Você deve lembrar que, recentemente, vimos um incrível projeto feito pela americana Piper Motorsport, que está colocando a carroceria de um Mercedes-Benz 190E sobre um C63 AMG da geração passada. Pois hoje vamos trazer algo parecido, porém com muito mais apelo para a galera dos muscle cars. Que tal um Dodge Charger 2006 com a carroceria de um clássico Charger Daytona, um dos famosos Winged Warriors que competiram na NASCAR em 1970?
É exatamente isto que um cara chamado Steve Mirabelli está fazendo desde 2013. Estamos em 2016 agora e o carro ainda não está pronto, mas sua empreitada é tão impressionante que fica difícil não mostrá-la aqui. Prepare-se para uma avalanche de fotos!
O projeto começou com um Dodge Charger SRT-8 2006 acidentado, que não podia mais rodar, porém conservava sua estrutura e mecânica íntegras. O motor é um V8 Hemi de 6,1 litros, 430 cv e 58 mkgf de torque e, acoplado a uma caixa automática de cinco marchas, é capaz de levar o carro até os 100 km/h em 5,4 segundos. Steve pagou US$ 8,5 mil pelo carro (cerca de R$ 34 mil em conversão direta).
A outra metade do projeto era um Dodge Charger 1968 bastante danificado, porém com diversos painéis de metal íntegros, comprado por US$ 1,5 mil, ou cerca de R$ 6 mil. Nos parece um bom valor para começar.
De qualquer forma, o investimento financeiro inicial ficou pequeno diante de todo o trabalho que Steve teve desde então. Porque seria mais simples transplantar os painéis do Charger 1968 sobre o monobloco do Charger 2006, mas ele decidiu ir além e recriar um Dodge Charger Daytona. Sendo assim, ele também comprou uma asa traseira e um bico em forma de cunha autênticos antes de começar a transformação.
Steve é um daqueles caras que gastam todo o tempo livre que têm trabalhando em seus projetos. Mesmo assim, ele se deu ao trabalho de postar fotos detalhadas do processo , na maioria das vezes, com uma breve descrição do que está acontecendo. Isto já nos dá uma boa ideia da mão de obra.
Como você deve saber, ainda que o Dodge Charger Daytona seja baseado em um exemplar comum, há algumas mudanças em relação às carrocerias. Além dos aparatos aerodinâmicos, o especial de homologação tinha o vidro traseiro rente à carroceria, e não recuado como no Charger comum. Sendo assim, Steve preferiu realizar as modificações com o carro montado antes de remover os painéis e transplantá-los para o novo “paciente”.
Além do vidro traseiro, outros detalhes tiveram que ser acertados, como o desenho das lanternas traseiras, os reforços estruturais e os arcos das rodas. Tudo, absolutamente tudo, foi feito em metal e de maneira artesanal — muitas vezes, por tentativa e erro.
Uma vez retrabalhada a carroceria do carro antigo, chegou a hora de desmontar o carro moderno, removendo toda a carroceria. Além da mecânica, o carro forneceria todo o interior — painel, bancos, revestimentos de porta e sistema de som e acabamentos. Antes disso, porém, a nova carroceria precisou ser instalada, em um processo que levou quase dois anos.
As medidas dos dois carros, separados por quase 40 anos, são surpreendentemente parecidas. Steve diz que o entre-eixos do Charger 2006 é apenas seis centímetros mais longo do que o original do Charger Daytona. Sendo assim, primeiro ele posicionou o restante da carroceria — das colunas “A” para trás, e depois adaptou os para-lamas dianteiros (genuínos do Charger Daytona) e o capô.
Para isto, ele precisou fabricar extensões sob medida para o para-lama dianteiro, alargá-lo um pouquinho (as bitolas do Charger 2006 são cerca de nove centímetros mais largas) e tomar cuidado para que, com maiores dimensões, a dianteira não ficasse “inchada”. Aparentemente, ele conseguiu — dá só uma olhada. Há alguns poucos toques modernos, como os retrovisores e maçanetas externas, que acabaram caindo bem ao projeto.
Com tudo no lugar, chegou a hora de adaptar o interior. O painel do Dodge Charger 2006 teve boa parte aproveitada, mas precisou de uma nova cobertura, feita em metal e revestida com couro. Os bancos também foram utilizados, bem como mecanismos dos cintos de segurança e partes do revestimento das portas.
Ao ver o carro montado, porém, fica fácil esquecer de outros detalhes que exigiram muito tempo e trabalho para a adaptação: o capô precisou ser remodelado, os motores dos limpadores de para-brisa e dutos de ventilação exigiram diversas modificações na área abaixo do para-brisa e nas colunas A. Lembramos: tudo feito em metal, sem fibra ou massa. Espetacular.
Atualmente o carro está montado e a carroceria está no primer, mas já dá muito bem para admirar o projeto até agora. Além disso, já está bem mais interessante do que estes caras aqui:
Estes Winged Warriors apareceram em 2010, e foram feitos adaptando componentes aerodinâmicos sobre exemplares então novos do Dodge Charger. Eles eram feitos pela Heide Performance Products, e os kits que incluíam uma nova dianteira e a icônica asa traseira custavam, na época, cerca de US$ 15 mil. Como vemos, as proporções não funcionam direito e os carros parecem realmente inchados.
Ficamos com o trabalho de Steve, e estamos loucos para vê-lo pronto!
[ Sugestão de Rodrigo Leite ]