À medida que nos aproximamos do fim desta década, os carros dos anos 1990 começam a deixar de ser “velhos” para se tornar “clássicos”, e um belo exemplo disto é o Mercedes-Benz 500SL da geração R129. Não é para menos: era uma questão de tempo até que o mundo percebesse o quão fodástico é um conversível grande, quadradão, de tração traseira e equipado com um V8 de cinco litros e 326 cv.
Só que os caras da , que fica em Fukushima, no Japão — do ladinho do lendário circuito de Ebisu — pensam diferente. Acostumados a preparar carros de drift (e a alugá-los para quem quer dar umas voltas em Ebisu mas não tem um possante à altura), eles simplesmente acharam uma boa ideia colocar o seis-em-linha 2JZ-GTE do Toyota Supra em um 500SL. E não é que o negócio ficou bom?
Não há informações a respeito da história deste carro — quando ou para que ele foi feito. A Power Vehicles só diz que o dono anterior gastou “mais de 8.000.000 de yen” no projeto. Fazendo as contas, são mais de R$ 250 mil em conversão direta e fica até meio difícil de acreditar. De qualquer forma, é só um detalhe.
O que importa mesmo é que a conversão parece ter sido muito bem feita. O carro manteve boa parte de sua aparência original, ainda que as rodas Yokohama AVS Model 5 de os amortecedores Bilstein ajustáveis deixem o 500SL com uma postura bem mais sinistra, com um toque JDM. Os freios Brembo na dianteira (iguais aos usados na Ferrari F50), com discos de 355 mm de diâmetro, também fazem sua parte.
E eles são bem necessários. Veja bem, se o 2JZ fosse mantido original, o ganho de potência seria praticamente nulo — o seis-em-linha da Toyota também entrega pouco mais de 300 cv quando original. Acontece que uma das características mais famosas do motor do Supra é a facilidade com que se consegue extrair potência dele: em uma demonstração do conhecido over-engineering japonês, o 2JZ tem potencial para ganhar ao menos 100 ou 200 cv com novos turbos e outras modificações mais simples, sem precisar ter componentes internos substituídos. Eles aguentam.
Pensando nisso, os caras da Power Vehicles decidiram tornar as coisas um pouco mais divertidas. Trocando os dois turbos originais por um enorme Garrett T51, mais coletor e wastegates HKS, a potência agora fica na ordem dos 600 cv. Além do novo turbocompressor, o motor também ganhou comandos de graduação mais agressiva, bomba de combustível externa Bosch, injetores Sard de maior vazão e módulo Apex com controlador de boost. A transmissão agora é uma Getrag manual de seis marchas.
O interior recebeu um volante Nardi e mostradores TRD no painel de instrumentos, mas a modificação mais interessante são os bancos, que vieram de uma Ferrari F355 — com direito a cavallino rampante nos encostos de cabeça. Além disso, alguns relógios extras também foram adaptados. No mais, porém, o aspecto do interior é bastante original e confortável. A gente não iria se importar em passar algumas horas acelerando este cara.
Os caras do Speedhunters puderam fazê-lo no início do ano passado e, de acordo com eles, o 500SL com motor 2JZ mudou completamente de personalidade: se antes ele era um grand tourer confortável e potente, agora é uma máquina selvagem e raivosa, com muito mais vontade de devorar curvas de lado.
A gente acredita. E isto até nos deixa meio tristes porque a Power Vehicles está vendendo o carro que, fabricado em 1991, ainda não pode entrar legalmente no Brasil. Se pudesse, contudo, você teria que gastar 2,27 milhões de yen (o equivalente a cerca de R$ 72 mil) por ele. Se você quiser este 500SL e esperar mais alguns anos para trazê-lo, só podemos te dar todo apoio moral. É só nos chamar para dar uma volta.