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Este Dodge Viper de 620 cv foi preparado pela “McLaren”. Mas… como?

A McLaren é uma daquelas companhias que têm todos os seus passos vigiados pelos fãs e pela imprensa especializada. Desde que, nos anos 1990, deu ao mundo o lendário McLaren F1, a fabricante britânica tornou-se instantaneamente centro das atenções, e a gente gosta de achar que conhece tudo o que ela fez desde então – de sua volta aos carros de rua como MP4-12C, no já distante 2011, passando pelo incrível P1 com seu absurdo conjunto híbrido de 916 cv, até chegar ao atual McLaren Senna. Nada que a McLaren faz passa despercebido.

Mas a gente aposta que você não sabia (ou não lembrava) que, em meados dos anos 2000, a McLaren prestou seus serviços a uma preparadora americana e fuçou o motor V10 de um Dodge Viper. Meio atípico, não? Parece até pegadinha. E, bem, é mais ou menos este o caso.

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O carro da foto acima é conhecido como Dodge Viper ASC Diamondback, mas geralmente adiciona-se um “McLaren” no fim de seu já longo nome. Isto porque, de fato, uma empresa chamada McLaren Performance Technologies foi responsável pela preparação do motor, sob encomenda de outra companhia, a ASC – de American Specialty Cars. A ASC realizou as outras modificações no carro, que foi exposto durante o Salão de Detroit de 2006, 12 anos atrás. Faz tempo.

Na época, o Dodge Viper que saía da fábrica em Detroit era a terceira geração, que representava a primeira grande atualização no projeto. Desenvolvido pela SRT, o Viper vendido entre 2003 e 2007 tinha um novo design, com linhas mais agressivas e angulosas, inspiradas pelo conceito Dodge Viper GTS-R apresentado em 2000; e uma nova versão do motor V10, com 8,3 litros e 517 cv – um aumento generoso em relação aos 456 cv do motor de oito litros usado pelo modelo anterior.

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A primeira coisa que a American Specialty Cars fez foi aliviar o peso do carro em cerca de 40 kg, instalando nele componentes de fibra de carbono: teto, tampa do porta-malas, para-choque traseiro, saias laterais, spoiler dianteiro e capô – este, com metade do peso da peça original. Eles também deram ao carro uma pintura especial, branca perolizada com detalhes em azul e laranja “McLaren Orange”, deixando algumas partes em fibra de carbono exposta; rodas de 19 polegadas; um sistema de escape com quatro saídas e suspensão cerca de 30 mm mais baixa.

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O interior permaneceu praticamente intocado, com exceção de alguns detalhes que também foram feitos em fibra de carbono e cintos de competição. Aliás, a ideia do projeto era mesmo mostrar a habilidade da ASC na moldagem do material compósito.

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Agora, o que nos interessa é o tal V10 “by McLaren”. O motor, que originalmente era alimentado por um sistema de injeção eletrônica multiponto, saía da fábrica com 517 cv a 5.600 rpm e 73,9 mkgf de torque a 4.200 rpm, moderados por uma caixa manual Tremec T56 de seis marchas. A McLaren Performance Technologies trocou a injeção convencional por um sistema com dez (sim, dez!) corpos de borboleta individuais polidos e, através desta e outras modificações não-divulgadas, levou a potência do V10 aos 623 cv – generosos 106 cv a mais. Informações à imprensa na época diziam que o Viper ASC Diamondback ia de zero a 100 km/h em 3,5 segundos, sendo que o modelo original era capaz de fazê-lo em 3,8 segundos.]

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Agora, o que exatamente a McLaren teve a ver com isto? Para responder a esta pergunta, devemos olhar para o passado. Mais especificamente para a segunda metade anos 60, quando Bruce McLaren saiu da Europa e foi para os EUA competir na Can-Am, o principal campeonato de protótipos-esporte dos Estados Unidos na época. O jovem Bruce já havia demonstrado talento na equipe de Jack Brabham – tanto que em 1959, seu ano de estreia, já conseguiu sua primeira vitória. Mas em 1966 ele decidiu fundar sua própria equipe, a Bruce McLaren Motor Racing. E foi com ela que, além de disputar a Fórmula 1, ele foi até a América do Norte para correr na Can-Am.

A equipe foi o ponto alto da carreira de Bruce McLaren. Para se ter uma ideia, a McLaren venceu cinco das seis corridas da temporada em 1967. Em 1968, foram quatro de seis. E, no ano seguinte, nada menos que onze das onze provas foram vencidas por carros laranja.

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Na época, Bruce McLaren fundou a McLaren Engines, companhia dedicada a preparar os motores V8 Chevrolet dos protótipos. Esta empresa foi a que deu origem à McLaren Performance Technologies – que hoje, apesar de manter o sobrenome de Bruce McLaren, não faz mais parte do grupo. E já não fazia em 2006.

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Então, é uma meia-verdade dizer que o Viper foi preparado pela McLaren que conhecemos e admiramos. Mas ele foi, de fato, preparado por uma companhia chamada McLaren, que foi fundada pelo próprio Bruce McLaren, e que fez motores para os carros da equipe McLaren nos anos 60 — e o Buick GNX dos anos 1980.

Ah, e ele está à venda. Uma concessionária especializada em esportivos e exóticos chamada American Supercars, que fica em Fresno, na Califórnia, está pedindo US$ 295.000 pelo carro – cerca de R$ 1,1 milhão em conversão direta. É mais de três vezes o que se costuma pedir por um Viper da época em bom estado nos EUA, mas… quantos Viper preparados pela “McLaren” você conhece?