, o Rennsport Reunion também mostra que não faltarão clientes interessados no serviço de restauração oferecido pela Porsche: olha só quantos carros de corrida antigos ainda são usados e abusados na pista! É ótimo saber que eles serão tratados com todo o cuidado e respeito que merecem.