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Este cara comprou um Porsche 917 e o transformou em seu superesportivo de rua

Dizem que o Porsche 917 era um dos carros de corrida mais aterrorizantes do planeta. Menor do que parece pelas fotos, ele pesava menos de 600 kg e era movido por um motor flat-12 (sim, um boxer de 12 cilindros) com deslocamento de 4,9 litros e pelo menos 600 cv. Esta era sua versão menos potente, e ainda assim, era uma das mais potentes que competiram no Mundial de Endurance em 1970, primeiro ano em que a Porsche venceu as 24 Horas de Le Mans.

Depois disto o Porsche 917 continuou competindo em diferentes categorias, incluindo na Can-Am norte-americana. Em uma versão sem teto e sem faróis, o Porsche 917 conhecido ficou conhecido como Turbopanzer por causa do seu motor turbinado que chegava aos 1.200 cv de acordo com alguns relatos. Mas mesmo na versão naturalmente aspirada estamos falando de um protótipo que chega a 1 kg/cv, chegando a adotar uma chave perfurada e uma bola de câmbio feita de madeira balsa para demonstrar de forma concreta o quanto a Porsche estava se esforçando para manter o peso lá em baixo.

Um carro feito de fibra de vidro sobre uma estrutura tubular. Era um carro feito para ser rápido, e não seguro: o piloto ia sentado em posição bem avançada, com as pontas dos pés a centímetros do bico do carro e com o ronco borbulhante do flat-12 logo atrás dos ouvidos. É uma cabine apertada, quente e dotada unicamente do necessário para conduzir rápido, com foco na pista.

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Claudio Roddaro, porém, utiliza seu Porsche 917, o carro número 037, para destacar-se nas ruas já cheias de carros exclusivos e exóticos do Principado de Mônaco. O que é um feito e tanto, porque o distrito de Monte Carlo é o tipo de lugar onde são altas as chances de ver não apenas um, mas dois Bugatti Veyron em um passeio casual à tarde. E uma LaFerrari. Vários Rolls-Royce. Um Pagani Zonda. E mais um monte de outros superesportivos e carros ultra-luxuosos exóticos.

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Não que o que ele queira seja exatamente se destacar nas ruas, o que seria um tanto fútil para um 917. Roddaro é um jovem colecionador e piloto de corridas nas horas vagas, e é o tipo de cara que curte dirigir seus carros. Além de usar seu 917 como daily driver de tempos em tempos, ele leva o carro para diversos eventos de pista pela Europa, com diversos vídeos e fotos para provar.

Ele comprou o carro em 2016 por aproximadamente US$ 22 milhões, o que dá pouco mais de R$ 74 milhões em conversão direta. Um valor que coloca o carro entre os mais valiosos de todos os tempos.

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Não é para menos. Este carro tem a inusitada história de jamais ter competido. Até o 2004 ele era apenas um chassi tubular, deixado inacabado no fim dos anos 70 e guardado por mais de três décadas.

Quem comprou o carro das mãos da Porsche foi a Karosserie Baur, uma encarroçadora alemã que também foi responsável pelo BMW Z1 e pelos Audi Quattro originais de homologação. Em algum momento o carro foi vendido a um colecionador norte-americano, que o mandou o 917-037 para a Gunnar Racing em Long Beach, na Califórnia. Lá, o restaurador especialista em carros de corrida antigos Carl Thompson concluiu o trabalho iniciado pela Porsche.

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Por sorte o 917-037 era um carro de paradeiro conhecido pela Porsche, que deu todo o suporte necessário para a restauração, fornecendo até mesmo plaquetas de chassi e todos os componentes originais que tivesse disponíveis. Como é um carro que nunca correu (e, consequentemente, nunca bateu) este 917 é o exemplar mais original em existência hoje em dia, segundo a própria Porsche.

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O carro foi pintado de prata e recebeu a pintura da Martini Racing, que foi uma das várias patrocinadoras da Porsche dos anos 70 aos anos 80. Há, contudo, uma boa razão para que Roddaro tenha escolhido o esquema de cores da Martini.

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O Porsche 917 de Conde Rossi em 1971, antes de ser comprado por ele

Seu Porsche 917-037 só pode ser legalizado para as ruas por que havia um precedente: o carro do Conde Rossi, o Porsche 917-030. O magnata e entusiasta de origem italiana era ninguém menos que o CEO da Martini, e o cara que viabilizou o patrocínio à Porsche.

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Seu exemplar, adquirido em 1974, havia sido construído em 1971 para testar um sistema de freios ABS que a Porsche estava desenvolvendo. Meses depois, ele competiu em algumas corridas na temporada daquele ano do WSC antes de ser aposentado. Rossi queria apenas que o carro fosse legalizado para as ruas, que fosse pintado de prata e que tivesse o interior revestido de couro marrom.

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O processo de conversão e regularização dos documentos levou cerca de um ano e, em abril de 1975, o Conde Rossi foi até a Stuttgart, na Alemanha, retirou o carro e foi dirigindo até Paris, onde morava. A única modificação mecânica em relação ao carro de corrida foi a instalação de um abafador adaptado do Porsche 911. O 917-030 ainda pertence à família Rossi, e de tempos em tempos sai às ruas para esticar as pernas.

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Para legalizar seu carro para rodar em vias públicas, Roddaro precisou provar às autoridades que seu carro era idêntico ao de Rossi, em um processo burocrático que levou “dolorosos dois meses”, de acordo com a Porsche. Só uma observação: eles não fazem ideia de quanto este processo demoraria no Brasil…

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