Não é raro ouvir (e ler) reclamações de entusiastas que acham que carro de verdade se fazia antigamente — “era tudo metal, não tinha essa de para-choque de plástico, painel de plástico, botões de plástico no painel”. Só que há alguns bons motivos para termos “carros de plástico” hoje em dia. Um deles: eles são mais seguros (ou ao menos deveriam ser).
Talvez o Sr. Arthur Lampitt, de 75 anos, morador de Granite City, estado de Illinois, não tivesse ficado com uma alavanca de seta dentro de seu braço esquerdo por 51 anos se, em 1963, tivesse sofrido um acidente em um carro moderno, com áreas de deformação programada e sem peças metálicas protuberantes no interior.
Mas não: naquele ano, o jovem Arthur Lampitt era um corretor de imóveis e estava a caminho de uma casa para mostrá-la a um cliente quando perdeu o controle do carro e bateu de frente com um caminhão. O vídeo abaixo, de um crash test entre um Chevrolet Malibu 2009 e um Bel Air 1959 dá uma ideia do que acontecia com uma daquelas barcas no caso de uma colisão frontal:
Sem as zonas de deformação programada, a carroceria não absorve a energia do impacto. Em vez disso, ela é toda transmitida ao habitáculo e para os ocupantes, que são esmagados pelo motor e pelo painel. É assustador — especialmente quando se vê por dentro.
Sendo assim, dá para entender o estado do carro nas fotos que Lampitt guardou do acidente, tiradas por um amigo: o interior do T-Bird virou um monte de metal retorcido e a gravidade do impacto até fez com que as estações de rádio locais reportassem o acidente como uma fatalidade. Contudo, Arthur sobreviveu — com diversos cortes no braço esquerdo, uma fratura no quadril e três ou quatro costelas quebradas.
A fratura do quadril foi a maior preocupação dos médicos na época e, uma vez recuperado dela, Arthur sequer se preocupou com os cortes no seu braço esquerdo. Até que, 35 anos depois do acidente, durante uma viagem a trabalho, Lampitt passou por um detector de metais e o disparou, mesmo sem carregar objetos metálicos consigo.
Depois disso ele decidiu tirar um raio-X de seu braço ferido no acidente, e a chapa revelou uma surpresa: um objeto fino, mais ou menos do tamanho de um lápis, preso dentro do braço. Arthur não sabia o que era, mas como não sentia dor e nem sofria qualquer tipo de restrição nos movimentos de seu braço esquerdo, seguiu com sua vida — até que, há algumas semanas, algo mudou.
Lampitt começou a sentir um objeto pontudo dentro de seu braço, e um calombo começou a crescer. Era a hora de remover o objeto estranho. A cirurgia foi realizada na manhã da última quarta-feira (1) e durou 45 minutos, como contou o jornal local .
O objeto foi removido, mas ninguém sabia o que era — até que Arthur lembrou das fotos do acidente: faltava a alavanca de seta na coluna de direção, do lado esquerdo. Estava explicada a origem da haste de metal de 18 cm de comprimento e surpreendentemente pesada para seu tamanho.
Certamente é uma história e tanto, e Arthur já tem até planos para o “souvenir” retirado de seu braço esquerdo. “Vou fazer um chaveiro ou algo assim. Vou pensar em alguma coisa”, ele diz.