Com gráficos cada vez mais realistas, os games de corrida não servem apenas para pilotar os carros dos seus sonhos no mundo virtual. Eles também podem servir para fotografá-los. Já era bacana fazê-lo há dez ou doze anos, com Gran Turismo 4 no Playstation 2. Agora, na atual geração de consoles, a coisa fica ainda mais interessante. Dá até para planejar um ensaio fotográfico de verdade!
Caso você ainda não tenha sacado, o negócio é o seguinte: Sam Dobbins, fotógrafo automotivo, diretor criativo da Vossen Wheels e dono de um Golf GTI modificado, precisava fazer um ensaio fotográfico de seu carro no circuito de Lime Rock Park, em Connecticut, EUA. As fotos seriam publicadas na revista Performance VW e o prazo era apertadíssimo. Tão apertado que Dobbins não teria tempo de ir até o circuito para conhecer o local e definir os pontos onde seriam tiradas as fotos, estudando a luz e a profundidade do ambiente (processo que, em inglês, é chamado de location scouting, ou “reconhecimento da locação”).
Fazer as fotos sem reconhecer o ambiente estava fora de questão. E foi por isso que ele decidiu usar Forza 6 para planejar todas as fotos que faria e, assim, economizar muito, mas muito tempo. Quem já fotografou carros sabe bem: o processo de reconhecer o local e fotografar a mesma cena algumas vezes a fim de montar a melhor imagem pode facilmente tomar uma tarde inteira. Dobbins não tinha este tempo.
Quanto tempo ele tinha? Nada mais que trinta minutos, que foi o tempo que a organização de Lime Rock Park lhe cedeu antes que a pista ficasse lotada de carros para um track day. Não havia tempo a perder.
Conforme ele próprio conta em seu blog, a solução foi divertida: ligar o XBox, escolher um Golf GTI branco com algumas modificações (que se assemelhavam às de seu carro de verdade) e dirigir pela recriação virtual de Lime Rock, definindo ângulos, posições e pontos específicos na pista que, mais tarde, seriam reproduzidos na vida real.
No vídeo abaixo (que também foi planejado em Forza), Dobbins conta um pouco mais a respeito do ensaio, e também mostra algumas cenas dos bastidores. O ensaio levou 20 minutos para ser feito, e nos dez minutos que sobraram, Dobbins e seu amigo Brett Sloan fizeram o vídeo. Isto é que é tirar proveito do tempo que se tem!
Mesmo que as imagens feitas em Forza 6 não tenham ficado idênticas ao serem reproduzidas no ensaio, dá para perceber que elas foram cruciais para agilizar o processo: foi uma questão de levar as imagens virtuais e reproduzir as cenas no circuito de verdade (que tem 2,41 km de extensão, tornando plausível a curta duração do ensaio).
Aliás, pensando bem, usar o modo fotográfico de Forza 6 poderia ter sido útil mesmo se o prazo não estivesse tão apertado. Nos games atuais, os desenvolvedores se dão ao trabalho de reproduzir até mesmo a trajetória do sol e o posicionamento das árvores, postes de iluminação ou quaisquer outros elementos do cenário da forma mais fiel possível. Desta forma, é ter noção de como o ambiente real interferirá na composição das imagens antes mesmo de ir até lá.
Para nós, esta é só mais uma evidência do quanto os games de corrida recentes são sofisticados. Está cada vez mais difícil diferenciar renderizações digitais de fotografias reais. Para Dobbins, foi uma decisão natural usar este realismo a seu favor.
Além disso, ele até que tem um carro bacana, apesar de não curtirmos tanto assim a abordagem stanced. Aliás, o próprio Dobbins admite que jamais pensou que um dia colocaria um kit widebody da Rocket Bunny em seu carro. Só que, no ano passado, ele foi atingido na traseira e decidiu que o Golf todo amassado era o ponto de partida perfeito para um projeto mais radical. No fim das contas, o Golf de Dobbins foi o primeiro a receber um kit da Rocket Bunny no mundo todo.
A carroceria mais larga acomoda rodas Vossen Forged VPS-317 de 19 polegadas, calçadas com pneus Nitto INVO de medidas 285/30 nos quatro cantos. Para Dobbins, seu carro é a mistura perfeita de uma homenagem aos JDM da década de 1990 (e, realmente, há algo mais noventista do que rodas “esfiha”?) com a tradição do design alemão do VW Golf. Para garantir a postura desejada, foi instalado um jogo de amortecedores e molas ajustávels H&R.
O interior também recebeu sua cota de modificações. Não há mais banco traseiro, e uma gaiola de proteção parcial foi instalada em seu lugar. Os bancos dianteiros originais deram lugar a um par de bancos concha Stätus, revestidos em couro bordô, com suporte de alumínio. O volante é um Renown Motorsports 100 Rosso, de cubo rápido. Para nós, o lado de dentro do carro demonstra muito bom gosto.
O motor recebeu preparação básica: reprogramação feita pela United Motorsports (agora, o carro queima etanol E85) e um novo sistema de escape com downpipe, feito sob medida. O diferencial original foi substituído por um Wavetrac com bloqueio eletrônico, e a embreagem é uma Sound Bend Stage 3, mais resistente.
Goste você ou não do carro, é preciso admitir: a ideia foi boa. Não duvidamos que Dobbins adote a técnica para seus próximos ensaios.
Via Jalopnik / Fotos: Sam Dobbins/Flickr/Vossen Wheels